sábado, 18 de outubro de 2008
São Paulo: convervadorismo e violência
São Paulo é um estado de cultura política conservadora. Daí as máquinas políticas funcionarem como peixe no aquário. A cultura conservadora vem de um estímulo social ao sucesso permanente, que se desdobra em consumismo desenfreado e a necessidade de todos se revelarem poderosos. Soma-se a este estilo de comportamento a imensa agressividade paulista (principalmente paulistana), marcada pela objetividade (que Weber denominou de racionalidade em função de uma finalidade). O pobre é, assim como a ética protestante e o espírito do capitalismo, demonstração de derrota, de ignorância. Dificilmente a esquerda prospera neste terreno, a não ser que capitule. Criam-se redes poderosas, marcadas pela lealdade e troca de favores (numa vertente neo-clientelista, onde as relações de dependência criam uma rede unificada a partir dos operadores políticos, quase ignorando os eleitores), envolvendo muito dinheiro, obras e serviços. Foi assim com Maluf, Quércia, Fleury, Alckmin. Daí porque governadores e ex-governadores disputam palmo a palmo as regiões e cargos de confiança instalados no interior paulista, mesmo quando são do mesmo partido. Porque o que funciona em SP não é necessariamente o partido, mas o grupo político. Obviamente que a grande imprensa paulista e o discurso dos políticos oficiais cria uma aura de modernidade e racionalidade que não há, de fato. Mas o mundo real dá seu ar da graça, de tempos em tempos. O absurdo da luta campal entre polícias e o desfecho do sequestro da ex-namorada de um industriário em Santo André indicam que a poeira pode ficar por muito tempo embaixo do tapete. Mas uma lufada pode revelar o que está escondido, a qualquer momento.
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