sábado, 31 de janeiro de 2009
Grosseria italiana
A direita italiana não consegue se conter por mais de dois minutos. No primeiro minuto, até parece sofisticada. Mas é só. É grosseira e preconceituosa até o osso. Na verdade, nem sempre só a direita italiana. O exemplo do momento é a fala do deputado italiano Ettore Pirovano, do partido conservador Liga Norte. Ontem, ao comentar o refúgio político a ser concedido a Cesare Battisti afirmou (com a delicadeza típica de um rinoceronte): "Não me parece que o Brasil seja conhecido por seus juristas, mas sim por suas dançarinas". (As informações são da agência Ansa).
A ideologia impede os EUA de superar rapidamente a crise
Serra negocia reforma política com Lula
Análise sobre a Bolívia
Recebo artigo de Alberto Adrianzén sobre o referendo da Bolívia. Reproduzo duas passagens:
"Es bastante probable que, luego de los exitosos referendos constituyentes en Ecuador (setiembre, 2008) y en Bolivia (el 20 de enero) y de la próxima consulta popular en Venezuela (15 de febrero) para modificar cinco artículos de la Carta Magna que permitiría la reelección sin límites de los mandatos del presidente y de todos los cargos que emanan de las urnas, entremos a una nueva fase en los países andinos y por qué no decirlo en la región. Lo que se jugará ya no será solo la permanencia de estos presidentes sino también la continuación de los procesos de cambio en cada uno de estos países."
"Nadie niega que Bolivia está dividida, sin embargo lo que hay que decir es que hoy existe, más allá de gustos y colores, una mayoría política bastante consistente como se ha podido constatar en los cuatro últimos procesos electorales. Evo Morales ganó las elecciones presidenciales, en diciembre de 2005, con 1.544.374 votos (el 53.74%), en las elecciones a la Asamblea Constituyente el MAS logró 1.322.656 votos (el 50.72%), en el referéndum revocatorio la aprobación presidencial fue de 2.103.872 votos (el 67,41%), y en este último referéndum constituyente, si bien no hay resultados finales, todo indica que el Sí sobrepasará el 60% de los votos. Evo Morales es el presidente elegido con más votos desde que la democracia volvió a Bolivia a inicios de los años 80. Morales obtuvo casi cuatro veces más votos que los logrados por Víctor Paz Estenssoro en 1985, cinco veces más que los conseguidos por Jaime Paz Zamora en 1989, tres veces más que los de Sánchez de Lozada en 1993, casi cuatro veces más que los de Hugo Banzer en 1997, y casi dos veces y media más que los de Sánchez de Lozada en su segundo mandato en el 2002."
Pedal Livre
Vale a pena conferir o projeto Pedal Livre 2009. A idéia é organizar uma pedalada pelas margens do Rio São Francisco, de sua nascente na Serra da Canastra em Minas Gerais até a sua foz entre os estados de Sergipe e Alagoas. Veja a proposta em http://www.morroazuleventos.com.br/page1.aspx . Em 2008, Amyr Klink foi a referência para a organização do Pedal Livre. A partir de Klink, os organizadores conheceram Sir Ernest Shackleton, um explorador anglo-irlandês, que entre outras façanhas, ficou famoso por trazer de volta os 27 homens sob seu comando depois de passar dois anos na Antártida quando seu navio "Endurance" ficou preso no gelo e se partiu, naufragando no mar congelado.
Pesquisa IBASE sobre o Bolsa-Família
Como garantir o direito humano à alimentação às famílias mais vulneráveis à fome?”. A pergunta guiou os Diálogos sobre o Direito Humano à Alimentação no Brasil, pesquisa qualitativa realizada pelo Ibase, com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Foram ouvidos(as), em seis “Grupos de Diálogo”, 150 representantes de movimentos sociais e organizações da sociedade civil, nos estados de RJ, RS, MG, GO, BA e PA, em julho e agosto de 2008. A pesquisa está disponível no site do IBASE (estará disponível, também no site do Instituto Cultiva: www.cultiva.org.br ) e foi divulgada no Fórum Social Mundial de Belém. Adianto algumas conclusões:
1) O Bolsa-Família gerou estabilidade de consumo básico dos beneficiários, mas os índices de insegurança alimentar demonstram que o problema é dos mais complexos;
2) Os movimentos sociais sugerem políticas complementares, com destaque para geração de emprego e renda;
3) As lideranças fazem críticas ao que consideram certa ação "isolada" do governo, restrita ao bolsa-família. Daí a dificuldade de emancipação das famílias beneficiadas, segundo os entrevistados. Avaliam que não é a política prioritária do governo federal;
4) Contudo, as lideranças sociais refutaram o discurso que o programa geraria "acomodação dos beneficiados". Mesmo assim, vários sugeriram prazos e metas relativos aos benefícios concedidos à cada família;
5) Destacam, principalmente, "acompanhamento" das famílias beneficiadas por técnicos do governo, objetivando garantir a emancipação (a porta de saída).
