Em poucas horas, mais de 20 prefeitos do PT mineiro estarão reunidos em Nova Resende, um pequeno município de 15 mil habitantes localizado no sul de Minas Gerais. Nada mais significativo. Os prefeitos petistas mineiros, que somam mais de 100 (é o Estado que elegeu mais prefeitos petistas em todo o país) administram, em sua maioria, pequenos municípios. E se sentem abandonados. Numa dessas coincidências que não ocorrem todos os dias, um dos prefeitos que lideram esta reunião leva como sobrenome a palavra órfão. Roberto Órfão, prefeito de Machado, também no sul de Minas Gerais, já se cansou de dizer que o que quer é respeito aos prefeitos. Não quer formar corrente interna ou se rebelar contra uma ou outra pessoa. Os prefeitos querem apenas que sejam ouvidos e respeitados. E, de quebra, querem uma volta para o futuro, a volta à base e o fim de disputas internas que só diminuem o partido no Estado.
Conversei com alguns desses prefeitos que estarão reunidos às 16 horas em Nova Resende. Todos estão quentes, afiados, prontos para o jogo. Alguns não conseguem conter a frustração e decepção com o tratamente que vêm recebendo, que os transforma em meros cabos eleitorais.
Talvez o PT ouça uma outra voz militante a partir de hoje. Mas o diretório nacional caminha em rota contrária. Nas comemorações dos 31 anos da legenda, o que os "capas pretas" discutiam é o novo estatuto do partido. Na prática, as alterações podem ter reflexos nas eleições municipais do ano que vem, já que uma das propostas é endurecer a política de alianças: os diretórios municipais poderão não ter autonomia na definição dos aliados na disputa pelas prefeituras, em 2012. Em outra ponta,uma ala da legenda quer que os diretórios regionais tenham mais poder de barganha.
Nada mais fora de sintonia com os dirigentes municipais do seu próprio partido. O centralismo que defendem é justamente o inverso da aproximação das bases. Não se trata de uma mera crise de crescimento. Trata-se de uma crise de representação.
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