quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Quando dói no bolso, brasileiro não é ecológico

Venho, em minhas palestras, reafirmando que a nova classe C é consumista e não tem nenhuma proximidade com o discurso ecológico. É como se pensassem: "esta é minha vez, não venham com blá-blá-blá". Pois bem, o Estadão publicou reportagem de Andrea Vialli na edição de hoje que trata do tema. Reproduzo abaixo:

A população do País está atenta às questões ambientais, mas tem dificuldade de colaborar, especialmente se tiver de gastar - mais de 90% dos brasileiros não estão dispostos a desembolsar mais por produtos ecologicamente corretos, como eletrodomésticos econômicos e alimentos orgânicos.Por outro lado, há disposição para economizar água (63% da população) e energia elétrica (48%) e para deixar de usar sacolas plásticas (40%). São alguns resultados da pesquisa Sustentabilidade: Aqui e Agora, encomendada pelo Ministério do Meio Ambiente e pela rede de supermercados Walmart, que será apresentada hoje em São Paulo. Foram ouvidas 1,1 mi pessoas em 11 capitais. O objetivo do estudo, realizado pela empresa de pesquisas Synovate, é entender os hábitos dos brasileiros em relação a consumo verde e aos problemas ambientais. Embora 74% das pessoas se digam motivadas a comprar produtos que tenham sido produzidos com menor impacto ambiental, o fator custo é limitante. Segundo a pesquisa, 93% dos entrevistados não estão dispostos a comprar eletrodomésticos mais econômicos se eles custarem mais. Na alimentação, 91% não aceitam pagar mais por produtos cultivados sem químicos e apenas 27% compraram produtos orgânicos nos últimos 12 meses. E 59% afirmam que a preservação dos recursos naturais deve estar acima das questões relacionadas à economia. (...) Em relação aos resíduos, 53% não separam o lixo entre seco e úmido para encaminhar à reciclagem. Mas nas capitais que investiram em programas estruturados de coleta seletiva, como Curitiba, o porcentual sobe para 82%, o mais alto do País. Mesmo com a falta de estrutura, o brasileiro está disposto a reciclar mais. Segundo o estudo, 66% dos entrevistados aceitariam separar o lixo. Para 60%, a maior parte dos resíduos é encaminhada para reciclagem pela mão dos catadores. "Os dados deixam claro a importância dos catadores para a coleta seletiva nas cidades, e isso deve ganhar prioridade nas políticas públicas", aponta a ministra. Apesar da disposição para dar destino correto ao lixo, ainda falta informação aos brasileiros sobre como descartar certos tipos de resíduo: 70% dos consumidores jogam pilhas e baterias no lixo comum e 39% jogam óleo usado na pia da cozinha.

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