Boa pauta de discussão, não?
Falecimento de João Gurgel
João Amaral Gurgel (na foto) faleceu nesta sexta-feira, aos 82 anos. Sofria de Mal de Alzheimer havia oito anos. Ele foi o proprietário e idealizador da Gurgel Motore, a mais importante e ousada fábrica independente com capital integralmente nacional do setor. Ele sempre foi muito admirado e lembro que pensei, tempos atrás em comprar uma das "cotas" que ele lançou (e que dava direito à um dos carros por ele produzido, num sistema similar ao consórcio). Produziu karts (Gurgel Júnior), minicarros para crianças (réplicas de Corvette e Karmann-Ghia) e realizava experiências iniciais com veículos elétricos embrionários. Gurgel fundou em 1962 na cidade de Rio Claro (SP) a fábrica que levava seu nome. Durante esse período Gurgel desenvolveu carros totalmente nacionais, do projeto à fabricação. No Salão do Automóvel de 1966, três anos antes de se estabelecer de modo mais bem organizado como indústria, lançou o bugue Ipanema com chassi e mecânica do Fusca. O utilitário leve Xavante XT tornou-se o primeiro sucesso de vendas já em 1970. As linhas lembravam as do Ipanema, mas Gurgel desenvolveu um chassi próprio e engenhoso: tubular de aço, revestido de plástico reforçado com fibra de vidro, sendo esse também o material da carroceria. As atividades da Gurgel Motores S.A. foram encerradas em 1994.
Que falta faz ao Brasil empresários idealistas, sem medo dos riscos (fundamento de qualquer empresário) como Gurgel.
13º. Encontro Nacional do MST
O MST realizou, nos dias 20 a 24 de janeiro, em Sarandi (RS), seu 13o encontro nacional. Foram 1.500 sem terra presentes. Destaco o item 7 da Carta aprovada neste encontro, onde oferecem o contorno da plataforma que defendem:
"Defendemos a reforma agrária como uma necessidade popular, que valoriza o trabalho, a agro-ecocologia, a cooperação agrícola, a agro-indústria sob o controle dos trabalhadores, a educação e a cultura, medidas imprescindíveis para a conquista da igualdade e da solidariedade entre os seres humanos."
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
UFA!
O governo federal anunciou a ampliação do Bolsa Família para 1,3 milhão de famílias. A merenda escolar, FINALMENTE, vai atender 7,3 milhões de alunos do ensino médio da rede pública. Esta última medida é reivindicação antiga de diretores escolares. A oposição disse que é medida eleitoreira (custo previsto de 871 milhões de reais). Total falta de sensibilidade, que demonstra a desorientação (principalmente de Sérgio Guerra, do PSDB/PE, que disse que as medidas objetivam atrair eleitores para 2010). Se fosse assim, o melhor seria Serra e Aécio não fazerem mais nada na área social. Tanto a criticar e acerta o alvo errado?
Soros, no Fórum Econômico Mundial (Davos) disse ontem que é o Estado que debelará a crise. Neste caso, Sérgio Guerra conseguiu a proeza de ficar à direita do maior investidor financeiro do planeta.
África e Oriente Médio crescerão mais que o Brasil
Ainda sobre as projeções do FMI sobre crescimento do PIB Mundial, estima-se que a África cresça 3,4% neste ano e que o Oriente Médio 3,9%. O México continuará em sua queda (- 0,3%), cedendo ainda mais para a liderança econômica do Brasil na região. O crescimento do PIB latino-americano ficará em 1,1%.
O tamanho da crise
Ainda está muito nebuloso para sabermos o tamanho da crise e o impacto sobre o Brasil. Para se ter uma idéia, o FMI acaba de divulgar o documento "Perspectivas para o Crescimento Global" prevendo um crescimento da economia mundial para 2009 da ordem de 0,5%. Mas para o Brasil, projeta crescimento de 1,8% (e 3,5% para 2010). Embora uma queda expressiva para os 4,5% previstos antes de outubro do ano passado, é um crescimento acima da média mundial. Em comparação: o FMI prevê índice negativo de - 1,6% para os EUA, o mesmo para a zona do euro (- 2%) e Japão (- 2,6%). A China e Índia terão crescimento do PIB, segundo o FMI, de 6,7% e 5,1%, respectivamente. E a Rússia, índice negativo de 0,7%.
Em Brasília, o monitoramento está sendo feito quase semanalmente e não se sabe, ao certo. o impacto da crise mundial, embora todos avaliem que o primeiro trimestre será o mais difícil.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Aécio e Serra, na visão de Gaudêncio Torquato
Do jornalista Gaudêncio Torquato (na foto):
"a) Aécio Neves tomou como um atrevimento a nomeação de Geraldo Alckmin, que considerava seu aliado no tucanato, como secretário de Desenvolvimento do governo Serra. Besteira. José Serra tem o direito de nomear quem quiser. Não é com reação emocional que conseguirá abrir espaço político.
b) Mas Aécio tem uma tríplice identidade, que deverá ajudá-lo na estratégia para viabilizar sua candidatura à presidência da República em 2010. Trata-se de um perfil com mistura de mineiro, carioca e nordestino. Governa Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, com mais de 13 milhões de eleitores; tem poder para seduzir o Rio de Janeiro, o terceiro colégio eleitoral, onde passou parte da adolescência e ainda passa boa parte do tempo de ócio; e correrá pelo vasto espaço nordestino, lembrando que o Norte de Minas – Montes Claros – integra o Nordeste e está sob a cobertura da SUDENE.
c) Com essas três bandas que formam o seu corpo político, Aécio não está disposto a entregar a rapadura a José Serra sem uma boa raspagem nas beiradas. Jovem, sorridente, sob o olhar matreiro do avô Tancredo e o sorriso de Juscelino Kubitschek, o governador intenciona abrir a era do pós-lulismo. Mas a intenção só será viável com seu afastamento da floresta tucana. José Serra será, inevitavelmente, o candidato do PSDB à presidência da República. Neves pode esperar, alegam os tucanos da primeira fila.
d) As prévias partidárias abrem a esperança de Aécio. Por isso, planeja correr o país para mobilizar o tucanato. É improvável, porém, que vença Serra nas prévias. A única alternativa que lhe restará será o PMDB. Suas chances seriam altas se fosse o candidato peemedebista apoiado por Lula. Há um porém : teria de deixar o PSDB em outubro deste ano. Decisão que não tomou conta do seu espírito. Seu guru, FHC, garante que Aécio não sairá jamais do partido. Candidato do PMDB – única alternativa com boas possibilidades – o jovem governador poderia escolher como vice a ministra Dilma Rousseff, mineira que se despachou para o Rio Grande do Sul. Uma chapa para levantar poeira. O que diriam os petistas, hein ? "
Mais de Machado de Assis
Ipatinga e novas eleições
O município de Ipatinga vive um impasse político. O candidato à prefeitura de Ipatinga que se elegeu em outubro passado, Chico Ferramenta (PT), teve a candidatura indeferida pela Corte Eleitoral. Por unanimidade, a sentença reverteu a decisão da juíza eleitoral Maria Aparecida Grossi, que havia acatado o pedido de registro de candidatura. O ex-prefeito teve as contas da administração na Prefeitura de Ipatinga, dos anos de 1991 e 1992, rejeitadas pela Câmara Municipal. A decisão foi tomada com base no artigo 1º, da Lei Complementar nº 64/1990, que considera inelegível por cinco anos os ocupantes de cargos públicos que tiverem as contas rejeitadas por irregularidade. Por este motivo, tomou posse o segundo candidato, Sebastião Quintão (PMDB), que já era prefeito. Contudo, o Ministério Público Eleitoral (MPE) de Ipatinga, através do promotor Walter Freitas Júnior, entrou com uma Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) com o objetivo de destituir do poder o prefeito da cidade, Sebastião Quintão (PMDB). Assim, é possível ocorrer nova eleição naquele município.
