O Brasil vive, no que tange às reivindicações coletivas, um deslocamento (ainda que lento) temático, como ocorreu na Europa. Das demandas materiais, primárias (alimento, moradia, e assim por diante), para as demandas pós-materialistas (meio ambiente, qualidade de vida, acesso à cultura, entre outras). Tese de mestrado de Diana Ramos indica esta mudança lenta. “Os movimentos sociais que lutam por moradia no centro paulistano mudaram o foco de atuação. Eles não querem mais apenas imóveis para viver, mas também acesso à infraestrutura da cidade, diz a arquiteta Diana Helene Ramos, em tese de mestrado defendida na Universidade de São Paulo (USP). A autora denomina de luta pelo "direito à cidade". Este conceito foi construído nos anos 1970 por Inglehart e, depois, Touraine, que se relacionavam com formas diretas de ação política e demanda por mudanças paulatinas na sociabilidade e na cultura, a serem logradas pela persuasão, superando a lógica tradicional de revolução armada oriundas do ideário clássico marxista. Algo que devemos perceber com mais nitidez nas próximas duas décadas, com a emergência de lideranças sociais filhas da nova classe C.
As dicas de leitura sobre o conceito são:
Inglehart , R. 1971. “The silent revolution in post-industrial societies”. American Political Science Review, no 65.
Touraine, A. 1989b. “Os novos conflitos sociais. Para evitar mal-entendidos”. Lua Nova, no 17, junho, pp. 5-18.
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