China continua sendo o maior importador de produtos mineiros (26% do total). Mas, no resto, o cenário das exportações de MG é de queda acentuada. Em junho, queda de 29,8% das exportações (a queda do país foi de 22%); em julho foi de 40,5% (a nacional foi de 30,8%), em agosto foi de 36,6% (a nacional foi de 30%).
O segmento campeão em quedas nas suas exportações foi o laticínios (menos 66,7%), seguido por metalúrgico (54,4% a menos) e têxteis (menos 49,4%).
Fármacos (aumento de 213%) e complexo soja (aumento de 116%) salvaram o Estado das montanhas.
As exportações mineiras em agosto totalizaram 1,63 bilhão de dólares e as importações ficaram em 707 milhões de dólares.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Jabuti
terça-feira, 29 de setembro de 2009
As instituições têm futuro?
A pesquisa (ver nota mais abaixo) sobre perfil dos jovens deixa a dúvida sobre o futuro das instituições. A pesquisa parece conferir uma nova estrutura mental dos jovens até 25 anos, plenamente impactada pela lógica individualizante da internet. Melhor que individualizante... em rede, sem hierarquia.
Nas feiras do SEBRAE, a Google está oferecendo brindes para as crianças. E agora está enviando emails sugerindo que que gestores e quadros de governo façam cursos para uso de suas ferramentas. Já postei uma nota sobre o BING, que ajudará a articular escolhas do internauta (como escolher um roteiro de viagem, por exemplo).
Sem hierarquia ou definição de normas, o internauta jovem desconhece uma autoridade pública. Richard Sennett chegou a definir esta construção mental da autoridade que ocorre quando uma criança brinca de teatro. Ao ficar triste com a morte do ator que representa um Rei, a criança entra neste mundo da representação, do sentimento transferido para uma representação, base da construção da autoridade, da síntese das relações e desejos que é a autoridade. Mas o mundo da internet não é este. A representação é tudo ou nada. Sou eu. Eu posso me esconder num personagem, sabendo que o outro também se esconde. Mas não há transferência alguma, nenhuma empatia de fato. É um jogo definido por mim, exclusivamente.
Daí, como sociólogo, penso se há futuro para as instituições. Seriam estruturas sociais pretéritas? Fadadas á fragmentação de redes? Ou estariam caminhando para uma mutação em alta velocidade, algo que nenhum clássico da sociologia ousou imaginar?
Uma instituição é guardiã da moral societária e deve estar colada nos valores e regras em uso, legitimadas socialmente. Mas sem hierarquia e autoridade legitimadas, como se manteriam?
As redes (structural holes), com conexões múltiplas e variáveis, seriam a nova quase-estrutura que cimentaria as relações?
Neste caso, estaríamos caminhando para comunidades flutuantes, dinâmicas, sem ponto fixo? O conceito de sociedade, como conhecemos no mundo moderno, cairia em desuso?
Este mundo dos internautas nativos (como alguns denominam os que nasceram na Era da Internet) é algo estranho para um sociólogo que nasceu nos anos 60.
Ricupero: a crítica mais consistente
Rubens Ricupero fez a crítica mais consistente, até o momento, á postura da diplomacia brasileira em Honduras. Afirmou que se o governo não reconhece o governo de Honduras, não pode manter a embaixada. Textualmente:
“Você só pode ter embaixada no país, com todas as garantias e imunidade, se você tem relações com o governo. O lógico é fechar a embaixada e retirar os diplomatas. Mantê-la aberta em um país, recebendo serviços de água, luz e telefone, cujo governo você não reconhece, é uma situação esdrúxula e só pode ser interpretada como medida de pressão. É como se o governo de fato estivesse diante de um grupo de estrangeiros sem visto”
Mas reconhece que o Brasil assumiu a mesma postura que os EUA sempre adotaram na região.
Aqui temos mais um jogo de xadrez: ou interpretamos a situação pela via estrita da lógica diplomática, ou pela lógica da geopolítica. Sem dúvida é um impasse que carrega, ainda, uma disputa surda entre Lula e Chávez. Lula avançou no apoio desta porção da América com a eleição do atual Presidente de El Salvador. E tem uma excelente relação no Cone Sul. Chávez avançou sobre Bolívia, Equador (em parte) e tentou avançar sobre Cuba e Nicarágua.
Queda da bolsa no Brasil até novembro?
O Valor Econômico publica matéria sobre o super aquecimento da Bovespa. Assustador:
"Não dá para saber o momento exato da virada nem o percentual de queda, a única certeza é que a correção será brusca", diz o pesquisador e professor do Insper (ex-Ibmec SP) Marco Antonio Leonel Caetano, que criou o índice em parceria com Takashi Yoneyama, do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Caetano afirma, no entanto, que com um bom nível de confiança dá para estimar uma queda entre 20% e 30%.O Ibovespa já subiu 63,29% no ano, 1,59% só ontem, chegando a 61.316 pontos. "Os preços dos ativos na bolsa estão muito fora da realidade econômica; em algum momento até fim de outubro ou início de novembro, um grande investidor vai dar início a uma onda de venda", diz o professor.
Vamos anotar. Este é o custo do crescimento.
Ontem, ouvi que a China avalia que crescimento anual (em seu país) abaixo de 8% ao ano é recessão. Em outras palavras: este seria o ponto ótimo (crescimento sem inflação). Qual seria o nosso ponto ótimo de crescimento anual?
E o lulismo seria mais politicista?
Se os tucanos paulistas são mais economicistas que as outras aves do seu terreiro, o que seria o lulismo?
Talvez, mais politicista, que exagera o valor da política e a manutenção do poder. Já se disse que Gramsci sofria deste defeito analítico. O politicismo, muitas vezes, tende (na prática) ao autocratismo porque confunde a vida e os desejos á dinâmica política definida pelas instituições de representação política (partidos, em especial). Em outras palavras,como uma dimensão determinante, isolada, das outras dimensões da sociedade.
Esta distinção entre tucanos paulistas e lulismo procede?
Os tucanos paulistas são economicistas?
Fiquei pensando nesta distinção que o PT fará entre o desenvolvimentismo serrista e o social-desenvolvimentismo lulista.
A pulga que está atrás da orelha é se os tucanos paulistas (pode não parecer, mas existe tucano fora de SP e eles são efetivamente menos economicistas) não tenderiam para uma visão de mundo quase exclusivamente econômica. A pulga coçou ainda mais quando li o comentário de Serra a respeito da acolhida de Zelaya na embaixada brasileira.
Eu sei, eu sei... é papel dele criticar o que Lula faz. Mas será que não consegue compreender o novo papel de liderança POLÍTICA do Brasil no continente?
Não podemos mais pensar nossa política externa exclusivamente como guardiã dos interesses econômicos e expansão dos mercados. Esta síndrome de país subdesenvolvido parece meio cepalino, não?
O livro dos nomes
Estou terminando O livro dos nomes, da mineira Maria Esther Maciel (de Patos de Minas). É um livro meio concretista, matemático. Exige atenção para compreender as relações cruzadas entre cada personagem (que aparece como se fossem verbetes, um capítulo para cada nome, em ordem alfabética). Acho algo muito formalista, que impede o mergulho na emoção da narrativa. Embora com passagens muito instigantes, causa aquela apreensão permanente como quando se lê Ulisses ou O Jogo da Amarelinha.
Nossa BH
Depois de criado o Movimento Nossa São Paulo, agora é a vez de BH. A proposta é viver em uma cidade melhor, a partir da construção de uma nova força política, social e econômica, onde todos os segmentos sociais estejam envolvidos e sejam agentes participantes das decisões. O movimento foi lançado oficialmente no dia 11 de dezembro, durante cerimônia na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). Assim como em SP, os organizados do Nossa BH analisaram cerca de 50 indicadores, desde oferta de serviços urbanos, infra-es trutura, até habitação, saúde e cultura. Segundo Maria Inês, a sustentabilidade do desenvolvimento humano passa por justiça social e qualidade ambiental da cidade. Movimento desta natureza já existe em SP, Recife, São Luis e Rio de Janeiro.
Pois bem, uma primeira atividade pública deste movimento está programada para o próximo dia 30 de setembro, das 14h às 17h. Trata-se de uma oficina de Preparação para Participação nas Audiências Públicas de Discussão do PPAG 2010-2013 de Belo
Horizonte.
LOCAL: CEMAIS - Rua Timbiras, 2875, Barro Preto - Belo Horizonte.
Inscrição gratuita: movimento.nossabh@gmail.com
Diretores escolares ficarão nus, em protesto
Diretores, vice-diretores e supervisores da rede estadual de ensino de SP prometem ficar como vieram ao mundo no dia 15 de outubro, Dia do Professor, quando protestarão por aumento salarial.O "Dia do Nu Pedagógico", previsto para ocorrer em frente à Secretaria Estadual da Educação, na praça da República, quer "mostrar a nudez do governo atual com relação à educação", diz Luiz Gonzaga de Oliveira Pinto, presidente da Udemo (Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado), que planeja a parte nua do protesto.
Não sei bem o que os alunos e pais de alunos pensarão a respeito...
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
O jogo de xadrez no interior do PT mineiro
A disputa entre Patrus e Pimentel pela candidatura petista ao governo estadual mineiro vai ficando cada vez mais imbricada.
Fernando Pimentel trabalha em duas frentes: acordo com o PMDB e tentativa de vitória na PED do partido (o processo eleitoral interno que define as direções petistas). A segunda frente é vista por seu grupo como a última cartada, ou seja, quem levar o diretório estadual ganha a legenda.
Acontece que o grupo de Patrus acaba de realizar levantamento e tem absoluta certeza que vence a convenção para levar a legenda. Mas não tem tanta certeza se leva o diretório estadual.
Compreensível. Um é popular para fora do partido e o outro jogou pesado nos últimos anos para ter o partido em suas mãos. São representantes de duas gerações de lideranças petistas que são quase opostas.
Debate Pós-Crise
Hoje debatemos, aqui em BH, o pós-crise, a partir de uma fala de abertura de Nilmário Miranda, ex-secretário nacional dos direitos humanos e ex-deputado federal. Nilmário é o candidato à deputado federal do bloco de Patrus Ananias e a organização do evento foi do mandato de André Quintão, o deputado estadual deste bloco.
Não deixa de ser instigante discutir o pós-crise quando parte significativa do mundo ainda está se debatendo em sair dela.
