segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O passado de Dilma


Um dos temas quentes que rondou a campanha foi o passado guerrilheiro de Dilma Rousseff. Vou sintetizar a lógica das organizações por que ela passou na juventude.
Começando pela POLOP. A Política Operária (POLOP) foi um racha do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o partidão. Mais tarde se subdividiria em vários outras organizações, sendo que em duas delas, Dilma militou: os Comandos de Libertação Nacional (COLINA) e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-PALMARES). A POLOP teve, ainda, raízes na Juventude Socialista do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que formou a Organização Revolucionária Marxista - Política Operária (ORM-POLOP) em fevereiro de 1961, a partir da fusão com círculos de estudantes provenientes da 'Mocidade Trabalhista' de Minas Gerais, da Liga Socialista de São Paulo, simpatizantes de Rosa Luxemburgo), alguns trotskistas e dissidentes do PCB do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas. Alguns nomes deste período são, até hoje, referências no meio acadêmico e político, como Theotonio dos Santos, Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira e Paul Singer. Alguns anos depois, parte dos militantes da POLOP formaram os COLINA, em Minas Gerais, enquanto, em São Paulo, outra cisão se uniu ao MNR (que tentou desfechar, em 1967,a guerrilha de Caparaó) e formou a VPR. Por seu turno, em 1969, remanescentes da VPR e do COLINA se uniram para formar a VAR-PALMARES.
A POLOP sempre contestou a linha teórica e política do PCB. Ao invés do etapismo da revolução burguesa (contra o que o PCB considerava resquícios de feudalismo), propunha a revolução socialista. No seu "Programa Socialista para o Brasil" (1967), sustentava-se que a burguesia nacional estava fortemente articulada ao imperialismo e ao latifúndio. Assim, a burguesia já seria uma "classe no poder", não havendo fundamento para uma aliança entre um partido revolucionário e o empresariado nacional. A POLOP sempre foi considerada uma organização altamente intelectualizada.
Passadas as eleições, procurarei sintetizar algumas concepções das organizações pelas quais Dilma se formou como quadro de esquerda. Em seguida, farei o mesmo com Serra. Embora tenha escondido sua biografia, Serra também se fez politicamente na esquerda, a começar pela AP (Ação Popular).

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