sábado, 15 de janeiro de 2011
Sistema partidário em frangalhos aumenta disputa na base aliada
A situação é clássica na política: quando o sistema partidário fica enfraquecido (em regimes de partido único ou sistema partidário monopolizado pelo Executivo) as disputas entre grupos se transferem para a base governista. E é o que acontece neste momento. Uma boa entrevista com o cientista político Fabiano Santos (publicada na Folha de SPaulo de hoje, página A6) sugere exatamente isto. Para Fabiano, PT e PMDB "viverão uma relação tensa, mas precisam um do outro (...). Se Dilma fracassar será ruim para os dois". Para o cientista político, não foi apenas a oposição que encolheu, mas também o que denomina de partidos clientelistas de centro-direita (cita PR, PP e PTB).
O mesmo ocorre em MG. O jornal Hoje em Dia publicou, hoje, como a "base aliada de Marcio Lacerda" vem soltando farpas - e algo mais que farpas - para conquistar mais espaço no governo municipal. A situação, obviamente, é distinta da motivação da disputa entre partidos governistas da base aliada de Dilma Rousseff. Pelo PT, Fernando Pimentel, Virgílio Guimarães, Miguel Correa e Reginaldo Lopes se debatem para manter suas cadeiras no governo local. Roberto Carvalho, o vice petista de Marcio Lacerda, afirma que todos que possuem base em Belo Horizonte serão mantidos no governo. Poderia ser mais claro e utópico? O critério de governo é ter base política? Só isso? Pelo PSDB, Nárcio Rodrigues e o vereador Henrique Braga (líder do partido na Câmara Municipal) procuram ampliar a participação no governo. Correndo por fora, PMDB, PPS e PV se articulam para indicar outros nomes que estariam "a disposição".
Esta confusão que o "presidencialismo de coalizão" gera, diluindo ainda mais a frágil formulação programática e identidade de nossos partidos, ajuda na captura de votos. Mas dificulta no gerenciamento do governo. E exige mais atenção dos analistas. Não basta ouvir o discurso oficial porque ele é demasiadamente uniforme e encobre o jogo de sombras.
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