sábado, 10 de outubro de 2009

Lula critica duramente o MST


Agora foi a vez de Lula, o que demonstra que o governo está reagindo à oposição do MST. O distanciamento já estava em curso e se esboçou durante o mensalão. Houve grande disputa para preenchimento dos cargos no INCRA. Depois, no MDA. Finalmente, com o anúncio da substituição da distribuição de cestas básicas em acampamentos pelo cartão do bolsa família, a tensão aumentou.
O fato é que o governo Lula não defende a reforma agrária como mudança do modelo de desenvolvimento. Substituiu pelos territórios de identidade. Todos especialistas no tema diagnosticaram esta mudança de agenda. E não deixa de ser irônico que os conservadores do país nem querem acreditar nesta mudança. Para aqueles que acham que é um recuo apenas tático, sugiro a leitura dos textos de José Graziano da Silva, que foi o mentor do programa agrário de Lula e ex-ministro do Fome Zero, sobre a falência da agenda da reforma agrária no Brasil em termos econômicos. Graziano escreveu claramente a respeito a partir de 1985, desde o artigo "Qual reforma agrária?", publicado na revista da ABRA (Associação Brasileira de Reforma Agrária). Defendia a reforma agrária como solução social e não mais econômica. Este é o foco de Lula, mas só não vê quem não quer.
Lula classificou ontem de "vandalismo" a destruição de pés de laranja por integrantes do MST na fazenda da Cutrale em Iaras (SP) e disse que os sem-terra poderão sofrer punições. Textualmente:
"Todo mundo sabe que eu sou defensor das lutas sociais, das lutas que o povo manifesta pelo Brasil inteiro. Agora, entre uma manifestação reivindicando alguma coisa e aquela cena de vandalismo na TV, obviamente que eu não posso concordar com aquilo".
Ontem, o ministro Tarso Genro (Justiça) comparou os sem-terra aos integrantes do grupo Opportunity, de Daniel Dantas: "A lei é feita para todos de maneira indistinta. É feita para o pessoal do Opportunity, para pessoas de classe média e para camponeses e operários que cometem ações ilegais que violentam o direito dos outros". Tarso também acusou o MST de "vandalismo": "Não se trata de falar do movimento porque incriminação in abstrata [imputar ao coletivo o crime cometido por alguém] não é prevista no direito brasileiro. Mas as pessoas que cometeram aquilo, seja em nome do MST ou de quem for, têm de responder, têm de ressarcir e têm de pagar".

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