terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Seca na China e especulação de preços de commodities


Depois da seca e forte calor que atingiu a Rússia, em 2010 (afetando sua produção de trigo), e as enchentes que atingiram a Austrália, no início deste ano, agora a FAO se preocupa com os preços globais de alimentos em função da seca que atinge a China. A seca chinesa não afetou, até o momento, a produção de trigo, mas como as temperaturas de fevereiro ficaram abaixo do normal, teme-se o impacto sobre o próximo período, da primavera. Obviamente que tal cenário aumenta a especulação internacional de commodities, fazendo o ciclo vicioso girar. Na Somália, os preços da água subiram 300% nos dois primeiros meses deste ano. Já se conta com uma provável explosão social, tal como ocorreu na Tunísia e Egito, neste país.
A China, muito apreensiva com a onda de protestos populares no mundo árabe, liberou um fundo de 15 bilhões de dólares para financiar agricultores locais. A seca atinge mais fortemente as províncias produtoras de trigo (Shandong, Jiangsu, Henan, Hebei e Shanxi, que representam terços da produção nacional de trigo). 5,16 milhões de hectares utilizados para a produção de trigo nacional (1/3 do total) estão ameaçados.
O porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores, Ma Zhaoxu, garantiu que não haverá desabastecimento. No entanto, Zhaoxu reconheceu que, em caso da situação alongar-se, "seria preciso tomar medidas para minimizar o impacto, tanto em nível local como internacional".
Seca é uma constante na China

O interessante é que os títulos de manchetes de jornais do mundo todo a respeito da seca na China reproduzem as manchetes de outros anos. Fala-se na pior seca que atingiu a China em 60 anos. Em 2010, uma forte seca atingiu o sul da China. Já se dizia que era a pior seca dos últimos 50 anos. No ano passado, a seca deixou o rio Mekong com a metade de seu caudal habitual nesta época do ano, causando transtornos a mais de 20 barcos que percorriam o rio e ficaram atolados, informou a agência chinesa Xinhua. Os preços do milho subiram em função da seca no sudoeste da China. Comentava-se que o governo chinês seria obrigado a aumentar suas importações. Em 2008, cerca de 560 mil moradores da província chinesa de Shanxi ficaram sem água potável devido à seca registrada desde meados de maio. A província no norte do país registrou uma precipitação pluvial de 25,3 mm em maio. O montante foi de 14,9 mm, ou cerca de 40% menos que a média dos anos anteriores. O especialista em agricultura do Centro Climatológico provincial, Wang Zhiwei, assinalou, naquele ano, que a seca afetou 790.666,6 hectares de cultivos e poderia dificultar a colheita de algodão e milho. Em 2007, afirmou-se que a China passava pela pior seca... dos últimos 60 anos. Mais de 1,6 milhão de pessoas estão sofrendo com a falta de água no norte, oeste e em algumas localidades centrais. A província de Ganzu, no noroeste do país, foi a mais afetada. Mais de 900 mil pessoas foram atingidas pela seca.

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