terça-feira, 3 de março de 2009

Apostas sobre Economia dos EUA, Europa e China


De Francisco Petros e José Marcio Mendonça, do "Migalhas":
(1) O pacote de estímulo econômico promovido pelo governo de Obama nos EUA e aprovado há duas semanas pelo Congresso norte-americano é claramente insuficiente para cumprir os dois papéis aos quais se destina, a saber, (i) relançar as bases de um consumo sustentado e (ii) sanar o setor financeiro do país;
(2) No que se refere ao setor financeiro, a estatização do Citigroup é apenas uma evidência (importante) do que está a acontecer. Os bancos americanos estão literalmente quebrados e absolutamente incapacitados de prover crédito novo e sadio para os consumidores. Mais bancos devem ser liquidados ou estatizados;
(3) Ao redor do mundo, especialmente nos países europeus, o que se vê é que a irresponsabilidade no setor financeiro seguiu os mesmos padrões americanos. Na Inglaterra, apenas para citar o caso mais grave, o sistema está quebrado e ainda está em fase inicial a contaminação do setor real, sobretudo os grandes provedores de ofertas de emprego, como é o caso da construção civil;
(4) Os países com melhor desempenho em termos de atividade econômica, como o Brasil, a Índia e, sobretudo, a China, ainda estão iniciando o processo de desaceleração mais forte de suas economias. Isto deve agravar ainda mais a situação da economia mundial. Se a China foi argumento para tanto otimismo no passado recente, por que o inverso não seria verdadeiro ?;
(5) O protecionismo vai ser um dos maiores riscos desta crise. Os países, por razões políticas domésticas, estão a traçar estratégias para proteger as suas respectivas economias (e empregos). No conjunto da economia mundial estas estratégias se constituem em verdadeiras tragédias, pois reduzem a atividade global já deprimida e, ademais, podem concorrer para um processo de desvalorizações cambiais altamente perigosas;
(6) A debilidade econômica crescente no mundo retira dos Estados a principal capacidade política e econômica do momento que a de constituir déficits para estimular o emprego, o consumo e o investimento. Menor atividade econômica implica em menor arrecadação, logo em maiores déficits, fato este que aumenta a desconfiança dos agentes em relação ao futuro - a solvência das dívidas públicas passa a ser questionada. O comportamento especulativo do mercado de metais se deve a este fator;
(7) Ainda não estão produzidos todos os efeitos políticos da atual crise, ou seja, o aumento do desemprego e a recessão vão aumentar a pressão sobre os governos e, por conseguinte, haverá maior instabilidade política.
Brasil cada vez mais afetado

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