sábado, 7 de março de 2009

Igreja e Aborto: falando sobre o que não sabe


O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso (na foto), ocupa o mesmo cargo que já foi de dom Hélder Câmara. Que ironia! Desandou a falar sobre o que, com certeza, menos sabe. Torturou a memória de Dom Hélder. Dizer que aborto é mais grave que estupro é um desrespeito e uma grosseria para com toda a cidadania (e principalmente as mulheres) brasileira. Uma ofensa que merece uma ação na justiça. É assim que a cidadania reaje à ofensa. Além disto, o arcebispo promove a desobediência civil, já que o aborto é permitido, por lei, em nosso país em caso de estupro (caso da triste história da menina de 9 anos, em questão).
O principal estudo sobre o perfil das mulheres brasileiras que aborataram revela que elas têm entre 20 e 29 anos, são casadas, com até oito anos de estudo, trabalhadoras, católicas e com pelo menos um filho. Entre 70,8% e 90,5% de quem opta pelo procedimento já tem filhos. Os dados desse perfil estão no documento Aborto e Saúde Pública: 20 anos de Pesquisas no Brasil, relatório produzido pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O número de abortos com amparo legal cresceu 43% na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), passando de 2.130, em 2007, para 3.053, em 2008.
É isto que este homem não sabe. Deveria ter coragem e excomungar essas 12 mil mulheres/ano. Vá em frente e destrua a base social da igreja católica no Brasil.
O arcebispo, no mínimo, deveria compreender os valores e motivações de estupradores e mulheres que abortaram para fazer um juízo mais adequado. Fala sobre o que não sabe e promove o fundamentalismo católico em nosso país. Um desastre.

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