quarta-feira, 4 de maio de 2011

Senado aprova ampliação da jornada escolar


O projeto deve passar, ainda, pela Câmara Federal e pela sanção da Presidência da República. Mas o Senado parovou a ampliação das 800 horas anuais (definidas na LDBEn) para 960 horas. Também aprovou a exigência de 75% para 80% de frequência dos alunos do ensino básico para serem aprovados (na prática, significa que os alunos terão que assistir um mínimo de 768 horas/ano de atividades educativas.
Esta decisão acaba por dar mais um passo na direção da implantação nacional da escola em tempo integral. E pode superar esta equivocada noção que língua portuguesa e matemática são básicas para a formação dos alunos. Este pragmatismo reducionista da inteligência humana (e seu desenvolvimento) não resistirá a uma carga horária ampliada. Felizmente, música, esporte, atividades sociais, teatro, xadrez, entre outras, terão que ser incluídas na programação curricular.
Só espero que pensem em tempo de planejamento coletivo. Professor não pode ser contratado para apenas dar aulas. Precisa pesquisas (seus alunos e suas famílias, inclusive) e formular ações integradas entre várias disciplinas.

5 comentários:

AF Sturt Silva disse...

Aumentar a carga horária e não mexer em outras questões como a questão do professor e tapar o sol com a peneira.

Planeta Laranja disse...

Isso é uma má notícia. Sempre achei que o critério para um bom currículo escolar estava na distribuição dos assuntos a serem dados e não por carga horária. Querem transformar a vida escolar num "mini-emprego".

Eu já acho que o horário do emprego deveria ser subordinado a suas atividades para não acontecer como foi satirizado em "Os Aspones", com funcionários sem fazer nada só para cumprir horário.

É um retrocesso usar carga horária para estabelecer limites para atividades. O tempo vai mostrar que isso foi um gigantesco erro, que fará com que a criança não tenha tempo para ela mesma.

Uma incoerência para um sistema que diz que menor não pode trabalhar. O que é isso senão uma espécie de "emprego-júnior"? E pior: sem remuneração.

Fran disse...

A LDB/96 estabelece que a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social, constituindo-a como um dever da família e do Estado. Prevê, ainda, que a finalidade principal da educação é proporcionar o pleno desenvolvimento do educando, prepará-lo para o exercício da cidadania e qualificá-lo para o mundo do trabalho.

A escola tem conseguido cumprir suas funções na atualidade? Qual o papel da educação para a transformação da sociedade?
Que formação a sociedade atual "exige" das pessoas?
Que formação as pessoas precisam, não apenas para atuar no mercado, mas para a prática social, para entendimento de si e do outro, enfim, para interação nas diversas esferas sociais?
Essas questões sempre passam pela minha cabeça quando penso no sistema de ensino atual,nas condições de trabalho dos professores e outros profissionais, nas exigências do mercado, nas condições de vida de crianças e adolescentes.
Certamente não problematizar essas questões, confrontando com a realidade escolar, e buscar alternativas e não apenas retórica é primordial para gestar mudanças efetivas no ensino público do Brasil.
A escola em tempo integral se apresenta enquanto proposta pedagógica, como possibilidade para opor-se ao do reducionismo da compartimentalização das disciplinas e saberes. Quando se fala em ampliação da jornada escolar, não se está falando meramente em passar mais horas na escola, como se ela fosse "sugar" as forças e explorar as massas como nas jornadas de trabalho. Está se falando em outra lógica de ensino, que privilegia as artes, o esporte, a cultura, atividades sociais como primordiais para a formação humana, e tão urgentes numa sociedade industrial que preza pelo pragmatismo e induz muitas vezes a vivências superficiais.
É claro que o salário, as condições e carga horária de trabalho têm que ser discutidos. É claro que precisa-se de formação continuada e planejamento coletivo. Portanto, essas questões também devem ser exigidas nessa pauta de discussão para que se busque soluções.
A escola atual não tem conseguido cumprir as exigências demandadas pela sociedade. Isso é uma realidade.

Maria José Speglich disse...

Senadores e políicos em geral não sabem a realidade das escolas, exceto pelo que interpretam do que leem. é mais um "quebra galho" que não surtirá grandes efeitos a não ser em aumentar o número de aulas para professores.

Renato disse...

Impressionante como as medidas destes desocupados sempre são só medidas para aparecer e intensificar mais ainda o trabalho do professor.
Porque não se preocupam em melhorar as verbas e as condições de trabalho e de educação na escola???
Esta medida não tem nada haver com escola de tempo integral, é só mais uma no rol daquelas tantas para novamente jogar nos ombros do professor a responsabilidade de tudo que ocorre nas escolas.