A agenda apresentada por Nilmário é quilométrica, mas a ponta de lança é a estatal do pré-sal. Discutimos muito a dificuldade de avanços no campo político, como a reforma política, que é travada por sete partidos da base governista.
Mas, como sempre, são os temas paralelos os mais saborosos. Destaco três:
a) Lula está disseminando entre ministros que após deixar o governo se dedicará à África, à captação de recursos e políticas para auxiliar no desenvolvimento daquele continente;
b) A diferenciação teórica entre Dilma e Serra (os dois são considerados desenvolvimentistas) será entre o que Mantega denomina de sócio-desenvolvimentismo e o desenvolvimentismo puro (Serra, no caso). Achei interessante esta disputa de nomenclatura;
c) 90% dos novos empregos foram criados pela micro e pequena empresa.
Não deixa de ser instigante discutir o pós-crise quando parte significativa do mundo ainda está se debatendo em sair dela.
A agenda apresentada por Nilmário é quilométrica, mas a ponta de lança é a estatal do pré-sal. Discutimos muito a dificuldade de avanços no campo político, como a reforma política, que é travada por sete partidos da base governista.
Mas, como sempre, são os temas paralelos os mais saborosos. Destaco três:
a) Lula está disseminando entre ministros que após deixar o governo se dedicará à África, à captação de recursos e políticas para auxiliar no desenvolvimento daquele continente;
b) A diferenciação teórica entre Dilma e Serra (os dois são considerados desenvolvimentistas) será entre o que Mantega denomina de sócio-desenvolvimentismo e o desenvolvimentismo puro (Serra, no caso). Achei interessante esta disputa de nomenclatura;
c) 90% dos novos empregos foram criados pela micro e pequena empresa.
Bater em crinaças diminui QI
O Q.I. (quociente de inteligência) de crianças entre 2 e 4 anos que receberam palmadas regulares de seus pais caiu mais de cinco pontos no decorrer de quatro anos, comparado com o de crianças que não levaram palmadas. "O lado prático disso é que os pediatras e psicólogos precisam começar a fazer o que nenhum deles faz agora, e dizer, 'não batam, sob qualquer circunstância'", diz Murray Straus, sociólogo da Universidade de New Hampshire, em Durham, que capitaneou o estudo juntamente a Mallie Paschall, do Centro de Pesquisa e Prevenção em Berkeley, na Califórnia.
Esta notícia já tinha sido objeto de ensaios de Jean Piaget nos anos 30 do Século XX. Mas que não se popularizou. E esta sanha pela disciplina (por que não lêem o instigante livro de Yves de la Taille sobre o limite como tema da educação?) acaba por jogar água na onda conservadora que acomete o pragmatismo de nossos gestores educacionais. Volto a destacar o absurdo da premiação de professores a partir do desempenho dos alunos, o mais conservador e inconsistente instrumento de controle de nosso corpo docente. Não adianta informar que o maior peso no desempenho dos alunos é o hábito familiar. Não adianta provar que há relação entre desempenho e IDH regional.
Jovens de hoje
Na Folha de ontem, Gilberto Dimenstein cita, em sua coluna (página C4) uma pesquisa coordenada pela psicóloga Sofia Esteves que revela uma juventude que quer um emprego que lhe dê algo mais que salário.
Mas a pesquisa revela, também, uma grande confusão entre emprego e prazer, falta de respeito à hierarquia e obrigações (uma das características da Geração Y).
Fui atrás da pesquisa e reproduzo algumas das conclusões:
1)Pela quinta vez consecutiva, a Petrobras foi considerada a empresa mais desejada entre os jovens brasileiros, na pesquisa online "Empresa dos Sonhos dos Jovens", realizada pela Cia de Talentos, do Grupo DMRH, em parceria com a consultoria TNS. Na oitava edição, 30.000 jovens universitários e recém-formados foram ouvidos para formar o ranking. Na sequência aparecem Google e Unilever, que mantiveram a mesma posição do ano passado. Há na lista Vale, Nestlé, Natura, Itaú Unibanco, Microsoft, Rede Globo e AmBev, que, pela primeira vez, aparece entre as dez companhias mais citadas pelos jovens.
2) O principal motivo de escolha de uma empresa para os jovens foi o crescimento profissional que ela propicia. O item “bons salários” e “benefícios” o mais votado na última edição -, caiu para a quarta:
1o. Crescimento Profissional
2o. Desenvolvimento Profissional
3o. Ambiente de trabalho agradável
4o. Bons salários e benefícios
5o. Apoio a cursos e treinamentos
3) O desejo por um crescimento profissional também faz com que os jovens fiquem dispostos a permanecer numa empresa por um período mais longo O tempo médio observado na pesquisa é de 10 anos.
Até 4 anos - 13%
De 4 a 6 anos - 25%
De 6 a 10 anos - 26%
De 10 a 20 anos - 16%
Mais de 20 anos - 19%
4)Metade dos entrevistados disse que a falta de crescimento profissional seria a principal razão para trocar de companhia. A falta de um ambiente de trabalho agradável faria 48% procurar outro emprego. Na sequencia, 38% mencionaram a falta de desenvolvimento profissional e 34% disseram que não ter salário e benefícios adequados ao cargo seria um motivo para trocar de empresa.
5) A pesquisa mostra ainda que 60% dos jovens escolhem uma empresa pela imagem que a companhia passa por meio da qualidade de seus produtos e serviços. Já 55% tomaram a decisão com base no que é divulgado na imprensa. Conhecer alguém que trabalha ou trabalhou na empresa foi o motivo citado por 46% dos entrevistados. A busca de informações nos sites das companhias ficou com 36% dos votos. Já 29% dos jovens disseram que não recorram a fontes, pois é natural que uma empresa de grande porte ofereça aquilo que ele busca numa organização.
6) O líder ideal
Neste ano, a pesquisa também perguntou aos jovens quem são seus líderes. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, liderou o ranking. Lula, ficou em terceiro lugar, logo atrás do empresário Roberto Justus. Conheça as dez personalidades mais admiradas pelos jovens brasileiros:
1. Barack Obama
2. Roberto Justus
3. Luis Inácio Lula da Silva
4. Jesus
5. Steve Jobs
6. Pai/mãe
7. Silvio Santos
8. Bill Gates
9. Mahatma Gandhi
10. Bernardinho
domingo, 27 de setembro de 2009
A insistência de Aécio
Aécio já tem definida a candidatura ao Senado. Em minha opinião, trata-se de sua única opção. Há evidências nítidas neste sentido:
a) As conversas reservadas de seu secretariado, que já começam a "organizar a vida pessoal" para 2010;
b) A ausência de disputa pela vaga tucana ao Senado, ao contrário do que ocorre, por exemplo, em São Paulo (que acaba de gerar a saída de Chalita do PSDB paulista para o PSB);
c) A falta de peso eleitoral de Aécio em todas pesquisas e todos cenários de disputa à sucessão de Lula;
d) O orçamento mineiro em queda, que obrigou Aécio a retirar quase 150 milhões de reais de áreas prioritárias para poder pagar a folha de pagamento de outubro.
O único dado favorável à Aécio é o desconhecimento de seu nome pelo eleitorado nacional. Mas quem já organizou uma campanha eleitoral sabe o custo de se fazer um nome tornar-se conhecido. Em suma: por qual motivo se trocaria um nome tucano muito conhecido por um pouco conhecido, entrando no último trimestre do ano?
Aécio está surfando corretamente, já que não perde nada e consegue promoção gratuita pela grande imprensa.
O que me incomoda é a grande imprensa se prestar a este jogo. Parece declaração de pauta fria.
A tensão entre governo do Brasil e Honduras aumenta
Lula conseguiu uma vitória parcial mais concreta. A moção apresentada pelo governo brasileiro condenando o golpe em Honduras e o cerco à Embaixada do Brasil em Tegucigalpa foi aprovada por unanimidade pelos países integrantes da 2ª Reunião de Cúpula dos Países da América do Sul e África, que está sendo realizada na Isla de Margarita, na Venezuela. A moção endossa as declarações da Unasul e da União Africana de condenação do golpe em Honduras "e a imediata e incondicional restituição de Zelaya ao poder".
Com isto, a Embaixada brasileira em Honduras consegue o status de ponta de lança da condenação internacional ao golpe, o evidente desejo de Lula.
Por outro lado, o governo interino deu ultimato de dez dias ao governo brasileiro para definir o status diplomático de Zelaya (algo que o Brasil já definiu informalmente) e que garanta a proibição do Presidente deposto propalar, da embaixada, a desobediência civil.
Com isto, a Embaixada brasileira em Honduras consegue o status de ponta de lança da condenação internacional ao golpe, o evidente desejo de Lula.
Por outro lado, o governo interino deu ultimato de dez dias ao governo brasileiro para definir o status diplomático de Zelaya (algo que o Brasil já definiu informalmente) e que garanta a proibição do Presidente deposto propalar, da embaixada, a desobediência civil.
sábado, 26 de setembro de 2009
Mulher é mais subversiva que homem?
Numa entrevista recente de David Grossman (escritor israelense e pacifista, que perdeu seu filho na guerra entre Israel e Líbano de 2006) disse que acredita que as mulheres são mais subversivas que os homens. Isto porque, disse, as instituições foram criadas pelos homens, para seu próprio interesse. Assim, as mulheres estariam menos desobrigadas a, por exemplo, fugir das obrigações militares.
Achei uma leitura romanciada do universo feminino. Acho que ele é mais complexo. Mesmo porque são elas que criam os homens. E, em alguns lugares (como em Israel) com uma preponderância muito maior que os pais na educação dos filhos.
Mas não deixa de merecer um registro.
O ovo e a galinha, de Clarice Lispector
(...) O ovo é uma coisa suspensa. Nunca pousou. Quando pousa, não foi ele quem pousou. Foi uma coisa que ficou embaixo do ovo. – Olho o ovo na cozinha com atenção superficial para não quebrá-lo. Tomo o maior cuidado de não entendê-lo. Sendo impossível entendê-lo, sei que se eu o entender é porque estou errando. Entender é a prova do erro. Entendê-lo não é o modo de vê-lo. – Jamais pensar no ovo é um modo de tê-lo visto. – Será que sei do ovo? É quase certo que sei. Assim: existo, logo sei. – O que eu não sei do ovo é o que realmente importa. O que eu não sei do ovo me dá o ovo propriamente dito. – A Lua é habitada por ovos.