O que se diz em Brasília é que Chico Ferramenta não poderá se candidatar, caso ocorra nova eleição. Mesmo tendo vencido por uma diferença de 15 mil votos. A decisão judicial já teria sido tomada.
Uma confusão que a população de Ipatinga não merece.
Alunos analfabetos do RJ: gueto ou enturmação?
A secretária de educação do RJ, Cláudia Costin, decidiu separar os alunos analfabetos em turmas específicas. Não se trata de enturmação paralela (onde os alunos continuam com sua turma de referência em todas disciplinas) mas a tradicional enturmação homogênea. O trabalho especial será desenvolvido em oito meses e, após nova avaliação, os alunos podem retornar às suas turmas de origem. É a aula de reforço com mais tempo. Nada significativo. Vygotsky, nos anos 30 do século passado, já havia demonstrado que turmas homogêneas são menos produtivas, porque geram estímulos mútuos similares (ao contrário das turmas heterogêneas que geram múltiplos e diferentes estímulos entre os alunos). Não fazemos isto com nossos filhos em casa, mas os "gestores educacionais" inventam esta forma de enturmação, porque exige menos administrativamente. Que os alunos cariocas tenham sorte (alguma, já que o erro é certo, embora é possível que dê algum resultado em função do pouco tempo apartados). O que chama a atenção é que o Instituto Ayrton Senna está envolvido nesta aventura. Deveriam estudar mais.
Sinais da Crise (4)
O spread (diferença entre os juros pagos pelos bancos ao captar dinheiro e as taxas que cobram para dar empréstimos aos seus clientes) bancários é o mais alto, no Brasil, dos últimos 5 anos. O fato é preocupante porque os bancos captaram dinheiro no mercado a taxas baixos e não repassaram a diferença aos clientes. O dado é do Banco Central, divulgado ontem: os bancos pagaram , em novembro, 13,9% para captar recursos e cobraram 44% de juros ao ano para seus clientes. Bom negócio, não?
Sinais da Crise (3)
Sinais da Crise (2)
Sinais da Crise (1)
Ministério do Desenvolvimento reedita exigência de licença prévia para imnportação (já utilizado nos anos 70 e 80). A lista de produtos envolve trigo, pl'sticos, cobre, alumínio, ferro, bens de capital, autopeças, entre outros. Em janeiro, a balança comercial brasileira foi negativa (645 milhões de dólares até o dia 25).
Só 18% passam em concurso para professores do RJ
Acaba de sair balanço da Fundação Escola do Serviço Público do RJ a respeito do concurso público para professores que ocorreu no ano passado. Dos 68 mil candidatos, somente 12 mil conseguiram aprovação. Nas áreas de formação básica (geografia, matemática, por exemplo) a situação é ainda pior (de 7 mil inscritos, apenas 398 foram aprovados). A Fundação está, inclusive, implantando estágio probatório para professores. Vários professores indicaram dificuldades para estudar, trabalhando das 7h às 22h (quando chegam em casa).
Será que os governos continuarão com a tal premiação por desempenho dos alunos? Quando vamos lidar com seriedade em relação à educação pública?
Falecimento de Rudá de Andrade
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Machado frasista
Comprei o "Migalhas de Machado de Assis" para ler na viagem de Salvador para BH. A ironia é o ponto alto. Vou reproduzir algumas das frases mais saborosas:
"Que importa o tempo? Há amigos de oito dias e indiferentes de oito anos."
"Um celibatário convencido é um noivo à mão."
"A vida é uma ópera bufa com intervalos de música séria."
"A natureza tem suas leis imperiosas; e o homem, ser complexo, vive não só do que ama, mas também (força é dizê-lo) do que come."
"A imaginação, se é boa amiga, tem seus dias de infidelidade."
"Se os narizes se contemplassem exclusivamente uns aos outros, o gênero humano não chegaria a durar dois séculos."
"O vício é muitas vezes o estrume da virtude. O que impede que a virtude seja uma flor cheirosa e sã."
"Diga o que quiserem dizer os hipocondríacos: a vida é uma cousa doce."
