sexta-feira, 20 de junho de 2008

As críticas crescentes a revista Veja


As críticas à Veja aumentam consideravelmente, tendo como foco a parcialidade e falta de princípios básicos do jornalismo. Confesso que não gosto de criticar a imprensa, seja ela de que lado for, porque sei o quanto é fundamental a liberdade de crítica. Mas recebi uma mensagem que reproduz uma carta de Roberto Efrem Filho, mestrando em direito pela UFPE, onde faz um elogio público ao pai, que cancelou sua assinatura da Veja. E vou abrir uma exceção. A carta explica um pouco da onda de críticas:
"Hoje, dia 10 de junho do ano de 2008, foi o dia em que meu pai cancelou a renovação da Revista VEJA. É bem verdade que há fatos históricos um tanto quanto mais importantes e você deve estar se perguntando “o que cargas d’água eu tenho a ver com isso?”. (...) É um ato de pequenas dimensões objetivas, realizado no espaço particular de uma família de classe média brasileira, sem relevantes conseqüências materiais para as finanças da Editora Abril, sem repercussões no latifúndio midiático nacional. A função deste texto, portanto, é a de provar que meu pai é um herói. Logo no comecinho, na terceira e quarta folhas, estão as páginas amarelas da Revista. Nelas, acham-se as entrevistas com personalidades tidas como renomadas e com muito a dizer ao país. Esta semana a VEJA apresenta as opiniões de Patrick Michaels (?), climatologista norte-americano que afirma a inexistência de motivos para temores com o aquecimento global. Na semana passada, deu-se voz ao “jovem herói” Yon Goicoechea (?), um “líder” estudantil venezuelano oposicionista de Chávez e defensor da tese de que a ideologia deve ser afastada para que a liberdade seja conquistada contra o regime “ditatorial” chavista. Não. Não é que a VEJA não conheça o aumento dos níveis dos mares, dos números de casos de câncer de pele, do desmatamento da Amazônia, da escassez da água e dos recursos naturais como um todo e de suas conseqüências na produção mundial de alimentos. Sim, ela conhece. (...) Do mesmo modo que conhece e sabe da existência de diferentes opiniões (ideológicas, como tudo) sobre ambos os assuntos e não as manifesta. Acontece que isso ela também vende: o silêncio sobre o que não é lucrativo pronunciar. Meu pai, por sua vez, é um trabalhador. Casado com Fátima, minha mãe, e pai também de Rafael, criou seus filhos com princípios que ele preserva como inalienáveis. Já votou no PT. Já votou no PSDB e mesmo no PFL (“porque foi o jeito, meu filho!”). Opõe-se a qualquer tipo de ditadura (conceito no qual incluía até pouco tempo o governo de Chávez: coisas da VEJA). Já se disse socialista, na juventude. É praticante da doutrina espírita desde menino. Discorda de mim em milhares de coisas. Concorda noutras. É um bom e sonhador homem com quem eu quero sempre parecer. Hoje, ele cancelou a renovação da Revista VEJA, aquilo que para ele já foi seu meio de conhecimento do mundo, depois de chamar de “idiota” a entrevista daquele herói das páginas amarelas sobre o qual falei acima. Antes, havia criticado fortemente um artigo de Reinaldo Azevedo publicado na Revista, em que Azevedo falava atrocidades sobre Paulo Freire: “meu filho, veja que besteira esse homem está dizendo sobre Paulo Freire”."

5 comentários:

Gisele disse...

Bem, Rudá, o que mto me preocupa é o recrudescimento do discurso fascitóide à-lá Veja entre as pessoas, aqui em São Paulo. Some Veja + Jornalismo da Record = Tucanos e PFL no poder.

Rudá Ricci disse...

Pois é. O que é difícil das pessoas compreenderem é que São Paulo é um Estado conservador. Ao contrário de Nova York que é realmente cosmopolita e progressista ou tantas outras capitais e Estados ricos como SP. Parece que o discurso de ser "locomotiva" do país gera uma grande ânsia pelo status, pelo consumo, pela aparência, pela manutenção do poder. É, obviamente, uma cultura de "emergentes".

Jorge Braúna disse...

Sobre a questão da "VEJA" tem uma série de artigos muito interessantes do Luis Nassif: http://sites.google.com/site/luisnassif02/

O que falta em nosso país é educação de verdade. Mas isso não faria bem para os poderosos conservadores cujas folhas da VEJA veementemente protegem e reproduzem informações convenientes.
O bombardeio ideológico é grande, a falta de escrúpulos, maior ainda

hale.lima disse...

Tenho 16 anos e desde criança sempre quis uma assinatura da revista veja. Graças a Deus que antes de assinar pude perceber que a veja não vem mais com o intuito de informar as pessoas e sim de servir de vitrine para grandes marcas. Certa vez me atrevi a começar a contar as propagandas existentes em uma das edições e antes de chegar ao meio da revista cansei, não aguentei mais tanto merchandising. O exagero é tamanho que às vezes você deixa de ler algo importante por causa de tanta poluição visual.
RUDÁ obrigado pelo espaço e parabéns pelo blog.

Paulo Afonso de Paiva Cavalcanti disse...

Parabéns Rudá pelo seu blog. Parabéns também ao seu pai, embora muito atrasado (4 anos) pela brilhante e inteligente decisão de não renovar a assinatura daquela revista. Forte abraço.