Do site do Núcleo de Estudos em Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU):
A iniciativa é reconhecidamente louvável do ponto de vista da segurança pública, mas o sociólogo Michel Misse, professor associado do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs-UFRJ), lembra que a UPP não foi responsável pela diminuição do tráfico nos morros que vêm sendo ocupados. “O número de traficantes nessas regiões diminuiu após uma política repressiva e violenta que levou à morte uma média de 10 mil pessoas oficialmente, sendo cerca de quatro mil crianças e adolescentes”, comenta o professor, que dirige o Núcleo de Estudos em Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU). Segundo Misse, o tráfico de drogas no Rio de Janeiro não deixará de existir. Afinal, enquanto houver demanda, haverá oferta. O que diminuiu foi o tráfico associado ao poder ostensivo sobre os moradores das comunidades e conflitos intermitentes entre os traficantes pelo domínio desses territórios. “Tem gente vendendo drogas no Santa Marta (morro de Botafogo, primeiro a receber a UPP), só não tem mais aquele controle de território, ostensivo, armado”, esclarece o professor do Ifcs. Ele afirma que a diminuição desse estilo tem origem no crescimento do tráfico de drogas na classe média, assim como maior consumo de drogas sintéticas, em detrimento da cocaína. O sociólogo frisa que há três comunidades no Rio de Janeiro plenamente dominadas por traficantes, onde a implantação de UPPs será muito mais difícil: Jacarezinho, Complexo da Maré e do Alemão. Misse diz que, nessas comunidades, o tráfico não parece estar em declínio como nos morros que já foram ocupados para a instalação das UPPs.
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