domingo, 22 de março de 2009

Mais sobre a nova classe média brasileira


A crise pode afetar o crescimento vertiginoso e constante da classe média baixa no Brasil. Mas, ainda assim, é o fenômeno sociológico mais importante do país dos últimos anos. Quase metade (42%) dos consumidores brasileiros são, hoje, classe C. São 86 milhões de brasileiros inseridos nesta classe social, a soma da população do Canadá e Coréia do Sul. Várias empresas brasileiras já se atentam para tal fenômeno. A empresa aérea Azul é uma delas. Mas os aeroportos brasileiros com maior oferta de vôos estão em capitais. Carros zero no nordeste localizam-se nas capitais. Há um imenso mercado emergente a ser explorado. Até o momento, somente uma fatia das empresas focaram seu mercado neste segmento social (supermercados, alimentos, limpeza doméstica, higiene pessoal). Um interessante artigo de Alberto Carlos Almeida, publicado no suplemento EU&, do jornal Valor Econômico do último final de semana, revela que 52% dos consumidores de baixa escolaridade desejariam reformar a cozinha de sua casa. Na medida em que aumenta a escolaridade, sala é mais citado. Consumidores com nível universitário citam o quarto, deixando a cozinha em terceiro plano, ao lado do banheiro. Uma das hipóteses de interpretação apresentada pelo autor do artigo é que os mais pobres valorizam mais os espaços de socialização, de culto à família. O quarto é o espaço da intimidade, de culto à individualidade.
Entretanto, pelo ressentimento, se há maior valorização da socialização familiar, ela se dissipa quanto mais público for o espaço. Mas o ressentimento gera desconfiança e alimenta a explosão latente. Em algum momento, o sentimento de injustiça transborda.

Nenhum comentário: