terça-feira, 9 de novembro de 2010

Conceição Tavares... mestre de todos



Conceição Tavares, no Senado (hoje), concordou que a valorização do real frente ao dólar pode levar "a uma situação bem difícil", lastimando que as indústrias instaladas no Brasil estejam perdendo mercado externo, o que afeta o emprego no país. Ela tachou de "ingênuas" as pessoas que acreditam em uma desvalorização do yuan pelos chineses "mais que um ou dois por cento".
- Se não houver acordo em Seul, temos que defender nossa moeda, doa a quem doer. Podemos fazer até controle de capitais externos. Terá uma chiadeira no começo, mas depois a situação se acomoda. É uma droga esse dinheiro que está entrando para a Bolsa de Valores e para compra de títulos do Tesouro Nacional - afirmou. Em sua palestra, a economista recomendou ao governo que, para manter o crescimento econômico sem risco inflacionário, faça um "realinhamento cambial lento", e ao mesmo tempo baixe os juros, iniciando um controle dos capitais que "entram só para ganhar nos juros e na Bolsa". Observou que o controle de capitais pode ser feito "sem pedir licença" a ninguém, pois a legislação brasileira concede tal permissão.
Durante os debates, Suplicy disse que a professora estava "muito pessimista" sobre a possibilidade de um acordo cambial. A economista respondeu que "esse casamento sinistro entre os Estados Unidos e a China ainda dará muita dor de cabeça ao mundo". Ela alertou que os chineses "vão entrar em todo lugar, onde houver matérias primas ou alguém disposto a importar o que eles produzem". E advertiu que as empresas brasileiras, que aumentaram suas exportações para a América Latina desde o início da crise mundial, correm risco de perder "até mesmo o mercado da Argentina" para os chineses.
Maria da Conceição Tavares apoiou uma possível recriação da CPMF por considerar que "ele pega quem tem dinheiro". Disse não ter gostado do primeiro ano do governo Lula, por causa do aperto fiscal, e admitiu que, "além dos mais pobres", "os ricos também ganharam bastante dinheiro" nos quase oito anos do governo petista. Opinou que só a "classe média antiga" não ganhou e, por isso, "anda meio irritada".
A professora também discordou de uma política de "aumentos elevados, no curto prazo" para o salário mínimo, preferindo a atual política de reajuste que acompanha a inflação mais o crescimento da economia de dois anos antes. No entanto, acredita que seria mais eficaz se os reajustes misturassem o crescimento passado com uma expectativa de crescimento, evitando o que poderá ocorrer em janeiro próximo. Como não houve crescimento econômico em 2009, a atual política impediria um aumento real do salário mínimo em 2011.

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