segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A fita branca


Assisti o filme do diretor austríaco Michael Haneke que foi sucesso no Festival de Cinema do Rio de Janeiro. Um filme pesado, em preto e branco, com longas cenas sem fala, típicas do cinema europeu, experimental, de décadas passadas. O filme trata do forte moralismo e estrutura patriarcal de um vilarejo alemão, às vésperas da Primeira Guerra Mundial. A partir da queda do médico do vilarejo, que se acidenta quando seu cavalo tropeça num arame esticado entre duas cercas, outros crimes se sucedem. O próprio médico se revela um crápula, explorador de uma de suas filhas. O pastor local pune cruelmente seus filhos. Em outra família, o filho mais velho se revolta contra a morte de sua mãe e é duramente repreendido por seu pai. As situações se sucedem até que o professor do vilarejo, o espírito aparentemente mais equilibrado dentre os protagonistas, conclui que as crianças seriam responsáveis pelos crimes. Alguns críticos sugerem que o diretor do filme imputa ao autoritarismo patriarcal da sociedade alemã o elemento central da indiferença, crueldade e desprezo entre a geração de jovens do início do século XX que fomentaria o nazismo. O rosto do menino que ilustra o cartaz do filme (e que ilustra esta nota) denota a tensão e contrariedade que se impõem sobre todas crianças e jovens que aparecem nesta película.
A fita branca é um símbolo de pureza que o pastor coloca nos cabelos e braço de seus filhos adolescentes como lembrete sobre sua retidão necessária e alerta para as tentações a que são submetidos na passagem para a vida adulta.
O filme vem causando grandes controvérsias entre críticos. Como se fosse um argumento bumerangue: o holocausto teria sido causado por uma cultura equivocada.

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