O ovo é uma exteriorização. Ter uma casca é dar-se.- O ovo desnuda a cozinha. Faz da mesa um plano inclinado. O ovo expõe. – Quem se aprofunda num ovo, quem vê mais do que a superfície do ovo, está querendo outra coisa: está com fome.
O ovo é a alma da galinha. A galinha desajeitada. O ovo certo. A galinha assustada. O ovo certo. Como um projétil parado. Pois ovo é ovo no espaço. Ovo sobre azul. – Eu te amo, ovo. Eu te amo como uma coisa nem sequer sabe que ama outra coisa. – Não toco nele. A aura de meus dedos é que vê o ovo. Não toco nele – Mas dedicar-me à visão do ovo seria morrer para a vida mundana, e eu preciso da gema e da clara. – O ovo me vê. O ovo me idealiza? O ovo me medita? Não, o ovo apenas me vê. É isento da compreensão que fere. – O ovo nunca lutou. Ele é um dom. – O ovo é invisível a olho nu. De ovo a ovo chega-se a Deus, que é invisível a olho nu. – O ovo terá sido talvez um triângulo que tanto rolou no espaço que foi se ovalando. – O ovo é basicamente um jarro? Terá sido o primeiro jarro moldado pelos etruscos ? Não. O ovo é originário da Macedônia. Lá foi calculado, fruto da mais penosa espontaneidade. Nas areias da Macedônia um homem com uma vara na mão desenhou-o. E depois apagou-o com o pé nu.
O ovo é coisa que precisa tomar cuidado. Por isso a galinha é o disfarce do ovo. Para que o ovo atravesse os tempos a galinha existe. Mãe é para isso. – O ovo vive foragido por estar sempre adiantado demais para a sua época. – O ovo por enquanto será sempre revolucionário. – Ele vive dentro da galinha para que não o chamem de branco. O ovo é branco mesmo. Mas não pode ser chamado de branco. Não porque isso faça mal a ele, mas as pessoas que chamam ovo de branco, essas pessoas morrem para a vida. Chamar de branco aquilo que é branco pode destruir a humanidade. Uma vez um homem foi acusado de ser o que ele era, e foi chamado de Aquele Homem. Não tinham mentido: Ele era. Mas até hoje ainda não nos recuperamos, uns após outros. A lei geral para continuarmos vivos: pode-se dizer “um rosto bonito”, mas quem disser “O rosto”, morre; por ter esgotado o assunto.
Com o tempo, o ovo se tornou um ovo de galinha. Não o é. Mas, adotado, usa-lhe o sobrenome. – Deve-se dizer “o ovo da galinha”. Se eu disser apenas “o ovo”, esgota-se o assunto, e o mundo fica nu. – Em relação ao ovo, o perigo é que se descubra o que se poderia chamar de beleza, isto é, sua veracidade. A veracidade do ovo não é verossímil. Se descobrirem, podem querer obrigá-lo a se tornar retangular. O perigo não é para o ovo, ele não se tornaria retangular. (Nossa garantia é que ele não pode: não poder é a grande força do ovo: sua grandiosidade vem da grandeza de não poder, que se irradia como um não querer.) Mas quem lutasse por torná-lo retangular estaria perdendo a própria vida. O ovo nos expõe, portanto, em perigo. Nossa vantagem é que o ovo é invisível. E quanto aos iniciados, os iniciados disfarçam o ovo.
Quanto ao corpo da galinha, o corpo da galinha é a maior prova de que o ovo não existe. Basta olhar para a galinha para se tornar óbvio que o ovo é impossível de existir.
E a galinha? O ovo é o grande sacrifício da galinha. O ovo é a cruz que a galinha carrega na vida. O ovo é o sonho inatingível da galinha. A galinha ama o ovo. Ela não sabe que existe o ovo. Se soubesse que tem em si mesma o ovo, perderia o estado de galinha. Ser galinha é a sobrevivência da galinha. Sobreviver é a salvação. Pois parece que viver não existe. Viver leva a morte. Então o que a galinha faz é estar permanentemente sobrevivendo. Sobreviver chama-se manter luta contra a vida que é mortal. Ser galinha é isso. A galinha tem o ar constrangido.
É necessário que a galinha não saiba que tem um ovo. Senão ela se salvaria como galinha, o que também não é garantido, mas perderia o ovo. Então ela não sabe. Para que o ovo use a galinha é que a galinha existe. Ela era só para se cumprir, mas gostou. O desarvoramento da galinha vem disso: gostar não fazia parte de nascer. Gostar de estar vivo dói. – Quanto a quem veio antes, foi o ovo que achou a galinha. A galinha não foi sequer chamada. A galinha é diretamente uma escolhida. – A galinha vive como em sonho. Não tem senso de realidade. Todo o susto da galinha é porque estão sempre interrompendo o seu devaneio. A galinha é um grande sono. – A galinha sofre de um mal desconhecido. O mal desconhecido é o ovo. – Ela não sabe se explicar: “ sei que o erro está em mim mesma”, ela chama de erro a vida, “não sei mais o que sinto”, etc.
“Etc., etc., etc.,” é o que cacareja o dia inteiro a galinha. A galinha tem muita vida interior. Para falar a verdade a galinha só tem mesmo é vida interior. A nossa visão de sua vida interior é o que chamamos de “galinha”. A vida interior na galinha consiste em agir como se entendesse. Qualquer ameaça e ela grita em escândalo feito uma doida. Tudo isso para que o ovo não se quebre dentro dela. Ovo que se quebra dentro de galinha é como sangue.
A galinha olha o horizonte. Como se da linha do horizonte é que viesse vindo um ovo. Fora de ser um meio de transporte para o ovo, a galinha é tonta, desocupada e míope. Como poderia a galinha se entender se ela é a contradição de um ovo? O ovo ainda é o mesmo que se originou na Macedônia. A galinha é sempre tragédia mais moderna. Está sempre inutilmente a par. E continua sendo redesenhada. Ainda não se achou a forma mais adequada para uma galinha. Enquanto meu vizinho atende ao telefone ele redesenha com lápis distraído a galinha. Mas para a galinha não há jeito: está na sua condição não servir a si própria. Sendo, porém, o seu destino mais importante que ela, e sendo o seu destino o ovo, a sua vida pessoal não nos interessa.
Dentro de si a galinha não reconhece o ovo, mas fora de si também não o reconhece. Quando a galinha vê o ovo pensa que está lidando com uma coisa impossível. É com o coração batendo, com o coração batendo tanto, ela não o reconhece.
De repente olho o ovo na cozinha e vejo nele a comida. Não o reconheço, e meu coração bate. A metamorfose está se fazendo em mim: começo a não poder mais enxergar o ovo. Fora de cada ovo particular, fora de cada ovo que se come, o ovo não existe. Já não consigo mais crer num ovo. Estou cada vez mais sem força de acreditar, estou morrendo, adeus, olhei demais um ovo e ele me foi adormecendo.
A galinha não queria sacrificar a sua vida. A que optou por querer ser “feliz”. A que não percebia que, se passasse a vida desenhando dentro de si como numa iluminura o ovo, ela estaria servindo. A que não sabia perder-se a si mesma. A que pensou que tinha penas de galinha para se cobrir por possuir pele preciosa, sem entender que as penas eram exclusivamente para suavizar, a travessia ao carregar o ovo, porque o sofrimento intenso poderia prejudicar o ovo. A que pensou que o prazer lhe era um dom, sem perceber que era para que ela se distraísse totalmente enquanto o ovo se faria. A que não sabia que “eu” é apenas uma das palavras que se desenham enquanto se atende ao telefone, mera tentativa de buscar forma mais adequada. A que pensou que “eu” significa ter um si-mesmo. As galinhas prejudiciais ao ovo são aquelas que são um “eu” sem trégua. Nelas o “eu” é tão constante que elas já não podem mais pronunciar a palavra “ovo”. Mas, quem sabe, era disso mesmo que o ovo precisava. Pois se elas não estivessem tão distraídas, se prestassem atenção à grande vida que se faz dentro delas, atrapalhariam o ovo.
Comecei a falar da galinha e há muito já não estou falando mais da galinha. Mas ainda estou falando do ovo.
E eis que não entendo o ovo. Só entendo o ovo quebrado: quebro-o na frigideira. É deste modo indireto que me ofereço à existência do ovo: meu sacrifício é reduzir-me à minha própria vida pessoal. Fiz do meu prazer e da minha dor o meu destino disfarçado. E ter apenas a própria vida é, para quem viu o ovo, um sacrifício. Como aqueles que, no convento, varrem o chão e lavam a roupa, servindo sem a glória de função maior, meu trabalho é o de viver os meus prazeres e as minhas dores. É necessário que eu tenha a modéstia de viver. (...)
Escravidão no Mundo
O jornalista norte-americano Benjamin Skinner, autor do livro A Crime So Monstrous: Face-To-Face with Modern-Day Slavery (Um crime tão monstruoso: face a face com a escravidão hoje) sustenta que existam, hoje, no mundo, entre 12,3 milhões e 27 milhões de escravos. A maioria mantem-se nesta condição por contração de dívidas. O sul da Ásia em geral – e a Índia, em particular – possui mais escravos do que todo o resto do mundo junto. A abolição do trabalho escravo na Índia, assim como a do sistema de castas, continua sendo uma promessa não cumprida.
O Haiti tem umas 300 mil crianças escravas. "Ofereceram-me uma por 50 dólares numa rua de Porto Príncipe, a cinco horas de distância da minha casa em Nova York. Dezenas de milhares são traficadas da América Central e do México para localidades mais ao norte. Nos Estados Unidos, a maior parte dos escravos é mexicana ou foi traficada através do México", afirma Skinner.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Pobreza extrema foi reduzida à metade no Brasil, de 2003 a 2008
O Brasil reduziu a pobreza extrema à metade em 2008, em comparação com 2003, segundo o Ipea. De 2001 a 2008, enquanto a renda per capita como um todo cresceu 2,8% por ano, a fatia dos 10% mais pobres da população brasileira viu sua renda crescer quase três vezes mais (8,1%). Enquanto isso, a renda dos 10% mais ricos cresceu à metade da taxa média brasileira (1,4%).
