Uma oposição consentida
JOÃO BOSCO RABELLO – O Estado de S.Paulo
A desistência do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) de disputar a presidência da Câmara, determinada pela constatação de que não reuniria os votos necessários a uma dissidência na base aliada, mostra também uma oposição envolvida com sua própria sobrevivência e distante de seu papel no processo político. Além de não conseguir o apoio do chamado ”bloquinho”, formado por PDT, PSB e PC do B, Aldo não conseguiu reunir sequer a oposição em torno de seu nome. PSDB e DEM negociaram seu apoio ao acordo que ungirá Marco Maia (PT-RS) presidente da Casa antes mesmo de ele ganhar consistência. Ambos com expressiva redução em seus quadros cuidaram de garantir a preservação da proporcionalidade na distribuição de cargos e espaços nas comissões que já havia antes das eleições. Assim, a derrota eleitoral não representará necessariamente perda de posições no Legislativo. O caso do DEM é mais contundente: seus 43 votos podem ser decisivos em votações estratégicas. Como seriam se houvesse disputa para o comando da Casa. Por ora, garantiu um lugar na Mesa Diretora e a presidência de duas comissões – provavelmente as que já ocupava: Defesa do Consumidor e Meio Ambiente. O PSDB, diz-se, terá uma vice-presidência. Lideranças do DEM justificam o pacto com o adversário como forma de ter meios regimentais mínimos para exercer a oposição. Ainda que consentida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário