domingo, 13 de setembro de 2009
O circuito mental para elaboração de grade curricular
Nas consultorias que realizamos para montagem de estruturas curriculares municipais, vai ficando cada vez mais nítido o quanto existe uma estrutura mental consolidada para elaboração da famosa grade curricular (a grade horária, assim denominada nas redes de ensino).
A estrutura nasce das demandas das escolas (que, quase sempre, estão vinculadas ás garantias de atribuição de aulas para os professores regentes) e conteúdos mínimos exigidos (este "exigidos" nunca é bem explicado sobre a origem da exigência, já que a legislação brasileira não define mínimos nas disciplinas tradicionais, como português e matemática). A partir daí são alinhadas as disciplinas e, se há alguma inovação, oficinas ou atividades de reforço. O passo seguinte é a famosa grade horária.
Ora, tal estrutura mental é absolutamente conservadora. Já sabemos o resultado final antes da grade ser elaborada. Português e Matemática terão predominância.
O correto seria iniciar pelo diagnóstico pedagógico e objetivos pedagógicos da rede de ensino. Depois, reordená-los a partir de eixos estruturadores (que articulem as disciplinas em áreas temáticas com objetivos pedagógicos nítidos) e níveis de desenvolvimento, procurando definir vasos comunicantes entre séries ou ciclos. Somente a partir daí poderiam ser desenhadas as orientações de distribuição de tempos (aulas, projetos, oficinas etc) e espaços necessários. A grade teria, necessariamente, que ter lacunas para que as escolas façam arranjos que dialoguem com as características e exigências de suas turmas de alunos.
Este protocolo não é pensado nem mesmo pelos gestores educacionais, que ultimamente só pensam em controle através dos parcos indicadores de desempenho (as velhas notas e dados quantitativos que apenas sinalizam onde os alunos estão, mas não como chegaram até lá).
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