Plínio de Arruda Sampaio será lançado candidato das esquerdas para a Presidência da República
Do Rio de Janeiro parte o início da articulação nacional que procurará elaborar o programa socialista da candidatura de Plínio de Arruda Sampaio à Presidência da República. Recebo a programação prevista (com atraso, já que a primeira atividade ocorreu ontem):
23/09, 18h, IFCS/UFRJ (Largo de São Francisco, Centro) – Rio de Janeiro
Por um Programa Socialista para o Brasil
Com Plínio de Arruda Sampaio, Roberto Leher (UFRJ) e Paulo Albuquerque (MST)
30/09, 18h, Praia Vermelha - Urca – Auditório da Escola de Serviço Social da UFRJ
A questão urbana hoje
Com Sonia Lucio Lima (UFF) e Guilherme “Soninho” Marques (UFRJ)
07/10, 18h, UFF (auditório do segundo andar do Bloco O, Campus do Gragoatá) – Niterói
O processo de reorganização da classe: sindicatos e movimentos sociais
Com Mauro Iasi (UFRJ), Júnia Gouvêa (FENASPS), Marcelo Badaró (UFF)
13/10, 18h, São Gonçalo (local a confirmar)
Educação
A análise do Le Temps (Suiça) sobre Lula
"Ao pedir asilo ao Brasil, Zelaya indicou que está apostando todas as suas fichas no único país que ele acredita que vai devolvê-lo à Presidência", afirma o jornal Le Temps. "É a prova tangível de uma mudança de eixo de poderes na região."
Mais:
"É no hemisfério sul que Lula tece sua teia". Desde 2003 o Brasil abriu 35 novas embaixadas no exterior, a maioria na África e no Caribe.
"Lula visa apagar progressivamente a hegemonia dos Estados Unidos na região e coincide com a discrição do governo Obama".
Ver matéria aqui
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Honduras
A situação dramática em Honduras começa a desenhar uma trilha nítida de pressão internacional contra o regime golpista a partir de Honduras. Esta é uma situação a chamar nossa atenção: não se trata de uma pressão externa, apenas. Com a guarda que a Embaixada brasileira concedeu ao Presidente Zelaya, a resistência interna ganhou uma nova dimensão territorial.
Vários parlamentares brasileiros manifestaram, hoje, interesse em viajar até Honduras para apoiar Zelaya, a partir da Embaixada. Muitos movimentos e organizações populares de Honduras sentem o momento e resistiram ao toque de recolher, acabando por obrigar o regime golpista a suspender esta medida (retomando, novamente, poucas horas atrás). Tal articulação da resistência interna e pressão internacional (agora, no interior do país) diminuiu a sanha golpista que a deposição de Zelaya estimulou em outros países da região, como Nicarágua e Guatemala.
O país já sofre com a crise e o sinal mais nítido é o desabastecimento de postos de gasolina e supermercados. A repressão aos manifestantes contra o golpe é aberta, inclusive em cidades industriais, como San Pedro Sula. Os golpistas tentam revidar com o anúncio de uma passeata dos "camisas brancas" (nome que deram aos seus apoiadores).
Já a ONU acaba de emitir nota que não recomenda as eleições em novembro, trunfo e argumento dos golpistas para afirmar que não rasgaram a Constituição de seu país. As Nações Unidas afirmam que não há condições para realização de eleições e que direitos civis não estão sendo respeitados. "A situação em Honduras só pode ser descrita como alarmante," disse em nota Susan Lee, diretora da Anistia Internacional para as Américas.
Enfim, a Embaixada do Brasil se transformou no símbolo maior de resistência ao golpe. Quem diria....
Dilma e Lula: dois personagens ainda distintos para a maioria dos brasileiros
A pesquisa CNI/Ibope indica um claro divórcio entre a figura de Lula e Dilma, na cabeça do eleitor brasileiro. Na mesma medida em que Ciro e Dilma empatam na intenção de votos, Lula dispara novamente. Aliás, para 44% dos brasileiros, a atual gestão é melhor que anterior. A aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu para 81%, subindo 1% em relação à pesquisa realizada em junho. Os dados mostram também que 69% dos brasileiros consideram o governo Lula ótimo ou bom, contra 68% na pesquisa de junho. Outros 22% consideram o governo regular e 9%, ruim ou péssimo.
A onda pró-Lula é tão favorável que a revista americana Newsweek acaba de sugerir que se trata do "político mais popular do mundo". A publicação afirmou também que o brasileiro é a maior estrela da 64ª Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada nesta quarta-feira em Nova York. "As câmeras podem focar na personificação do americano descolado, Barack Obama, ou nos autocratas exibicionistas e despeitados como o iraniano Mahmoud Ahmadinejad e o venezuelano Hugo Chávez, mas a maior estrela disponível será o duro, barbado e ex-torneiro mecânico", diz o texto.
Lula consegue, assim, projetar-se no interior do país e no exterior, feito raro na história dos Presidentes da República.
Enfim, Dilma só terá sucesso em 2010 se for uma candidata nitidamente tutelada. Se demonstrar brilho próprio poderá derrapar até em curvas abertas.
Arrecadação em queda livre em Minas Gerasis
No final do primeiro trimestre Aécio Neves adequou o custeio do Estado. Diante das novas estimativas, que já previam queda no PIB, secretarias, autarquias e fundações terão que se ajustar a novas metas que estabelecem gastos menores com custeio que variam de 10% a 20%. A perspectiva era economia de R$ 430 milhões ao longo do ano.
Agora já entramos no último trimestre do ano. E Aécio remanejou 146 milhões que seriam destinados à saúde, segurança e fiscalização tributária para garantir salário de outubro aos funcionários públicos. O governador mineiro diz que com a decisão do início do ano, fez um fundo de reserva. Mas não deu para chegar até o final do ano.
Minas Gerais foi o Estado brasileiro com maior queda de arrecadação do ICMS neste ano (queda de 5% no primeiro semestre).
Já comentei neste blog as dificuldades estruturais: pauta de exportação baseada em commodities e em produtos com baixo valor agregado; mão de obra com baixo nível de rendimento e uma sucessão de governos que não atuaram como bússolas do desenvolvimento estadual. Assim, ficamos parados na onda do saneamento das contas públicas e deixamos a indução e organização do desenvolvimento para as traças.
Agora colhemos os frutos.
Em suma: o discurso de Aécio vai perdendo, muito lentamente, o charme que tinha quando se elegeu pela primeira vez governador. O charme, mas não a influência.
Agora já entramos no último trimestre do ano. E Aécio remanejou 146 milhões que seriam destinados à saúde, segurança e fiscalização tributária para garantir salário de outubro aos funcionários públicos. O governador mineiro diz que com a decisão do início do ano, fez um fundo de reserva. Mas não deu para chegar até o final do ano.
Minas Gerais foi o Estado brasileiro com maior queda de arrecadação do ICMS neste ano (queda de 5% no primeiro semestre).
Já comentei neste blog as dificuldades estruturais: pauta de exportação baseada em commodities e em produtos com baixo valor agregado; mão de obra com baixo nível de rendimento e uma sucessão de governos que não atuaram como bússolas do desenvolvimento estadual. Assim, ficamos parados na onda do saneamento das contas públicas e deixamos a indução e organização do desenvolvimento para as traças.
Agora colhemos os frutos.
Em suma: o discurso de Aécio vai perdendo, muito lentamente, o charme que tinha quando se elegeu pela primeira vez governador. O charme, mas não a influência.
Ciro é o adversário de Dilma
A pesquisa IBOPE revela um crescimento consistente da candidatura de Ciro Gomes. Ele aparece em vários cenários à frente de Dilma Rousseff e é o primeiro quando o candidato tucano é Aécio (o que vai consolidando a certeza absoluta que Aécio é candidato ao Senado).
A hipótese mais nítida é a de que sem exposição ao lado de Lula, Dilma fica do tamanho do currículo político que efetivamente possui.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
O OP Educa de São Carlos
Estive ontem em São Carlos (interior de SP) para conhecer e discutir o OP Criança de lá, cujo nome é OP Educa. Fiquei de boca aberta. A concepção pedagógica é muito correta e eles desenvolvem projetos de socialização e formação para a cidadania que envolve todo (desde 4 meses de idade) ensino básico (até ensino médio), articulando redes públicas e privadas. À noite, presenciei uma reunião dos novos delegados e conselheiros eleitos do OP adulto. Participaram, neste ano, mais de 4 mil moradores nos ciclos territoriais (onde são escolhidas obras e serviços) e temáticos (onde são definidas as diretrizes de governo a partir de blocos temáticos de políticas públicas).
O que os analistas econômicos acham do futuro imediato do Brasil
Não confio muito nas projeções de economistas. Mas é como a história das bruxas, não acredito, mas...
Então, vamos lá:
1) Muitos acreditam que o PIB tupiniquim cresça, a partir de 2010, entre 5% a 6% ao ano;
2) A base desta projeção são os indicadores de consumo e a retomada do crescimento do PIB (o PIB será positivo este ano e o grau de aceleração da demanda agregada é acelerado). Também destacam a retomada dos investimentos privados, motivados pelo BNDES;
3) Retomada da inflação, com moderação, em função do aumento gradativo da demanda (projeta-se que em meados do próximo ano possa superar 80% da capacidade instalada. Também projetam desaceleração na queda do dólar. E, finalmente, projetam possível aumento do preço internacional das commodities em virtude da melhora do mercado internaciona.
Então, vamos lá:
1) Muitos acreditam que o PIB tupiniquim cresça, a partir de 2010, entre 5% a 6% ao ano;
2) A base desta projeção são os indicadores de consumo e a retomada do crescimento do PIB (o PIB será positivo este ano e o grau de aceleração da demanda agregada é acelerado). Também destacam a retomada dos investimentos privados, motivados pelo BNDES;
3) Retomada da inflação, com moderação, em função do aumento gradativo da demanda (projeta-se que em meados do próximo ano possa superar 80% da capacidade instalada. Também projetam desaceleração na queda do dólar. E, finalmente, projetam possível aumento do preço internacional das commodities em virtude da melhora do mercado internaciona.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
O papel do diretor no desempenho dos alunos
Após matéria publicada no Estadão, agora é a vez da Folha de SPaulo:
Rotatividade de diretor afeta nota de escola
21 de setembro, 2009
O que explica que, na mesma rede, algumas Escolas tenham resultados tão diferentes? Um estudo realizado a partir do Saresp 2008 (avaliação do ensino paulista) e da Prova Brasil 2007 (avaliação federal) mostra que, além de características dos alunos -que são responsáveis por mais de 70% do resultado final-, fazem diferença variáveis como diretor experiente, professores assíduos e estáveis e uso efetivo do livro didático.
