sábado, 3 de outubro de 2009

A situação do sindicalismo brasileiro


Participei de uma mesa, hoje pela manhã, onde fizemos um balanço do sindicalismo. Fui convidado para falar como representante dos movimentos socias (não sindicais, digamos). Estive na mesa com o presidente da CUT MG e com a coordenadora do Sindute e dirigente da CNTE (confederação nacional dos trabalhadores da educação).
Para expor, fiz um breve levantamento sobre a situação do sindicalismo brasileiro. Vou reproduzir aqui alguns dados:

1) O número de trabalhadores filiados a sindicatos no país cresceu 13% de abril a dezembro do ano passado, passando de 4,285 milhões para 4,838 milhões. Segundo o último levantamento do Ministério do Trabalho (MTE), 553.362 trabalhadores se associaram a entidades sindicais nesse período de apenas oito meses. A expansão da sindicalização é reflexo, sobretudo, do aumento no número de empregos com carteira assinada — 1,452 milhão de vagas foram abertas no Brasil em 2008. “

2) Os sindicalizados representam 25% do total de trabalhadores PEA.

3) No levantamento do ministério, o número de sindicatos independentes (sem filiação) caiu no período avaliado — de 4.170 para 3.675. Só a CUT (Central Única dos Trabalhadores) teve sob sua representatividade 244 mil novos trabalhadores filiados, além de 54 sindicatos a mais. Com a Força Sindical, ocorre o fenômeno inverso — uma adesão mais expressiva de entidades (206) do que de trabalhadores (105,5 mil).

4) Os setores de educação e saúde apresentam um porcentual de sindicalizados muito superior ao registrado na indústria e no comércio. O porcentual de sindicalizados foi maior no grupamento da educação, saúde e serviços sociais (28,6%, no início desta década), vindo em seguida a da administração pública (26,1%). A indústria chega bem atrás, com 20,3% e o comércio, com 10,3%.


Contudo, há problemas. Citei os que grande parte dos movimentos sociais e redes destacam em relação ao sindicalismo de trabalhadores do país:

1. Partidarização. No Brasil cada central está nitidamente vinculada a um partido. Na Europa, a vitória dos socialistas em Portugal e da social-democracia alemã está intimamente vinculada à retomada da organização sindical em seus países;

2. Fortalecimento do neo-corporativismo, chegando a confundir a pauta das centrais com a do governo. O governo federal torna-se o principal interlocutor das centrais, tal como ocorria com as confederações no período pré-golpe militar.

3. Cupulismo (centrais sindicais assumem negociações em detrimento dos sindicatos, como estava previsto na reforma sindical) e dependência governamental;

4. Consequentemente, abandono da organização no local de trabalho, aumentando o divórcio entre a linguagem dos dirigentes e o da base sindical.

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