O blog do Josias publica, hoje, uma interessante análise sobre como o campo institucional da política tupiniquim se desorganizou com as manifestações de rua. Reproduzo a parte final da análise:
Tudo aconteceu muito rapidamente, em ritmo de truque cinematográfico. Começou em 13 de junho de 2013. Nesse dia, enquanto o asfalto fervia em São Paulo, Lula e Dilma Rousseff estavam em Curitiba. Participavam de mais um daqueles seminários organizados pelo PT para festejar seus dez anos no poder. Falavam de uma felicidade que se revelaria ficcional.
A certa altura, Lula usou a popularidade de Dilma como mote para divertir a plateia de militantes. “Se não tomar cuidado, a baixinha vai passar dos 100%. E não pode, só pode até 100”. Dali a 15 dias, o Datafolha informaria que a taxa de aprovação de Dilma seguia noutra direção, despencando 27 pontos –de 57% para 30%. Medida em intenções de voto, a “baixinha” foi lopoaspirada de 51% para 30%.
Dissolvidas todas as suas certezas, o PT agora queima os miolos para retirar das cinzas um discurso novo. O partido começa a se dar conta de que quem ele era há três semanas não estava preparado para o sucesso absoluto. O mensalão já havia aniquilado o que parecia ser a maior virtude da legenda: a presunção da superioridade moral. As ruas informam que a corrupção dos meios não assegurou os fins.
A oposição agora já se opõe. Mas comete um erro capital: gasta 100% do seu tempo falando mal de Dilma e Cia.. Para entrar no jogo, gente como Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) precisa levar à mesa pelo menos 300 gramas de ideias. Um jovem manifestante pode gritar na rua que o que está aí não presta. Um político oposicionista tem a obrigação de dizer o que oferece para colocar no lugar.
É contra esse pano de fundo que Marina Silva alcançou no último Datafolha 23% das intenções de voto. Está seis pontos à frente de Aécio (17%), o terceiro colocado. Como política não orna com vazio, Marina ocupa o espaço. Se facilitarem, ela pode dar trabalho.
O debate sobre reforma política deu a Brasília uma aparência de parafuso espanado. A Capital roda a esmo. A rapaziada grita “saúde” e “educação”. E ouve “plebiscito” como resposta. Para tirar 2014 do buraco, a política teria de produzir um milagre. O diabo é que lhe falta matéria prima.
A saída exigiria, em primeiro lugar, um plano de ação patriótico. A partir daí, bastaria obter o apoio generoso do empresariado, a cooperação desinteressada dos partidos políticos, a prisão dos corruptos conhecidos e dos não tão conhecidos, além da demonstração de que o povo se dispõe a esperar mais uma década para que os resultados comecem a aparecer. Tudo muito simples, como se vê.
2 comentários:
Francamente, este texto do Josias é bem fraco: a demagogia recorrente da mídia em desqualificar um plebiscito como saída para a reforma política -- como alguém pode ser contra ser ouvido, ter o direito de manifestar a própria opinião? -- é tão ridícula quanto as idas e vindas dos jornalões, os quais perderam o rumo há muito tempo.
P.S.: O que haveria de ser "plano de ação patriótico"?
Plano de ação patriótico? Vou pro Uruguai, se der tempo.
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