sábado, 14 de março de 2009
Ainda sobre a política educacional mineira
É possível definir os contornos da política educacional do governo Aécio Neves. Vou tentar sintetizar:
1) Ausência de estratégia de desenvolvimento global: este é um problema que afeta toda área social do governo estadual. Fragmentação é a marca e não se consegue, ao juntar os múltiplos programas, conceber uma lógica, uma visão de futuro. O governo está enterrado no presente;
2) Referência no modelo empresarial: sem qualquer questionamento ou adaptação, a Secretaria de Educação adota vários instrumentos do Estado Gerencial, modelo adotado ao longo dos anos 80 no Reino Unido;
3) Controle e efeito-demonstração do período do regime militar: sem grandes reflexões e embasamentos, a SEEMG (Secretaria Estadual de Educação) adota a lógica de escolas modelo/piloto, além do aumento dos sistemas de controle externo sobre o professor;
4) Terceirização das atividades formativas: a SEEMG desmontou os programas e estruturas próprias do Estado de MG voltadas para a formação de professores. Uma pena. Terceirizou tudo, para felicidade das empresas que acendem velas para todos os santos. Muitos já passaram por inúmeros governos que adotaram propostas diametralmente opostas. Mas continuam.
Tenho minhas dúvidas que a referência no modelo empresarial e do regime militar seja algo pensado. Tenho a impressão, pela ausência de estratégia e contradição interna das políticas pedagógicas da SEEMG (profundas, como a distância imensa entre a proposta curricular para ensino fundamental e médio), que se trata de uma espécie de "bricolage". Também imagino que seja uma influência externa e não produto de Minas Gerais. O fato é que o conjunto da obra é bem ruim e muito atrasado. Olha-se para o passado e é pouco ousado. Todas propostas (incluindo a aceleração de aprendizagem) já foram testadas no Brasil e todas deram errado.
Algo que é muito estranho. O governador já teria dados suficientes para ter mudado a equipe que dirige a SEEMG. Tem quadros bons no PSDB. Mas insiste, por alguma razão absolutamente subjetiva. Na roça se diz que é um estilo "turrão". Mesmo porque, e não vou nominar neste momento, vários secretários do governo Aécio já me confidenciaram que é muito difícil trabalhar com a atual secretária de educação. Várias secretarias possuem programas educacionais e tentam articular ações conjuntas, sem qualquer sucesso. O governador deve saber disto. Mas prefere combater o problema com publicidade. Estranho, porque marketing sem conteúdo não se sustenta por muito tempo.
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