sábado, 16 de maio de 2009

Internet e o Hiperlocal


Num debate recente, Steven Johnson citou o site Outside.in como exemplo das possibilidades de novas formas de comunicação em que se agregam, num mesmo local, notícias a respeito da vizinhança e bairros, criando um imenso desktop de microeventos e até mesmo notícias instantâneas. Um lugar para qualquer um se ver e saber o que ocorre ao seu lado. Johnson acredita que esta experiência não pode ser acompanhado por nenhum veículo moderno de comunicação (jornal, revista, televisão, rádio) porque seria uma verdadeira teia sem fim.
Alex Primo, em seu blog , comenta que o espaço infinito da web permite que tudo seja publicado: discursos e debates na íntegra, notícias pontuais que visam pequenos públicos, opiniões radicais, sem muito critério editorial.
Alex vai além e cita o exemplo do "broker", quando você replica uma mensagem na internet, criando "uma ponte entre redes sociais diferentes. Esse fenômeno, chamado na teoria de redes sociais como "structural holes", viabiliza que informações ultrapassarem a simples circulação entre participantes de uma dada rede, "escoando" para outras redes."
Este debate é muito novo e interessantíssimo. Tem riscos e insuficiências, como vemos. Mas pode definir um amplo campo de novas relações sociais e políticas. Pode redefinir formas de governo, de tomada de decisões e representação.

6 comentários:

AngelMira disse...

Excelente essa postagem. Muito se tem falado e discutido sobre o tema. Não me aprofundando no tema, até por incapacidade mesmo, prefiro crer que é um meio social de exercício da cidadania, principalmente em locais menores, onde as pessoas têm uma maior inibição para exercer seu papel. O tão falado provincianismo.

Sei que talvez esteja pontuando minhas considerações, mas veja recentemente no Jornal O Globo um estudioso do tema chamou essas ferramentas de "DEMOCRACIA DIGITAL", um termo com oqual me simpatizo.

Abçs

Rudá Ricci disse...

Estou lendo o livro "Cultura da Interface" de Steven Johnson. O subtítulo é "Como o computador transforma nossa maneira de criar e comunicar". Título e subtítulo estão distantes do conteúdo. Embora em linguagem muito simples, o tema é bem inusitado e, por este motivo, se torna complexo. Logo no primeiro capítulo, por exemplo, ele cita a inovação que foi o mouse. Nunca havia pensado isso, mas ele revela a novidade que é a conexão direta entre o movimento do mouse e a caminhada da flecha na tela, caminhando através dos códigos binários 0 e 1 que é o que o software lê. É realmente interessante porque, como ele registra, não se trata de solicitar um movimento ao computador, mas é como se o corpo físico estivesse no interior da massa amorfa que aparece na tela. Algo que reporta à física quântica, esta situação indefinida entre matéria e energia.
Um mundo muito estranho.

AngelMira disse...

Só para corrigir, a expressão que citei acima é DEMOCRACIA ELETRÔNICA, termo utilizado pelo professor Stephen Coleman, do Instituto de Estudos em Comunicação da Universidade de Leeds, Inglaterra, um dos fundadores do conceito de democracia eletrônica.
Perdi o link, mas foi divulgado no site da Universidade de São Carlos.
Segue um trecho:
"CC - Como a democracia eletrônica melhora a democracia?
SC - Tomando as idéias e experiências seriamente e criando mecanismos para ligá-las à forma oficial do desenvolvimento político.

CC - Haveria alguma mudança cultural provocada pela democracia eletrônica?
SC - Há duas prováveis mudanças culturais. Uma diz respeito às elites políticas, que teriam menos monopólio na tomada de decisões e teriam um papel mais de apoio. A outra está relacionada às pessoas que não se consideram políticas, mas querem influenciar a forma como elas são governadas em alguns aspectos. A democracia eletrônica fortaleceria tais cidadãos a se engajar em discussões políticas sem a necessidade de se tornarem integralmente ativistas políticos".

AngelMira disse...

É verdade, trata-se de tema complexo, de tanta simplicidade, envolvendo uma multidisciplinaridade para tentar compreender.
Interessante, sou fã do seu blogue.

Rudá Ricci disse...

Elaborei um texto sobre Democracia Eletrônica para um curso EAD em que fui professor, pela UFMG. Envolvia alunos da França, Espanha, Portugal, Peru, Chile, Argentina e Brasil. Se interessar, posso enviar.

AngelMira disse...

Claro que interessa... Desde já, peço que me envie e tb peço autorização p publicá-lo em meu blogue, cfe. e-mail que lhe enviei.

Abçs