Em Escolas da rede estadual paulista com piores notas, por exemplo, apenas 17% dos diretores estavam no cargo havia mais de seis anos. Nas melhores, essa proporção chegava a 47%. A média da rede é de 31%. O trabalho mostra que 35% das Escolas estaduais convivem com alto índice de faltas de professores. Nas piores, essa proporção chega a 38% e, nas melhores, fica em 28%.
O estudo é dos pesquisadores Naercio Menezes Filho, Diana Nuñez e Fernanda Ribeiro, e parte dele foi publicado no livro “Educação Básica no Brasil” (editora Campus), lançado em agosto. Foram comparadas características das 10% melhores e 10% piores Escolas pelas médias do Saresp e identificadas variáveis que estavam associadas a um aumento significativo das notas dos alunos. Outra constatação foi que, nas melhores, quase todos os alunos tinham acesso a livros didáticos e, em outubro, mais de 80% de seu conteúdo havia sido dado.
Para especialistas, o desafio de manter diretores e professores por mais tempo é maior nas Escolas de periferia, mais afetadas pela violência e menos atrativas aos profissionais.
sábado, 19 de setembro de 2009
Assembléias Legislativas não são transparentes
Um estudo feito pela ONG Transparência Brasil aponta que as assembléias legislativas do País escondem informações a respeito dos salários e benefícios dos deputados estaduais e distritais e que os órgãos que deveriam monitorar tais atividades - Tribunal de Contas e Ministério Público - se eximem da responsabilidade na quase totalidade dos casos. A Transparência Brasil enviou ofícios a casas legislativas, tribunais de contas e ministérios públicos de todos os estados e do Distrito Federal solicitando informações a respeito dos salários e benefícios diretos e indiretos recebidos pelos deputados estaduais e distritais. Dois meses após envio dos ofícios, apenas 33 dos 81 entes consultados acusaram o recebimento das solicitações. Mas, além disso, “nem todas as respostas esclareceram as dúvidas levantadas”, afirma a ONG.
Entre as informações colhidas, alguns dados ganham destaque no estudo. Na Câmara Legislativa do Distrito Federal, por exemplo, cada parlamentar tem direito a quase R$ 100 mil por mês para pagar "assessores".
Na Assembleia do Rio, cada deputado pode gastar até R$ 3 mil ao mês em telefonemas e R$ 2 mil em combustível.
Os recursos a que tem direito um deputado estadual do Ceará equivalem à riqueza média produzida por 80 habitantes do estado.
Na Assembleia do Rio Grande do Norte, a verba "indenizatória", uma espécie de ajuda de custo recebida por cada parlamentar, é de R$ 24 mil ao mês.
Breves destaques PNAD 2008
1) Construção Civil (fruto dos fortes investimentos públicos) alavanca mercado de trabalho com carteira assinada, principalmente no norte e nordeste do país;
2) Trabalho Infantil caiu pouco (15 a 17 anos: de 10,8% para 10,2%, de 2007 para 2008). Mas ainda são 4,8 milhões e crianças e adolescentes trabalhando (sendo 993 mil entre 5 e 13 anos);
3) A taxa de fecundade continua despencando, desde os anos 80: agorasão 1,89 filhos por mulher (3,3 moroadores por domicílio).
2) Trabalho Infantil caiu pouco (15 a 17 anos: de 10,8% para 10,2%, de 2007 para 2008). Mas ainda são 4,8 milhões e crianças e adolescentes trabalhando (sendo 993 mil entre 5 e 13 anos);
3) A taxa de fecundade continua despencando, desde os anos 80: agorasão 1,89 filhos por mulher (3,3 moroadores por domicílio).
Gestão Metropolitana
Uma dica de livro relacionado à gestão urbana: Gestão Metropolitana e autonomia municipal, de Gustavo Machado (PUCMinas e Obervatório das Metrópoles). Este tema é pouco refletido no Brasil.
Temos, contudo (segundo o autor) 15 regiões metropolitans, duas megacidades e uma cidade-região (em torno da cidade de SP, com 25 milhões de habitantes). Este bloco todo concentra quase 50% da população e 55% do PIB Nacional.
A dupla via da literatura brasileira
Acabo de ler mais um livro da lista dos finalistas do Prêmio Jabuti: Flores Azuis, de Carola Saavedra.
Dos livros que já li é possível perceber dois blocos de livros. Os mais intimistas, como é o caso de Carola e Scliar e um segundo bloco, uma espécie de neo-regionalista mais universalizante, caso de Brito e Hatoum. O mais interessante é este caráter mais universal que todos livro trazem, algo mais experimental, na forma (menos no livro de Scliar) e no conteúdo (menos no livro de Hatoum).
Minhas preferências, em virtude de minha formação profissional, ficam com este neo-regionalismo. Mas as duas vertentes são muito instigantes
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Marina e a nova utopia
Um dos temas que jornalistas da grande imprensa estão tentando analisar na política nacional é até que ponto a candidatura Marina Silva representaria uma nova utopia, tal como Lula representou, certo dia.
Há diferenças importantes entre os dois. Mas destacaria a natureza das utopias. Os movimentos sociais dos anos 80, dos quais Lula foi depositário por algum tempo, tinham como foco a crítica profunda à institucionalidade pública. Recolocava o plano político a partir dos marginalizados (em todos sentidos).
A utopia de Marina é o desenvolvimento sustentável. Não me parece que este tema tenha apelo de massas. Envolve uma parecela intelectualizada e dificilmente emociona a nova classe média, diferencial importante nas eleições de 2010. Acabo de ler o livro de Miltn Hatoum, que disputa o Prêmio Jabuti deste ano ("Órfãos do Eldorado"). O posfácio deste livro parece que faz um paralelo importante do que imagino representar a figura de Marina Silva. Hatoum retoma o mito amazônico da Cidade Encantada, através do qual muitos nativos e ribeirinhos acreditam que no fundo de um rio ou lago existe uma cidade rica, explêndida, exemplo de harmonia e justiça social. As pessoas comuns seriam seduzidas e levadas par o fundo do rio por seres das águas ou da floresta e só voltam ao mundo com a intermediação de um pajé.
Não é algo assim que representaria o discurso de Marina?
Lembro que na última Semana Social Brasileira, que envolveu pastorais sociais e a Cáritas de todo país, o texto final tentou reorganizar as demandas e projetos para o país a partir dos biomas tupiniquins. Não se tratava de qualquer organização, mas da poderosa igreja católica brasileira. Alguém se lembra desta proposta? Vingou?
Há diferenças importantes entre os dois. Mas destacaria a natureza das utopias. Os movimentos sociais dos anos 80, dos quais Lula foi depositário por algum tempo, tinham como foco a crítica profunda à institucionalidade pública. Recolocava o plano político a partir dos marginalizados (em todos sentidos).
A utopia de Marina é o desenvolvimento sustentável. Não me parece que este tema tenha apelo de massas. Envolve uma parecela intelectualizada e dificilmente emociona a nova classe média, diferencial importante nas eleições de 2010. Acabo de ler o livro de Miltn Hatoum, que disputa o Prêmio Jabuti deste ano ("Órfãos do Eldorado"). O posfácio deste livro parece que faz um paralelo importante do que imagino representar a figura de Marina Silva. Hatoum retoma o mito amazônico da Cidade Encantada, através do qual muitos nativos e ribeirinhos acreditam que no fundo de um rio ou lago existe uma cidade rica, explêndida, exemplo de harmonia e justiça social. As pessoas comuns seriam seduzidas e levadas par o fundo do rio por seres das águas ou da floresta e só voltam ao mundo com a intermediação de um pajé.
Não é algo assim que representaria o discurso de Marina?
Lembro que na última Semana Social Brasileira, que envolveu pastorais sociais e a Cáritas de todo país, o texto final tentou reorganizar as demandas e projetos para o país a partir dos biomas tupiniquins. Não se tratava de qualquer organização, mas da poderosa igreja católica brasileira. Alguém se lembra desta proposta? Vingou?
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Brasil sai da crise mais forte?
Saímos da crise. Mas, por quais motivos e como estamos efetivamente?
Segundo o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, os resultados do crescimento do PIB divulgados pelo IBGE para o segundo trimestre de 2009 evidencia que o Brasil já saiu da recessão. O Brasil saiu da crise antes e com um crescimento mais forte do que a maioria dos países. Até aí, tudo bem. Mas aí, lançou a avaliação bombástica; “Dados preliminares indicam que o Brasil é um dos líderes, talvez o líder, em crescimento na saída da recessão". E, mais: “O país já está em trajetória sustentável de crescimento".
É isto tudo?
Até o momento, a previsão do Banco Central, feita em junho deste ano, por meio do relatório de inflação, é de que o PIB cresça 0,8% em 2009. Entretanto, a estimativa poderá ser revisada no fim de setembro, quando será divulgado um novo relatório de inflação pelo BC. O mesmo BC avalia que as medidas com maior impacto para debelar os efeitos da crise foram: a liberação de R$ 100 bilhões em depósitos compulsórios para combater a escassez de crédito, além da oferta de empréstimos em dólar para alguns setores da economia, como os exportadores. Também destaca a acumulação de divisas, que levou as reservas acima de US$ 220 bilhões, assim como o controle da inflação nos próximos anos - que favorecerá o aporte de investimentos.
Economistas e analistas de várias cores e torcidas fizeram no dia 15 último análise deste tema. O Estadão ouviu oito economistas estrangeiros e brasileiros: Rogoff; O’Neill; Barry Einchengreen, da Universidade de Berkeley; José Alexandre Scheinkman, de Princeton; Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio gestor do Gávea Investimentos; Edmar Bacha, consultor sênior do Itaú BBA e codiretor do Instituto de Estudo de Políticas Econômicas - Casa das Garças (Iepe/CdG); Affonso Celso Pastore, consultor e ex-presidente do BC; e Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco.Nenhum petista ou lulista. Kenneth Rogoff, de Harvard (ex-FMI) afirma : “O fato de que o Brasil passou tão bem pela crise tinha mesmo de instilar confiança”. Para Jim O’Neill, do Goldman Sachs, e criador da expressão Bric (o grupo de grandes países emergentes, Brasil, Rússia, Índia e China), “o Brasil passou por essa crise extremamente bem, e pode crescer a um ritmo de 5% nos próximos anos”.
