terça-feira, 9 de julho de 2013

O campo institucional se revela por inteiro

Se há algo que me incomoda é a insistência das análises institucionalistas que desconsideram que qualquer instituição precisa ter legitimidade para se manter em pé. O discurso começa com um tom mais grave, que aparenta responsabilidade para, em seguida, adotar um tom de ameaça e sugerir que tudo o que revisar com profundidade pode ser revelar aventura, colocando em risco a.... aí começam a gaguejar.
Aparentemente, voltamos ao rame-rame do jogo entre situação e oposição, tendo o PT e o PSDB novamente como atores centrais. Aparentemente. PMDB, PDT, PTB, PP fazem o coro dos descontentes, mas não avançam um milímetro na construção do país. São transparentes nas suas ambições, num declarado egoísmo que vai muito além de mera estratégia de sobrevivência. Estão no cômodo lugar dos coadjuvantes. O DEM parece que também se acomodou na situação de escada dos tucanos. Nem substitutos aspiram ser.
Tudo pode ser enfeixado com um belo laço negro. A aparência de retorno das elites de sempre não passa de uma foto do passado. Aliás, por conta da crise permanente de legitimidade das instituições políticas, o envelhecimento precoce parece uma marca constante do sistema partidário. Sem presença no trono do poder, partidos mudam de nome, se fundem, se arrastam, sentem-se ameaçados. Alguns pragmáticos dirão: "mas a vocação de um partido é o poder!". Mas esta não é exatamente a definição da existência de partidos modernos. Basta ler os clássicos. Para citar um: Umberto Cerroni afirmava que um partido moderno só amadurece como tal quando relacionar política à cultura, forjando uma visão de mundo. Não exatamente a chegada ao poder, mas a própria construção dos parâmetros e lógica do poder. Acredito que dificilmente um político tupiniquim consiga sequer compreender o que Cerroni sugeriu.
O que parece evidente é a corrosão da parca legitimidade de todo sistema partidário brasileiro. As vozes que pareciam mais lúcidas foram rapidamente abafadas. Pior, fica a impressão de certa excitação da oposição com a queda de popularidade do governo federal. Ora, será que não entendem que fazem parte de toda ruína política do país?
Interessante como instituições em frangalhos não conseguem se conectar com os sinais mais nítidos dos cidadãos que deveriam alimentá-las.
Numa frase: se as oposições não entenderam, vivemos uma situação mais próxima da emergência de um líder carismático, um outsider que pode nos levar à mais uma aventura, que a sua emergência como esteio da estabilidade política. Deveriam se repensar, ao invés de se apresentarem como aves de rapina. Miram no governo e não percebem que o alvo são elas mesmas.
Este seria um bom momento para nós, cientistas políticos, auxiliarmos a repensar toda institucionalidade política. Mas teríamos que trocar o bom-mocismo pela ousadia, o conservadorismo latente das inspirações oriundas de Chicago pela releitura dos clássicos da sociologia, todos europeus, por sinal.

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