O título desta nota é enganoso, já alerto de cara. Não se trata apenas de Dilma, mas de todos governantes (e imagino que também os dirigentes partidários). As manifestações de junho parece que abriram a comporta de algo que estava latente há tempos. Já afirmei várias vezes que o boato do fim do bolsa família revelou a fragilidade da base de apoio do governo federal.
Mas os dados do IBOPE da semana passada confirmaram o degelo de índices estranhos de alta popularidade da Presidente da República. Estranhos porque não havia efetivamente nada que ela teria criado para aumentar os índices do ex-Presidente Lula.
Enfim, há algo a ser melhor analisado a respeito dos índices de aprovação e avaliação que indicam que survey não é a melhor metodologia a ser adotada em momentos de alta volatilidade das opiniões. É bem provável que pesquisas qualitativas (grupos focais, por exemplo) tivessem capturado este santo do pau oco.
A questão é: este degelo formará ondas de desmontagem de toda estrutura de representação formal do país? O apoio dos consumidores emergentes, focado na manutenção do consumo, se revelará tão pragmático que dará lugar ao desencanto em 2014?
Tudo parece levar a crer que teremos uma avalanche de votos nulos e brancos. O movimento será irresistível e poderá tragar Marina e toda oposição. Em suma: se o voto de protesto não for endereçado para os candidatos oposicionistas (e for descarregado nos votos brancos ou anulados), a Presidente Dilma poderá se reeleger até com certa facilidade. Mas será mais um espectro que um eleito.
Em Tempo: Estive esses dias fora do ar, em consultorias e viagens intermináveis. Espero retomar meu blog com a frequência de sempre a partir de hoje.
3 comentários:
Por falar em sucessão, quando teremos o privilégio de uma análise sobre o ministro Joaquim Barbosa e sua pretensa candidatura em 2014?
Prefeitura ocupada, e vc tomou "doril" de novo?
kkkk
Caro Rudá,
Acompanho seu blog há algum tempo e gostaria de acrescentar à sua análise dois pontos:
i. O cenário de desencanto com a política favorece Dilma eleitoralmente também pelo excesso de candidatos de oposição. Em algum momento Marina, Eduardo Campos e Aécio (pelo menos) terão que disputar entre si quem irá para um segundo turno, o que enfraquecerá os três.
ii. O cenário também favorece o aparecimento de aventureiros e candidatos que apareçam apenas para marcar posição. Não sei se chegaremos a ter uma situação igual a 1989, com um Silvio Santos aparecendo como candidato, mas é uma possibilidade.
Um abraço
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