sábado, 24 de outubro de 2009

Fim do celibato na igreja católica?

O Papa anunciou, na semana passada, que padres casados da Igreja Episcopal Anglicana poderão fazer parte de sua estrutura organizacional. Abriu a senha para que a discussão que até agora não era tocada em público se tornar um tema geral, de católicos ou não. O documento referência tem nome: Constituição Apostólica, que libera padres anglicanos e seminaristas. Estima-se que contemplará ao redor de 500 mil anglicanos (menos de 10% do total de devotos anglicanos). Não se trata da primeira lufada inovadora dos anglicanos; em 2003, Gene Robinson foi nomeado bispo em New Hampshire (EUA). Robinson é assumidamente gay. E inovam ainda mais: apóiam uso de métodos de controle da natalidade e defendem pesquisas com células-tronco. A base do discurso é a defesa da vida, afirmam seus líderes e fiéis.
É a ponta do iceberg.
Participei, recentemente, de um debate na televisão em que discutíamos a função social do padre, durante a semana em que a Igreja Católica homenageia seus sacerdotes. O psicólogo William Castilho Pereira me acompanhou nesta empreitada. E apresentou um argumento dos mais polêmicos e urgentes para a Igreja Católica: o padre estaria preparado para suportar o que na psicanálise denomina-se de transferência? Ele insistia que como psicólogo trabalhou e se preparou anos a fio para saber lidar com turbulências emocionais daqueles que o procuram. Na caminhada pela busca da paz interior, o analisado chega a odiar e, não raro, se apaixonar pelo profissional que o atende. E o padre? Teria preparo profissional para esta tentação?
Obviamente que sua pergunta foi uma dentre tantas que ficou no ar.

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