quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Dom Paulo passa por cirurgia


Dom Evaristo Arns permanece internado após cirurgia
O arcebispo emérito de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, de 89 anos, permanece internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Santa Catarina, na zona sul de São Paulo. Segundo boletim do hospital, seu estado de saúde geral é estável. Arns foi internado e passou por uma cirurgia de emergência por volta das 15h30 do último dia 1º, em decorrência de um processo infeccioso na vesícula biliar. O arcebispo foi submetido a uma colesistectomia com colangiografia por videolaparoscopia (limpeza da região e extração da vesícula). Segundo o hospital, Arns vai permanecer internado nos próximos dias para recuperação cirúrgica e para controle de um processo infeccioso pulmonar. O arcebispo está consciente e sob os cuidados do médico cirurgião Rafael Sanchez Neto e equipe clínica, segundo o boletim médico.


Dom Paulo é uma referëncia para qualquer cristão engajado socialmente. Ele abriu as portas para ex-exilados, como Paulo Freire. Em 1980, quando cursava o primeiro ano de Direito na PUC-SP (no mesmo ano me trasnferi para o curso de sociologia) fugia para o pós-graduação para ver a constelação: Paulo Freire, Walter Barelli, Décio Pignatari, Florestan Fernandes, Octávio Ianni, Paul Singer. Era demais.
Lembro de uma reunião com Dom Paulo em que ele nos incentivava (os estudantes) a ver de perto o que ocorria em São Bernardo e na periferia de São Paulo. Incentivou a abertura de núcleos e centros de estudos, organizações de apoio aos exilados do Cone Sul, transformou o Sedes Sapientae num centro de pensamento e ação social. Introduziu a eleição direta para reitor. A ousadia e serenidade - dois atributos que nem sempre estão juntos - eram sua marca. Uma imensa contribuição ao pensamento moderno e democrático do país.
Vou contar apenas um episódio que acho emblemático porque demonstra o quando a universidade brasileira regrediu. Eu estava no segundo ou terceiro ano de Ciências Sociais e resolvi, do nada, organizar um debate sobre o filme Eles Não Usam Black Tie. Fui atá a pró-reitoria de Extensão. Eles toparam na hora. Eu não representava organização alguma. Era um mero estudante. Abriram o TUCA para a exibição do filme e o debate e imprimiram vários cartazes. Liguei para Beth Mendes, para o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Gianfracesco Guarnieri, Leo Hirszman. Todos toparam participar a partir da chancela da Reitoria. Medeiros representou Joaquinzão e Djalma Bom representou Lula. O TUCA lotou. O debate foi (obviamente) acalorado.
Mais adiante, quando Erundina venceu as eleições, foi na PUC que discutimos e preparamos toda transição de governo, até ela tomar posse.
A PUC era uma festa e um espaço de debates e reflexão. Havia fila para conseguir, aos sábados, uma sala fechada para grupos de estudos na imensa biblioteca. Dom Paulo foi sempre a alma da PUC-SP. Por tudo o que ele sempre representou para minha formação, desejo que ele se recupere o mais rápido possível. Acho que ficou meio burocrático. Desejo que ele se recupere imediatamente. Assim está melhor.
Aliás, percebam bem a foto que ilustra esta nota. Precisa dizer mais?

Um comentário:

Luiz Henrique Mendes disse...

Rudá, memórias de uma PUC-SP que não volta mais e que, infelizmente, não cheguei a conhecer.

Meus tempos na universidade (2006-2009) foram mais bicudos.

Viva dom Paulo!