segunda-feira, 9 de junho de 2008
Ainda sobre a comparação de Obama com Lula e JFK
Recebo, da Inglaterra, mensagem de Zander Navarro me alertando para a generalização que cometi com a nota (abaixo) a respeito de Obama e o "efeito Lula". Ele tem razão e vou detalhar melhor o que desejava sugerir. Zander acredita que exagerei ao criar o título "Obama e efeito Lula". O que estava tentando relacionar é o modelo de liberalismo social, conceito desenvolvido por Norberto Bobbio e John Rawls (entre outros) que procura articular ambiente de investimento e respeito às regras do mercado com políticas sociais protecionistas e/ou promocionais. Zander acredita que Obama seria conservador e, em certa medida, ingênuo. De fato, ingênuo Lula não é. Mas já foi. Zander ressalta, ainda, um argumento definitivo: o déficit público acumulado no governo Bush, que enterra qualquer grande salto social. Tem toda razão. Nas palavras de Navarro: "com o dólar fraco e uma competição acirradíssima que o comércio internacional hoje apresenta, os sinais de declínio da hegemonia norte-americana, não mencionando outros problemas (como o retorno da inflação, a diminuição do crescimento, mudanças climáticas, etc.), [dificilmente] tal cenário favorece a esquerda ou políticas sociais. Este é cenário típico para o acirramento, isto sim, de uma política protecionista e conservadora, com o apoio, diga-se, da ampla maioria do eleitorado norte-americano." Não tenho como retrucar esta hipótese. Mas ainda assim, imagino o impacto simbólico da eleição de Obama sobre parte significativa da população pobre dos EUA. E é aí que entraria a comparação com JFK: não pela ousadia das políticas internas, mas pela ofensiva das forças ultra-conservadoras dos EUA. Algo para se acompanhar do lado de baixo do Equador.
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