segunda-feira, 9 de junho de 2008
Intelectuais, dignidade e feminismo
Estou lendo o livro "As paixões intelectuais" escrito pela filósofa e feminista francesa, Elisabeth Badinter. A autora já escreveu sobre a identidade masculina (que seria constituída, segundo sua proposição, pela necessidade do menino se separar de sua mãe que, por sua vez, representaria o universo feminino) e sobre o mito do amor materno (como sentimento não inerente à condição feminina). A partir desta perspectiva peculiar, a autora analisa a sociedade do século XVIII, com foco nas relações pessoais e intelectuais dos eruditos da época. Este foco é dos mais interessantes. Mas o que me atraiu inicialmente foi o tema do segundo volume (trata-se de uma trilogia): "Exigência de dignidade". Badinter utiliza fontes de pesquisa coerentes com sua perspectiva: correspondências dos intelectuais com seus pares e suas amantes. Comentarei, mais adiante, o livro. Mas registro um contraponto a partir de outro livro sobre intelectuais, escrito pela argentina Beatriz Sarlo (Cenas da Vida Pós-Moderna). A autora se questiona sobre o papel dos intelectuais no mundo globalizado. O caminho de Sarlo é mais áspero, já que sugere que o mundo contemporâneo "tranca artistas em guetos esnobes ou faixas de mercado especializadas". Os intelectuais estariam presos a um pêndulo, entre escola e mercado. O intelectual não especializado atuaria como uma espécie de professor informal da opinião pública pela imprensa, mediante o corpo presente de sua assinatura pessoal e intransferível. Algo bem francês, diga-se de passagem.
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