Pastore observa que a recessão no Brasil foi curta, de apenas dois trimestres, comparada a quatro em países como Estados Unidos, Alemanha e França. Goldfajn nota que há os países que estão saindo da recessão no segundo trimestre e os que estão saindo no terceiro - o Brasil está entre os primeiros, com várias nações asiáticas. “Mesmo no primeiro trimestre, se olhar mês contra mês, há números fortes de crescimento no Brasil”, acrescenta.
Uma das principais razões para o sucesso do Brasil em enfrentar a crise, segundo Pastore, é que ela pegou o País com o regime macroeconômico adequado - câmbio flutuante, bom nível de reservas, inflação controlada, superávit primário, dívida pública desdolarizada e caindo em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB). Essa solidez combinou-se com o sistema financeiro capitalizado, pouco alavancado, que estava proibido pela regulação de operar com os ativos perigosos, como os títulos estruturados no mercado americano de hipotecas subprime. “Uma das lições da crise é que países que tinham uma abordagem equilibrada da regulação do mercado financeiro, como Brasil, Austrália, Canadá , não tiveram crise bancária”, diz O’Neill.
A política anticíclica, baseada em corte de impostos e ampliação de gastos públicos, também ajudou, embora esta segunda parte seja criticada pelos efeitos de médio prazo. Para Pastore, os aumentos do funcionalismo e do Bolsa-Família tiveram efeitos contracíclicos, mas “por coincidência”, já que foram decididos antes da crise. “O defeito é que, se fosse política contracíclica mesmo, teria de expandir gastos transitórios, e não permanentes.”
A contrapartida dos fluxos de capital é o câmbio valorizado e o déficit em conta corrente, o que significa que o mundo está financiando o Brasil para consumir muito (o que implica poupar pouco) e investir ao mesmo tempo. Segundo Goldfajn, os brasileiros serão um dos povos convocados, junto com os asiáticos, a preencher o espaço deixado pelo fim da exuberância do consumidor americano, atolado em dívidas e necessitado de reconstruir seu patrimônio.
Fator Marina desacelerou a campanha presidencial
Política tem suas manhas. O lançamento da candidatura de Marina Silva coincidiu com a desaceleração da disputa eleitoral que vinha antecipando em muitos meses o próximo ano. É fato que Dilma e Serra decidiram, também, diminuir o ritmo de exposição. Dilma até anuncia que voltará a ter agenda cheia a partir deste mês. Mas tenho a impressão que sua intenção é manutenção do patamar que havia atingido antes da leve queda nos índices de intenção de votos.
No mais, temos marolas. Aécio dando leves estocadas e reforçando seu perfil conciliador. Serra continua quieto, embora tenha se dedicado à amainar a disputa entre Alckmin e Kassab (pura profilaxia política). Lula anuncia a criação da Consolidação das Leis Sociais e parece negociar apoio definitivo do PMDB alterando o segundo escalão de alguns ministérios (caso do MDA, já anunciado neste blog). Marina deixa de ser novidade e começa a sentir o peso de um partido anexo.
Enfim, parece que entramos no ritmo de final de ano, já que estamos próximos do último trimestre. Parece que o melhor é manter o patamar atingido e preparar terreno. Até mesmo os novos casos de amoralidade do Senado (como este último, envolvendo Marco Maciel) não conseguem arrebatar a opinião pública. Contribui para tal marola a retomada do crescimento do país, que diminui consideravelmente a angústia.
Estamos mais para semana das crianças e Natal que para confronto.
Vamos ver se se mantém assim até dezembro.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
domingo, 13 de setembro de 2009
O circuito mental para elaboração de grade curricular
Nas consultorias que realizamos para montagem de estruturas curriculares municipais, vai ficando cada vez mais nítido o quanto existe uma estrutura mental consolidada para elaboração da famosa grade curricular (a grade horária, assim denominada nas redes de ensino).
A estrutura nasce das demandas das escolas (que, quase sempre, estão vinculadas ás garantias de atribuição de aulas para os professores regentes) e conteúdos mínimos exigidos (este "exigidos" nunca é bem explicado sobre a origem da exigência, já que a legislação brasileira não define mínimos nas disciplinas tradicionais, como português e matemática). A partir daí são alinhadas as disciplinas e, se há alguma inovação, oficinas ou atividades de reforço. O passo seguinte é a famosa grade horária.
Ora, tal estrutura mental é absolutamente conservadora. Já sabemos o resultado final antes da grade ser elaborada. Português e Matemática terão predominância.
O correto seria iniciar pelo diagnóstico pedagógico e objetivos pedagógicos da rede de ensino. Depois, reordená-los a partir de eixos estruturadores (que articulem as disciplinas em áreas temáticas com objetivos pedagógicos nítidos) e níveis de desenvolvimento, procurando definir vasos comunicantes entre séries ou ciclos. Somente a partir daí poderiam ser desenhadas as orientações de distribuição de tempos (aulas, projetos, oficinas etc) e espaços necessários. A grade teria, necessariamente, que ter lacunas para que as escolas façam arranjos que dialoguem com as características e exigências de suas turmas de alunos.
Este protocolo não é pensado nem mesmo pelos gestores educacionais, que ultimamente só pensam em controle através dos parcos indicadores de desempenho (as velhas notas e dados quantitativos que apenas sinalizam onde os alunos estão, mas não como chegaram até lá).
sábado, 12 de setembro de 2009
Torquato Neto: o Piauí cosmopolita, não santo
A Rua
Toda rua tem seu curso
Tem seu leito de água clara
Por onde passa a memória
Lembrando histórias de um tempo
Que não acaba
De uma rua, de uma rua
Eu lembro agora
Que o tempo, ninguém mais
Ninguém mais canta
Muito embora de cirandas
(Oi, de cirandas)
E de meninos correndo
Atrás de bandas
Atrás de bandas que passavam
Como o rio Parnaíba
Rio manso
Passava no fim da rua
E molhava seus Lajedos
Onde a noite refletia
O brilho manso
O tempo claro da lua
Ê, São João, é, Pacatuba
Ê, rua do Barrocão
Ê, Parnaíba passando
Separando a minha rua
Das outras, do Maranhão
De longe pensando nela
Meu coração de menino
Bate forte como um sino
Que anuncia procissão
Ê, minha rua, meu povo
Ê, gente que mal nasceu
Das Dores, que morreu cedo
Luzia, que se perdeu
Macapreto, Zê Velhinho
Esse menino crescido
Que tem o peito ferido
Anda vivo, não morreu
Secretaria da Agricultura Familiar do MDA em risco
Há fortes boatos em Brasília que a Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (hoje, nas mãos de petistas vinculados às articulações dos agricultores familiares) passaria às mãos do PMDB, por conta dos acordos de composição nas eleições estaduais do próximo ano. As negociações envolveriam as chapas no Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. O novo Secretário viria do Sul e o diretor do Norte.
Se for verdade, será um grande atraso político. Nunca se avançou tanto nas elaborações de políticas públicas de apoio à agricultura familiar brasileira.
Se for verdade, será um grande atraso político. Nunca se avançou tanto nas elaborações de políticas públicas de apoio à agricultura familiar brasileira.
Empresariado brasileiro é conservador
Uma das máximas do capitalismo é o gosto pelo risco. Sem risco não há capitalista. Mas o empresariado brasileiro se formou a partir de baixo risco (que transfere quase sempre para o Estado; basta analisar a dívida privada do empresariado do setor sucro-alcooleiro que foi transferida muitas vezes para o Estado brasileiro). Agora sabemos que saímos da recessão, com o PIB crescendo 1,9% em relação ao mesmo período (janeiro a março) do ano passado (dado do IBGE). Também já sabemos que o empresariado tupiniquim exagerou nos cortes e demissões na virada de 2008 para 2009. Mas os investimentos não seguem a lógica de retomada do crescimento: obras em infraestrutura e compra de máquinas e equipamentos ficou praticamente estacionada. No trimestre, atingiu pouco mais de 15%, menor índice desde 2003.
Alguns analistas dizem que este conservadorismo se relaciona com a "memória da crise". Historicamente o nome é outro: conservadorismo empresarial.
O leitor ainda tem dúvida sobre esta afirmação? Então compare a disputa entre empresários norte-americanos em relação a quem faz maiores doações na área social (o que é antigo, basta estudar a história da criação do museu dos chineses, em Chicago) com os empresários brasileiros.
Valadares retoma inovação curricular
A última década foi marcada por um forte recuo nas inovações pedagógicas, em especial, nos municípios brasileiros. Os sistemas de controle se sobressaíram, destacando-se as avaliações sistêmicas, como IDEB, que limitam a educação aos resultados quantitativos dos alunos. Um recuo imenso que gerará um preço muito alto ao Brasil e novas gerações.
Mas Governador Valadares, sob a direção de Sames Madureira, reassumiu a liderança municipal na modernização e melhoria da qualidade curricular. Após uma importante análise da lógica de desenvolvimento do município, definiu os eixos pedagógicos da proposta curricular das escolas municipais. Os eixos adotados foram:
• Construção da a identidade social com o município (conhecimento físico, social, social, cultural e histórico)
• Formação e promoção de lideranças para o desenvolvimento sustentável
• Apropriação e desenvolvimento das diferentes linguagens
• Desenvolvimento da área cognitiva para promover a aprendizagem
• Respeito às diferenças/Diversidade
A partir destes eixos, organizaram as áreas de conhecimento, organizadas a partir dos eixos temáticos (expressão dos eixos pedagógicos gerais:
1.HUMANAS – IDENTIDADE E DIVERSIDADE
• História, formação moral, filosofia, sociologia, ensino religioso, educação física e artes
2. LINGUAGENS - COMUNICAÇÃO E NOVAS LINGUAGENS
• Português, matemática, língua estrangeira, tecnologias da informação e comunicação
3. AMBIENTE, TERRITÓRIO e TRABALHO – SUSTENTABILIDADE e PROTAGONISMO
•Ciências da natureza, tecnologias de produção e geografia
No momento, as equipes técnicas estão traduzindo os eixos para cada fase do desenvolvimento humano (educação infantil, infância, pré-adolescência, adolescência e EJA), articulando o aprofundamento dos objetivos pedagógicos de cada ciclo (detalhamento vertical do currículo) com a relação entre ciclos (detalhamento horizontal, latitudinal, do currículo, definindo coerência no processo de formação do educando).
