sábado, 5 de setembro de 2009

Lula e Democracia


Comecei a estudar o Dicionário Lula, elaborado por Ali Kamel (Editora Nova Fronteira). Foi elaborado a partir de discursos improvisados de Lula, o que possibilita uma visão mais geral de seu ideário. Foquei, de início, o conceito de democracia. Queria compreender se a democracia participativa entra em seu ideário. Não entra. O que sobressai é o pragmatismo popular brasileiro: o importante é o acesso a bens e condições básicas de vida. Vejamos alguns discursos:

Em 13/02/03, na abertura da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social:
"A democracia definitiva só irá acontecer quando, neste país, nós soubermos que todos (...) tenham tido acesso às coisas elementares que todo ser humano deva ter: odireito de trabalhar; o direito de ter acesso á saúde; o direito de tomar café, almoçar e jantar todo santo dia"

Em 6/5/08, inauguração de obra do PAC e em 17/6/03, em Pelotas:
"A alternância do poder é importante"
" Essa é a coisa extraordinária da democracia e do pluralismo: é cada um acreditar em uma coisa e estabelecer fóruns para discuti-las e aprová-las"

Em 31/1/07, em Suape:
"E para ser incluído nessa tal de democracia, não basta garantir ao povo o direito de gritar que está com fome; é preciso garantir ao povo o direito de trabalhar, de comer, de estudar e de ter acesso a todas as riquezas produzidas neste país".

Enfim, trata-se de uma hierarquia conceitual: não basta reivindicar, tem que ter acesso a bens básicos. Parece correto à primeira vista. Afinal, toda ação pública e política deve gerar um resultado concreto. Correto, mas insuficiente. Lula subestima (ou subordina) o método de participação ao resultado, o que aumenta a iniciativa governamental e do gestor. A dimensão pedagógica da ação política e governamental aparece subordinada à urgência.

Nenhum comentário: