terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Notícias sobre a Tunísia e Egito

Recebi, por email, a Declaração da Bureau da Quarta Internacional, de 30 de janeiro. Destaquei, abaixo, algumas informações contidas na declaração a respeito da situação econômica da Tunísia e Egito. Acredito que são dados importantes para analisarmos com mais nitidez as motivações das revoltas populares que ocorrem nos dois países. Estou procurando oferecer informações fornecidas por vários segmentos e posturas políticas, abrindo o cardápio para o leitor (embora não poste, por princípio, nenhuma informação pró-regimes autoritários da região):

SOBRE A TUNÍSIA

(...) Houve aumentos de preços dramáticos de todos os produtos essenciais, incluindo arroz, trigo e milho, entre 2006 e 2008. O preço do arroz triplicou em cinco anos, passando de aproximadamente US$ 600 por tonelada em 2003, para mais de 1.800 dólares por tonelada em maio de 2008. O recente aumento no preço do grão é ilustrada por um salto de 32% registrado no segundo semestre de 2010, no índice composto de preços de alimentos. O grande aumento nos preços do açúcar, cereais e oleaginosas levou os preços dos alimentos a níveis recordes em dezembro, superando os de 2008, que tinham detonado motins em todo o mundo. Ao mesmo tempo, o FMI e a OMC estão exigindo a abolição de todas as barreiras tarifárias e fim de subsídios para todos os alimentos. (...)Ben Ali teve de fugir, mas a essência do seu sistema criminoso permaneceu no local. A força da mobilização limitou os apoiadores de Ben Ali a deixarem o governo de forma gradual, mas enquanto escrevemos esta declaração, o primeiro-ministro ainda é o apoiador de Ben Ali, Ghannouchi.

SOBRE O EGITO

(...) O Egito também sofreu os efeitos desta explosão de preços dos alimentos. (...) Quase 40% dos egípcios, 80 milhões continuam a viver com menos de dois dólares por dia. E 90% dos desempregados são jovens com menos de 30 anos. Outra coisa notável é que a federação sindical nacional do Egito – liderada por membros do governo - parcialmente retirou seu apoio ao governo nas duas semanas posteriores à insurreição da Tunísia. Eles queriam controles de preços, aumentos salariais e um sistema de distribuição subsidiada de alimentos para as pessoas serem capazes de obter as necessidades básicas, como chá ou óleo. (...) No Egito, no momento em que estamos escrevendo esta declaração, o país está num estado de insurreição. (...) O escritório do partido do governo, o PDN, e os símbolos do regime têm sido atacados. O ódio ao sistema de Mubarak, a rejeição total da corrupção, e a vontade de satisfação das demandas sociais vitais, contra os aumentos de preços, têm provocado e estimulado a mobilização de todas as classes populares. O regime é vacilante. A liderança do Exército apoiado pelos EUA tentou um "golpe auto-gestado" colocando Omar Suleiman, chefe dos serviços secretos e dos pilares do atual regime Mubrak, como vice-presidente. O Exército está tensionado. (...) Nos últimos anos têm existido importantes movimentos grevistas dos trabalhadores têxteis de El-Mahalla, greves gerais e manifestações e protestos de diferentes categorias sociais, grandes mobilizações anti-imperialista contra a ocupação militar do Iraque e do Afeganistão em 2004, marcando a negação e isolamento de um regime que se sustenta apenas pelo apoio dos EUA e da União Européia.

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