Ainda sobre o aumento de apoio ao regime democrático
A pesquisa DATAFOLHA sugere realmente a relação do aumento do apoio (não é possível, ainda, afirmar que se trata de uma cultura democrática) ao regime democrático com a emergência da nova classe média. Vejamos: na gestão FHC, o índice de apoio à democracia oscilou entre 46% e 47%. O percentual de indiferença ("tanto faz") oscilou entre 25%, 29%, caindo no final de sua última gestão (próximo de 20%). No governo Lula, o índice de apoio foi de 47% para 59%, chegando agora em 61%. O percentual de indiferentes caiu para 18% (manteve-se estável desde o início da primeira gestão Lula). A maior evolução positiva (de apoio à democracia), contudo, envolveu os brasileiros com instrução baixa (até o ensino fundamental, de 49% para 56%), com renda até 5 salários mínimos (de 53% para 61%). Aí está a diferença. Por estse motivo, esta evolução de percepção política é ainda muito recente e conjuntural. Não pode ser tratada como um valor que está se consolidando, mas como uma relação direta entre o regime e as mudanças positivas que ocorreram recentemente nas suas vidas. O aumento da taxa de desemprego pode gerar nova oscilação, principalmente no início deste ano. Esta é a primeira crise internacional que Lula enfrenta. FHC sofreu ao menos 4 crises de forte impacto no Brasil (México, Argentina, Rússia e sudeste asiático).
Democracia em Alta
Pesquisa DATAFOLHA indica que 61% dos brasileiros apóiam a democracia. Difere de pesquisa PNUD, coordenada por Guillermo O'Donnell, que indicava os mesmos 42% quando esta pesquisa foi feita pelo DATAFOLHA em 1992. O crescimento do apoio se dá justamente durante o governo Lula. A pesquisa de O'Donnell revelava que havia relação direta entre situação de vida e apoio à democracia. Em outras palavras, o apoio ao regime estaria diretamente relacionado ao emprego e poder de compra, ao usufruto social que se faz da democracia/ditadura. Volto a destacar que a emergência da nova classe média é o fenômeno mais importante do ponto de vista sociológico dos últimos tempos. Esta pesquisa confirma ainda mais esta afirmação.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Portugal perde espaço
Portugal está perigando. Taxa de desemprego de mais de 9% (é verdade que menor que a vizinha Espanha que tem o dobro da taxa de desemprego do Brasil, segundo dados da OCDE). Para piorar, acabo de tomar um Malamado Malbec, produzido em Mendoza/Argentina. Um vinho de sobremesa. Nunca havia tomado um malbec de sobremesa. Uma maravilha. As informações técnicas são: "um malbec de colheita no ponto máximo de maturação e vinificada à moda do Porto, ou seja, com adição de aguardente vínica quando o mosto ainda continha açúcares residuais." Um vinho macio, menos encorpado que o vinho do Porto, mas que deixa um retro-olfato muito mais potente e focado.
O que dizer? Que nem os argentinos estão deixando os portugueses em paz!
Minas e o sentimento de brasilidade
Estou de volta à Salvador, após desenvolver consultoria para a diretoria do Sinesp, sindicato dos diretores (e especialistas) das escolas municipais da capital paulista. Ontem, ainda em São Paulo, por coincidência, assisti um DVD sobre o Clube da Esquina em que Caetano cita uma opinião de Fernanda Montenegro sobre o sentimento de brasilidade. Feranda teria dito que se sente meio estrangeira no sul do país e na Bahia. O sul é meio europeu e a Bahia é meio africana. Mas dizia que quando está no interior de Minas Gerais se sente no centro do Brasil.
Opinião à parte, a Bahia é positivamente estranha, realmente. A música é algo natural, forte, com uma levada muito peculiar. As praias (tanto do sul, quanto do norte) são límpidas, lembrando muito Fernando de Noronha. Principalmente as piscinas naturais da Praia do Forte. Falar da culinária é algo supérfluo e desnecessário. Mas vale o registro do acarajé da barraca da Cira, em Itapoã. Ele é surpreendentemente leve e crocante. O duro é enfrentar a fila.
E, uma dica: fico numa Pousada em Itapoã (perto do aeroporto, Lauro de Freitas e a sede da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, que frequento o tempo todo quando venho para cá à trabalho) acolhedora, confortável, impecável: Encantos de Itapoan. Para quem quiser conferir: http://www.portaldehospedagem.com.br/seusite.asp?id=8459 .
