segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pensando o período pós-eleitoral ou.... o fim do oba-oba


Os dados que estou postando no blog são, na verdade, um alerta. O Brasil não é solidário e tolerante, como se propaga aos quatro ventos. O que impõe uma agenda importante para a esquerda tupiniquim. Vale a pena recordar alguns temas importantes que demonstram o quanto temos que avançar.
1) Na Constituinte de 1987, conseguimos nos articular e incluir vários institutos de democracia participativa e deliberativa na Carta Magna. O problema é que não fizemos um trabalho de debate público intenso o que transformou a conquista em piada que precisa ser explicada;
2) Inicialmente, tentamos traduzir estas novas práticas como políticas bottom-up, geradas pelos cidadãos, se contraponto às políticas top-down, produzidas externamente à lógica social, pelos governos. Esta distinção, popularizada, não gerou uma cultura de cidadania ativa como imaginávamos;
3) Erramos ao não distinguir o que é democracia participativa (pautada pelo comunitarismo) da democracia deliberativa (que cria opinião pública, um consenso racional a partir da sociedade civil). Como não distinguimos, muitas lideranças sociais confundem tudo, incluindo a simples mobilização como participação. A mobilização pode ser uma mera reação, uma expressão de indignação, o que inclui indignação ao novo e ao diferente;
4) A democracia deliberativa exige educação para a cidadania. É um passo mais complexo. Ele está na Constituição de 1988 (artigos 1, 14, 204, entre outros), mas não está na cabeça nem mesmo da maioria das lideranças sociais. Aí, o que aparece são estes dados estarrecedores que divulgo neste blog.

Para quem desejar se aprofundar no tema, sugiro a leitura do livro "O Poder ao Povo: júris de cidadãos, sorteio e democracia participativa", de Yves Sintomer, recém lançado pela Editora UFMG.

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