Também aprofunda e detalha o currículo de cada modalidade, incluindo a educação do campo e educação especial.
E já inicia os preparativos para implantação do Orçamento Participativo Criança e Adolescente (a partir dos 8 anos de idade) em toda rede municipal.
Finalmente, retomamos uma lógica pedagógica aberta nos anos 90 e solapada pelo pragmatismo conservador dos gestores educacionais neste início de século.
Mas Governador Valadares, sob a direção de Sames Madureira, reassumiu a liderança municipal na modernização e melhoria da qualidade curricular. Após uma importante análise da lógica de desenvolvimento do município, definiu os eixos pedagógicos da proposta curricular das escolas municipais. Os eixos adotados foram:
• Construção da a identidade social com o município (conhecimento físico, social, social, cultural e histórico)
• Formação e promoção de lideranças para o desenvolvimento sustentável
• Apropriação e desenvolvimento das diferentes linguagens
• Desenvolvimento da área cognitiva para promover a aprendizagem
• Respeito às diferenças/Diversidade
A partir destes eixos, organizaram as áreas de conhecimento, organizadas a partir dos eixos temáticos (expressão dos eixos pedagógicos gerais:
1.HUMANAS – IDENTIDADE E DIVERSIDADE
• História, formação moral, filosofia, sociologia, ensino religioso, educação física e artes
2. LINGUAGENS - COMUNICAÇÃO E NOVAS LINGUAGENS
• Português, matemática, língua estrangeira, tecnologias da informação e comunicação
3. AMBIENTE, TERRITÓRIO e TRABALHO – SUSTENTABILIDADE e PROTAGONISMO
•Ciências da natureza, tecnologias de produção e geografia
No momento, as equipes técnicas estão traduzindo os eixos para cada fase do desenvolvimento humano (educação infantil, infância, pré-adolescência, adolescência e EJA), articulando o aprofundamento dos objetivos pedagógicos de cada ciclo (detalhamento vertical do currículo) com a relação entre ciclos (detalhamento horizontal, latitudinal, do currículo, definindo coerência no processo de formação do educando).
Também aprofunda e detalha o currículo de cada modalidade, incluindo a educação do campo e educação especial.
E já inicia os preparativos para implantação do Orçamento Participativo Criança e Adolescente (a partir dos 8 anos de idade) em toda rede municipal.
Finalmente, retomamos uma lógica pedagógica aberta nos anos 90 e solapada pelo pragmatismo conservador dos gestores educacionais neste início de século.
As várias dimensões do trabalho infantil
Tempos atrás, discutia com pesquisadores da Universidade de Manitoba (Canadá) o conceito de precariedade do desenvolvimento infantil a partir do trabalho. Uma das dimensões é física.Esforços repetitivos, lesões graves, agudas ou crônicas. Há outra dimensão, que diz respeito à construção da autonomia, ou seja, às ações repetitivas que ocorrem por medo ou respeito a quem lhe ordena, sem qualquer compreensão real ou valorativa sobre o que se faz (algo que se aproxima do processo de alienação, tão destacado pelo MST e tão esquecido quando o tema é trabalho infantil). E há, ainda, a dimensão econômica. Esta é uma das mais delicadas. O MST se contrapõe á exploração do trabalho infantil. Mas o que seria exploração, neste caso peculiar? Já detectamos a frequência de trabalho de babás que envolvem crianças que cuidam de outras menores para vizinhos, sem que nenhuma das partes considere esta atividade como trabalho. Troca-se este trabalho por um afago, uma boneca, um doce.
O fato é que o MST tem uma elaboração pedagógica que não leva em consideração as etapas de desenvolvimento humano e, portanto, as passagens tênues de uma etapa para outra. Assim como o desenho é um exercício anterior à prática da escrita (o desenho não existe apenas para este fim, mas no caso da escrita exercita o vínculo entre signo e significado, além do controle dos movimentos finos da mão), a passagem do respeito cego à regra para a construção de justiça (de escolha e construção de regras) é gradativa. Piaget já alertava para o caso de se utilizar de chantagens emocionais para uma criança repetir o que um adulto (que ela preza) faz ou deseja que ela faça por mero medo de perder o carinho e proteção. O sentimento de proteção, neste caso, é muito superior à compreensão dos motivos que levam à uma ação ensinada. Crianças que sofrem este dano no processo de aprendizagem podem se tornar adultos com baixa auto-estima e autonomia de decisão. Sem-terrinha, neste caso, é um termo que define uma condição política (mais que social, como sabemos), uma identidade de adultos, não de crianças.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Trabalho Infantil e MST
Hoje, mais uma vez, enfrentei uma difícil discussão com dirigentes do MST. Eles consideram que o trabalho infantil carrega um elemento pedagógico, de formação humana. Avaliam que o equívoco é exploração da criança.
O problema é o conceito de formação humana, que conflita com esta noção do MST. Em outras palavras, a pré-infância e infância são marcadas pela passagem da heteronomia para a autonomia. Além disto, compreende uma dimensão importante da para-lógica (ou seja, a construção de mundos imaginários e reais que se cruzam e que serão muito importantes na formação da liberdade criativa, artística e na noção de utopia, que move a humanidade). Por este motivo, a brincadeira é o elemento central de aprendizagem neste processo. Roubar o tempo de brincadeira pelo trabalho é "adultizar" as crianças. Mas o MST não pensa assim. E, por este motivo, os sem-terrinhas gritam palavras de ordem de adultos, sem compreender a dimensão do que gritam. Em suma, desconsideram que a autonomia só se consolida a partir dos 11 anos de idade. Um erro dos mais graves, porque pode fazer uma criança repetir o adulto em busca de seu reconhecimento, mesmo sem compreender de fato o que faz.
O fato é que após este debate, leio que o Brasil aparece com 13 setores da economia em que há trabalho forçado e/ou infantil em um relatório do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos divulgado hoje. O documento lista 122 produtos de 58 países cuja produção é realizada por meio de trabalho infantil, trabalho forçado ou ambos. O Ministério das Relações Exteriores brasileiro disse que "não reconhece a legitimidade" do relatório.
Segundo o documento, no Brasil, há trabalho infantil na produção de tijolos, cerâmica, algodão, calçados, mandioca, abacaxi, arroz, sisal e tabaco. Nos setores de gado e carvão além de haver trabalho infantil, ele é forçado. Já nos setores de cana-de-açúcar e madeira, os americanos detectaram a presença de trabalho forçado de mão-de-obra adulta.
O Brasil é um dos que têm mais produtos na lista, com 13 bens, atrás apenas da Índia (19) e Mianmar (14), e empatado com Bangladesh. Atrás do Brasil estão a China (12), as Filipinas (12), a Argentina (11) e o México (11). Apesar disso, o relatório esclarece que "alguns países com muitos produtos na lista podem não ter os problemas mais sérios em trabalho infantil e forçado", pois, com freqüência, "estes são os países que adotaram uma posição mais aberta sobre o problema, têm mais dados e permitiram a divulgação de informações sobre ele".
Que tal? Perceberam que vários segmentos são primários?
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Conselhos Escolares e projeto de lei de Erundina
A Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados aprovou por unanimidade parecer sobre o Projeto de Lei da deputada Luiza Erundina (PSB/DF) que fortalece os Conselhos Escolares no Brasil. Uma das inovações é a introdução do Fórum de Conselhos Escolares. Trata-se uma instância que estimularia e orientaria a criação de conselhos, bem como seria o de espaço de debates de questões ligadas à educação.
A próxima etapa do projeto, de número 4.483/2008, é a apreciação da Comissão de Constituição e Justiça. Aprovado pela CCJ, a matéria seguirá diretamente para o Senado, uma vez que tem caráter conclusivo, ou seja, não precisa ser votado na Câmara dos Deputados.
Para não dizer que não falei de movimentos sociais de BH
MOÇÃO DE REPÚDIO
A Frente de Resistência Urbana, por meio das organizações reunidas no Encontro Nacional realizado em São Paulo, entre os dias 05, 06 e 07 de setembro, manifesta seu repúdio diante da postura da Prefeitura de Belo Horizonte e do Conselho Municipal de Habitação desta cidade, quanto ao tratamento dado às ocupações ameaçadas de despejo forçado.
Recentemente, o Prefeito Márcio Lacerda (PSB) enviou à Câmara Municipal de Belo Horizonte Projeto de Lei que regulamenta o Programa Minha Casa, Minha Vida prevendo, em seu artigo 13, que “as famílias que invadirem áreas de propriedade pública ou privada a partir da data de publicação desta lei não serão contempladas pela mesma” (PL n° 728/09).
Essa norma vai na contramão da formação histórica das periferias urbanas e nos remonta aos tempos da ditadura militar, quando a luta pela garantia dos direitos fundamentais recebia como resposta a prescrição de severas sanções cíveis e penais, fruto do autoritarismo de Estado.
O referido artigo, além de claramente inconstitucional, fere a própria Lei Federal do Minha Casa, Minha Vida quando esta, apesar de seu atrelamento com os interesses do capital imobiliário, prevê que as famílias de baixa renda que moram em “assentamentos irregulares” terão prioridade para fins de contemplação (Lei n° 11.977/09, art. 3°, § 3°).
Nesse sentido, reiteramos nosso apóio às famílias belorizontinas ameaçadas de despejo forçado de modo a fortalecer a luta contra a intransigência e o extremismo da Prefeitura de Belo Horizonte.
FRENTE DE RESISTÊNCIA URBANA
Quilombo Urbano (MA) – Círculo Palmarino (PA) – MTST (PA) – MTST (RR) – MTST (AM) – Movimento de Famílias Sem Teto (PE) – Movimento dos Conselhos Populares (CE) – Brigadas Populares (MG) – Fórum de Moradia do Barreiro (MG) – Ocupação Zumbi dos Palmares (RJ) – MTST (RJ) – Ocupação Chiquinha Gonzaga (RJ) – Rede Contra a Violência (RJ) – MTST (SP) – MUST (SP) – MTL (SP) – Movimento Passe Livre (SP) – Associação de Familiares (BA) – MSTB (BA) – MTST (DF)
A Frente de Resistência Urbana, por meio das organizações reunidas no Encontro Nacional realizado em São Paulo, entre os dias 05, 06 e 07 de setembro, manifesta seu repúdio diante da postura da Prefeitura de Belo Horizonte e do Conselho Municipal de Habitação desta cidade, quanto ao tratamento dado às ocupações ameaçadas de despejo forçado.
