sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Trabalho Infantil e MST


Hoje, mais uma vez, enfrentei uma difícil discussão com dirigentes do MST. Eles consideram que o trabalho infantil carrega um elemento pedagógico, de formação humana. Avaliam que o equívoco é exploração da criança.
O problema é o conceito de formação humana, que conflita com esta noção do MST. Em outras palavras, a pré-infância e infância são marcadas pela passagem da heteronomia para a autonomia. Além disto, compreende uma dimensão importante da para-lógica (ou seja, a construção de mundos imaginários e reais que se cruzam e que serão muito importantes na formação da liberdade criativa, artística e na noção de utopia, que move a humanidade). Por este motivo, a brincadeira é o elemento central de aprendizagem neste processo. Roubar o tempo de brincadeira pelo trabalho é "adultizar" as crianças. Mas o MST não pensa assim. E, por este motivo, os sem-terrinhas gritam palavras de ordem de adultos, sem compreender a dimensão do que gritam. Em suma, desconsideram que a autonomia só se consolida a partir dos 11 anos de idade. Um erro dos mais graves, porque pode fazer uma criança repetir o adulto em busca de seu reconhecimento, mesmo sem compreender de fato o que faz.

O fato é que após este debate, leio que o Brasil aparece com 13 setores da economia em que há trabalho forçado e/ou infantil em um relatório do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos divulgado hoje. O documento lista 122 produtos de 58 países cuja produção é realizada por meio de trabalho infantil, trabalho forçado ou ambos. O Ministério das Relações Exteriores brasileiro disse que "não reconhece a legitimidade" do relatório.
Segundo o documento, no Brasil, há trabalho infantil na produção de tijolos, cerâmica, algodão, calçados, mandioca, abacaxi, arroz, sisal e tabaco. Nos setores de gado e carvão além de haver trabalho infantil, ele é forçado. Já nos setores de cana-de-açúcar e madeira, os americanos detectaram a presença de trabalho forçado de mão-de-obra adulta.
O Brasil é um dos que têm mais produtos na lista, com 13 bens, atrás apenas da Índia (19) e Mianmar (14), e empatado com Bangladesh. Atrás do Brasil estão a China (12), as Filipinas (12), a Argentina (11) e o México (11). Apesar disso, o relatório esclarece que "alguns países com muitos produtos na lista podem não ter os problemas mais sérios em trabalho infantil e forçado", pois, com freqüência, "estes são os países que adotaram uma posição mais aberta sobre o problema, têm mais dados e permitiram a divulgação de informações sobre ele".

Que tal? Perceberam que vários segmentos são primários?

Um comentário:

AngelMira disse...

Que coisa esquisita, jamais poderia imaginar uma coisa dessas...