sábado, 10 de outubro de 2009
Lideranças sociais e representação no Brasil de hoje
Esta história do afastamento do MST em relação ao governo Lula é mais que sintomático de um novo país. O MST parou nos anos 80. Assim como várias outras lideranças (incluindo as sindicais). Há duas modalidades: os que perderam a leitura do país (caso do MST) e os que perderam a relação com a sua base social (caso do sindicalismo).
O fato é que os anos 90 foram dedicados à institucionalização de direitos constitucionais e afastamento gradativo da base social. Ficamos com lideranças descoladas e com baixa representatividade.
As ongs brasileiras e alguns fóruns e redes tentam dar a guinada para o século XXI e ampliam sua elaboração. Mas muitos movimentos sociais e centrais sindicais emperraram: pró ou contra governo, o que é uma falsa questão. Sindicatos e movimentos sociais não devem tomar partido por um governo. Sua questão é outra: luta pela ampliação de direitos e controle social. Sem perceber, a partidarização vai empurrando tais lideranças para um caminho que os distancia rapidamente da base social. Não conseguem acompanhar as mudanças aceleradas pelas quais o país atravessa.
O mundo rural vem se alterando aceleradamente. Mas o MST fala de um resquício social, cada vez menor. Com o bolsa família, a situação se agrava ainda mais para o MST. No caso do sindicalismo, o mesmo, pelo lado contrário. A base social mais importante do sindicalismo passou a ser o funcionalismo público. Mas há um fosso imenso entre as rendas do funcionalismo público. Basta comparar os salários médios de professores e de auditores-fiscais, por exemplo.
Mas o sindicalismo acaba por colocar tudo no mesmo balaio, desconhecendo realidades sociais e ideários absolutamente distintos de suas bases sociais. Falar em sindicalismo de trabalhadores para quem recebe 15 mil reais mensais (Classe A) não tem muito sentido. No caso de educadores da rede pública, há casos de professoras que recebem mais de 1.000 reais mensais, mas como são arrimo de família, são Classe D.
Para uma leitura marxista meio ligeira, todos seriam considerados trabalhadores. Mas para uma análise weberiana, os agrupamentos (ou classes) seriam muito distintos porque os interesses seriam outros.
Enfim, o país muda seu perfil e muitas lideranças dos anos 80 não conseguem compreender como devem se localizar neste novo país.
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