Recentemente, o Prefeito Márcio Lacerda (PSB) enviou à Câmara Municipal de Belo Horizonte Projeto de Lei que regulamenta o Programa Minha Casa, Minha Vida prevendo, em seu artigo 13, que “as famílias que invadirem áreas de propriedade pública ou privada a partir da data de publicação desta lei não serão contempladas pela mesma” (PL n° 728/09).
Essa norma vai na contramão da formação histórica das periferias urbanas e nos remonta aos tempos da ditadura militar, quando a luta pela garantia dos direitos fundamentais recebia como resposta a prescrição de severas sanções cíveis e penais, fruto do autoritarismo de Estado.
O referido artigo, além de claramente inconstitucional, fere a própria Lei Federal do Minha Casa, Minha Vida quando esta, apesar de seu atrelamento com os interesses do capital imobiliário, prevê que as famílias de baixa renda que moram em “assentamentos irregulares” terão prioridade para fins de contemplação (Lei n° 11.977/09, art. 3°, § 3°).
Nesse sentido, reiteramos nosso apóio às famílias belorizontinas ameaçadas de despejo forçado de modo a fortalecer a luta contra a intransigência e o extremismo da Prefeitura de Belo Horizonte.
FRENTE DE RESISTÊNCIA URBANA
Quilombo Urbano (MA) – Círculo Palmarino (PA) – MTST (PA) – MTST (RR) – MTST (AM) – Movimento de Famílias Sem Teto (PE) – Movimento dos Conselhos Populares (CE) – Brigadas Populares (MG) – Fórum de Moradia do Barreiro (MG) – Ocupação Zumbi dos Palmares (RJ) – MTST (RJ) – Ocupação Chiquinha Gonzaga (RJ) – Rede Contra a Violência (RJ) – MTST (SP) – MUST (SP) – MTL (SP) – Movimento Passe Livre (SP) – Associação de Familiares (BA) – MSTB (BA) – MTST (DF)
Ainda sobre a pesquisa Sensus
A pesquisa CNT-Sensus testou oito cenários de primeiro turno para a Presidência, os oito com Marina, único nome a figurar em todas as simulações. A presidenciável verde oscila entre 4,8% das intenções de todo (contra José Serra, do PSDB, Dilma Rousseff, pelo PT, e Heloísa Helena, do Psol) e 11,2% (apenas contra Dilma e o tucano Aécio Neves).
Dilma Rousseff aparece em segundo lugar no cenário em que concorre com José Serra (19,0% contra 39,5%). Vence (por 23,3% a 16,8%) quando enfrenta Aécio Neves como candidato tucano.
As simulações de segundo turno, que permitem a comparação com a edição anterior, mostram oscilação negativa da candidata de Lula, embora dentro da margem de erro da pesquisa, de 3 pontos para mais ou para menos. Contra Serra, que se manteve estacionário (49,7% em maio, 49,9% em setembro), Dilma perde 3,7 pontos (28,7% em maio, 25,0% agora). É a primeira vez que a CNT-Sensus aponta oscilação negativa da intenção de voto em Dilma Rousseff.
Em um segundo turno contra Aécio, Dilma também oscila 3,6 pontos para baixo, embora continue vencendo, por 35,8% a 26,0% (em maio eram 39,4% e 25,9%).
Ciro também venceria um segundo turno contra Aécio, por 30,1% a 24%. Já num confronto final com Palocci, Aécio venceria por 31,4% a 17,5%, segundo a CNT-Sensus.
A pequisa mostra que José Serra é o presidenciável mais conhecido – apenas 5,2% dos entrevistados declararam não conhecê-lo. Em segundo lugar vem Ciro (13,2%), em terceiro Heloísa (16,6%) e em quarto Dilma (17,1%). Palocci (29,6%), Aécio (30,2%) e Marina (33,3%) são os menos conhecidos.
No quesito rejeição (em quem o entrevistado "não votaria de jeito nenhum") inverte-se a ordem. Palocci tem a maior rejeição (45,8%), seguido por Heloísa (43,0%), Ciro (39,9%) e Marina (39,0%). Dilma tem rejeição de 37,6%. Serra (29,1%) e Aécio (26,3%) são os presidenciáveis com menor rejeição segundo a CNT-Sensus.
Para 59% Brasil 'sai fortalecido' da crise
As avaliações de que o Brasil "está saindo da crise econômica e financeira" passaram de 35,9% em maio para 52,0% em setembro, enquanto as afirmações de que "continua na crise" recuaram de 55,3% para 40,7%. Indagados sobre "como o Brasil vai sair nesta crise", 59,4% responderam que o país "vai sair fortalecido" (em maio eram 55,9%) e 15,6% que "vai sair enfraquecido" (em maio, 19,7%).
A avaliação dos entrevistados mostrou-se mais negativa em relação a saúde (49,4% acham que piorou nos últimos seis meses e 23,4% que melhorou). Já as percepções sobre emprego, renda e educação mostraram-se mais positivas. Na área da segurança pública, a avaliação permanece negativa, porém atenuada em relação à edição anterior da pesquisa, em maio.
Já na pergunta que mede a expectativa para os próximos seis meses, todas as cinco perguntas tiveram resposta predominantemente positiva. O emprego vai melhorar para 19,6% e piorar para 12,4% (em maio, 56,4% a 16,5%). Mesmo na segurança pública, 48,2% avaliam que vai melhorar e 19,1% que vai piorar (em maio, 47,6% e 23,0%).
A peculiaridade mostrada pela CNT-Sensus é que o governador Jos Serra também tem o seu pior desempenho na Região Sudeste. Ele alcança ali 36,7% das intenções de voto, menos ainda que no Nordeste, onde tem 38,2%. O melhor desempenho de Serra é no Sul: 48,3% (os números são do primeiro cenário do primeiro turno, mas a tendência se repete nas outras hipóteses testadas).
Já Aécio Neves, ao contrário, tem seu melhor desempenho da Região Sudeste: chega alí a 21,4%, bais que os 18,9% obtidos no Sul, os 14,2% do Norte e os 9.9% no Nordeste (dados do segundo cenário). Os relatórios não permitem distinguir como se comportam os dois tucanos em São Paulo, base de Serra, e em Minas Gerais, bastião de Aécio, que são os maiores colégios eleitorais do país e compõem a Região Sudeste.
Dilma Rousseff aparece em segundo lugar no cenário em que concorre com José Serra (19,0% contra 39,5%). Vence (por 23,3% a 16,8%) quando enfrenta Aécio Neves como candidato tucano.
As simulações de segundo turno, que permitem a comparação com a edição anterior, mostram oscilação negativa da candidata de Lula, embora dentro da margem de erro da pesquisa, de 3 pontos para mais ou para menos. Contra Serra, que se manteve estacionário (49,7% em maio, 49,9% em setembro), Dilma perde 3,7 pontos (28,7% em maio, 25,0% agora). É a primeira vez que a CNT-Sensus aponta oscilação negativa da intenção de voto em Dilma Rousseff.
Em um segundo turno contra Aécio, Dilma também oscila 3,6 pontos para baixo, embora continue vencendo, por 35,8% a 26,0% (em maio eram 39,4% e 25,9%).
Ciro também venceria um segundo turno contra Aécio, por 30,1% a 24%. Já num confronto final com Palocci, Aécio venceria por 31,4% a 17,5%, segundo a CNT-Sensus.
A pequisa mostra que José Serra é o presidenciável mais conhecido – apenas 5,2% dos entrevistados declararam não conhecê-lo. Em segundo lugar vem Ciro (13,2%), em terceiro Heloísa (16,6%) e em quarto Dilma (17,1%). Palocci (29,6%), Aécio (30,2%) e Marina (33,3%) são os menos conhecidos.
No quesito rejeição (em quem o entrevistado "não votaria de jeito nenhum") inverte-se a ordem. Palocci tem a maior rejeição (45,8%), seguido por Heloísa (43,0%), Ciro (39,9%) e Marina (39,0%). Dilma tem rejeição de 37,6%. Serra (29,1%) e Aécio (26,3%) são os presidenciáveis com menor rejeição segundo a CNT-Sensus.
Para 59% Brasil 'sai fortalecido' da crise
As avaliações de que o Brasil "está saindo da crise econômica e financeira" passaram de 35,9% em maio para 52,0% em setembro, enquanto as afirmações de que "continua na crise" recuaram de 55,3% para 40,7%. Indagados sobre "como o Brasil vai sair nesta crise", 59,4% responderam que o país "vai sair fortalecido" (em maio eram 55,9%) e 15,6% que "vai sair enfraquecido" (em maio, 19,7%).
A avaliação dos entrevistados mostrou-se mais negativa em relação a saúde (49,4% acham que piorou nos últimos seis meses e 23,4% que melhorou). Já as percepções sobre emprego, renda e educação mostraram-se mais positivas. Na área da segurança pública, a avaliação permanece negativa, porém atenuada em relação à edição anterior da pesquisa, em maio.
Já na pergunta que mede a expectativa para os próximos seis meses, todas as cinco perguntas tiveram resposta predominantemente positiva. O emprego vai melhorar para 19,6% e piorar para 12,4% (em maio, 56,4% a 16,5%). Mesmo na segurança pública, 48,2% avaliam que vai melhorar e 19,1% que vai piorar (em maio, 47,6% e 23,0%).
A peculiaridade mostrada pela CNT-Sensus é que o governador Jos Serra também tem o seu pior desempenho na Região Sudeste. Ele alcança ali 36,7% das intenções de voto, menos ainda que no Nordeste, onde tem 38,2%. O melhor desempenho de Serra é no Sul: 48,3% (os números são do primeiro cenário do primeiro turno, mas a tendência se repete nas outras hipóteses testadas).
Já Aécio Neves, ao contrário, tem seu melhor desempenho da Região Sudeste: chega alí a 21,4%, bais que os 18,9% obtidos no Sul, os 14,2% do Norte e os 9.9% no Nordeste (dados do segundo cenário). Os relatórios não permitem distinguir como se comportam os dois tucanos em São Paulo, base de Serra, e em Minas Gerais, bastião de Aécio, que são os maiores colégios eleitorais do país e compõem a Região Sudeste.
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