quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Economia Política


A economia é uma ação humana. E a ação governamental nesta área acentua esta dimensão política. Daí achar que o governo Dilma está equivocado em esticar tanto a corda no que tange à luta com o Congresso pelo salário mínimo em 545 reais. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que qualquer correção da tabela do Imposto de Renda dependerá de acordo do governo com as centrais sindicais a respeito do salário mínimo em R$ 545. No mesmo dia em que anunciam um corte do orçamento federal em 50 bilhões de reais. É verdade que afirmou que o BNDES vai reduzir drasticamente os seus empréstimos, mas até os cavalos criados pelo técnico Leão sabem que não se trata apenas de motivação para enxugar a liquidez do mercado e conter a inflação. Está em jogo o valor do salário mínimo e o impacto sobre as contas públicas, incluindo o bolsa-família. Tudo parece lógico e moralmente defensável. Mas é o estilo político que me incomoda. Faca no pescoço sempre foi uma ação das mais arriscadas e joga o adversário numa situação de vida e morte. As centrais pedem correção da tabela de IR das faixas de rendimento pelo índice da inflação, de 6,46%. Dessa forma, o limite para isenção subiria de R$ 1.499,15 para R$ 1.596, por exemplo. Já começam a recuar e falam, no que tange ao reajuste do salário mínimo, em 560 reais (e não mais os 580 reais). Mas deputados, como Paulinho da Força (PDT-SP) começam a cair numa zona cinzenta, de desmoralização pública.
Não entendo os motivos para mostrar os dentes com o corte de emendas parlamentares. A execução dos projetos sugeridos pelos parlamentares será atrasada em três meses para o governo fazer caixa. O arrocho deve afetar quase metade da verba destinada aos congressistas: dos R$ 7,7 bilhões previstos em emendas individuais, podem ser congelados até R$ 3 bilhões.
Ora, sabemos que o sistema partidário está totalmente em frangalhos. Nem chegamos à metade do segundo mês do ano e já foram anunciados quatro novos partidos. O DEM está em vias de se pulverizar. O PSDB em disputa interna. O PCdoB irritado com a perda da Autoridade Pública Olímpica. Até mesmo parlamentares petistas, como Odair Cunha (do sul de MG) e Tatto (da base de Marta Suplicy) se rebelam contra o centralismo do governo federal. Num caos como este é o momento para colocar a faca nos dentes?

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