quarta-feira, 24 de novembro de 2010
ONGs de hoje e o espírito do capitalismo
Algumas ongs, fundações e institutos sociais afirmam que o "espírito anos 80" já é passado, o que parece uma tautologia. Contudo, o que vem em seguida é que merece atenção. Afirmam que o momento atual exige profissionalismo e resultados concretos. Aí, encobrem algo que pode parece novo mas é um espírito de mais de um século atrás. Durante os anos 1990, foi se projetando uma interferência perniciosa de instituições financiadoras de ongs e organizações populares sobre os famosos resultados concretos. Eram, em sua maioria, entidades européias. Elas desejavam resultados, resultados concretos. Lembro de uma discussão que tive com um representante da Misereor, uma agência de desenvolvimento da Igreja Católica da Alemanha fundada em 1958 para combater "a fome e a doença no mundo". O tal representante desejava ardentemente que demonstrássemos os resultados das romarias de agricultores familiares. Queria saber se elas geravam renda. Eu fui ficando irritado e, ao final, respondi que o único alimento que geravam era consumida pelo espírito. Ele não entendia que se tratava de uma ação de massas, que gerava identidade social e confiança política. Só seria possível medir impactos com indicadores qualitativos, ao longo de um período. Mas o "espírito empresarial" já havia se alastrado.
Grande parte das ONGs brasileiras e até institutos sociais vinculados às igrejas absorveram estes espírito do capitalismo. E nem sabem disto, porque não analisam claramente o que fazem. Acham que é uma novidade. Trata-se do âmago do espírito empresarial. O impacto sobre a formação da nova geração de ongueiros é imensa: eles pensam seu trabalho como emprego e não como projeto. E, assim, la nave va.
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