Parecia que havia retomado o controle político. Algo inusitado, já que o problema mais agudo do governo Dilma é sua inabilidade política. Seu melhor atributo é gerencial. No campo político, não costura, não negocia, não arma blindagens, não sabe jogar para inibir pleitos ou evitar bravatas (comum no cotidiano político).
A proposta de plebiscito e constituinte exclusiva recolocou o governo federal no centro do embate político. Não se tratava de proposta técnica, mas de redefinição da agenda nacional, em resposta à ofensiva das ruas. Conseguiu. Quem acompanhou o que ocorria nos dias seguintes à reunião da Presidente com governadores e prefeitos das capitais percebeu que oposição, situação, organizações populares e até manifestantes foram atraídos por esta nova agenda.
Quando se está no centro do ringue, é comum ser abordado por vários lados, com o oponente saltitando à sua frente. Recuar o leva novamente às cordas. Isto ocorre em quase todos esportes individuais. Ao subir à rede, o tenista não terá volta. O caminho seria continuar na ofensiva, detalhando as duas propostas rapidamente, corrigindo erros técnicos ou excessos discursivos.
Mas a política não é a praia da Presidente. Caiu na rede. Convidou a oposição para negociar e se perdeu ao tratar uma agenda política como tese de doutorado.
A fragilidade está exposta.
O problema é que, agora, o governo não está acompanhado do restante do sistema político. Desta vez, seus problemas foram causados pelo seu próprio DNA.
Será preciso energia e convicção para retomar o centro do ringue.
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