Opinião à parte, a Bahia é positivamente estranha, realmente. A música é algo natural, forte, com uma levada muito peculiar. As praias (tanto do sul, quanto do norte) são límpidas, lembrando muito Fernando de Noronha. Principalmente as piscinas naturais da Praia do Forte. Falar da culinária é algo supérfluo e desnecessário. Mas vale o registro do acarajé da barraca da Cira, em Itapoã. Ele é surpreendentemente leve e crocante. O duro é enfrentar a fila.
E, uma dica: fico numa Pousada em Itapoã (perto do aeroporto, Lauro de Freitas e a sede da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, que frequento o tempo todo quando venho para cá à trabalho) acolhedora, confortável, impecável: Encantos de Itapoan. Para quem quiser conferir: http://www.portaldehospedagem.com.br/seusite.asp?id=8459 .
Torcida
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Nelson Motta de cabeça quente
O artigo de hoje de Nelson Motta (Churrasco e Pizza) foi absolutamente exagerado e agressivo. Tão agressivo que foi uma total contradição com seu conteúdo. Ao comentar o caso Battisti destilou um ódio que há tempos não se via nas páginas de jornais da grande imprensa. Rotula o ministro Tarso Genro de "impetuoso humanista" e de fazer "marolinha diplomática"; acusa nossa tradição judiciária de ser pouco sólida e chega ao ápice de afirmar que o governo italiano apenas "se defendia de movimentos que queriam derrubar o governo democrático". Termina em total delírio, num ataque infantil e descalibrado: "criado na cultura do churrasco sangrento, em cavalgada desabrida pelos pampas da história, como um anti-Garibaldi sem Anita, Tarso Genro deve estar pensando que na Itália tudo acaba em pizza". Como um elefante em loja de porcelanas, Nelsinho desanca o ministro, os gaúchos, o churrasco e a pizza.
Como jornalista revela-se um ótimo promoter.
Ranking dos juros básicos no Mundo
Como já prevíamos (não só nós) os juros básicos começaram a cair acentuadamente no Brasil. Mesmo assim, continuamos líderes mundiais (em termos reais). Em termos reais, a taxa SELIC está em 7,6% ao ano, acima da Hungria (5,8%)e Argentina (5,1%). A partir daí, as taxas nacionais de juros são inferiores a 2,8%.
A confusão em MG
Se as lideranças paulistas se acomodam, o mesmo não ocorre em Minas Gerais. Principalmente nas hostes petistas. A situação é sinuosa, numa disputa irregular entre Patrus e Pimentel. Ontem, o ministro admitiu equívocos na "porta de saída" do Bolsa Família. Os cursos profissionalizantes não têm alunos (só 5% do total de 185 mil vagas oferecidas). Patrus acredita que o erro foi lançar o programa em período eleitoral, já que contava com a articulação das prefeituras.
Não concordo com a avaliação de Mangabeira Unger, para quem cursos de formação para população de baixíssima renda são ineficazes. Esta já foi a resposta de um governador brasileiro que dizia que era mais eficiente doar um fusca para um agricultor pobre se tornar taxista que investir para ele se tornar empreendedor rural. Contudo, a análise de Patrus é excessivamente simplista. Parece não querer entender o impacto cultural de um programa de forte cunho e apelo assistencialista. Qual seria o motivo para o Pronaf ou Programa Microbaicas darem certo em áreas de pobreza rural? Justamente porque eles nascem como programas de desenvolvimento, definidos pela emancipação dos beneficiários (desde o início) e não como mera transferência de renda. O loteamento ministerial dá nisto: torna-se um obstáculo para que um ministério aprenda com outro.
Serra faz boa jogada
Adotando o estilo Lula de fazer poder, o governador José Serra escanteou um pouco mais a candidatura presidencial de Aécio Neves com a nomeação de Alckmin para a Secretaria Estadual de Desenvolvimento. Aécio contava com prefeitos alckimistas para acessar o eleitorado paulista. Agora, as portas se fecharam.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
A posse de Obama, vista de Cuba
De Yoani Sánchez (na foto), em seu blog Generación Y:
"Soy post-moderna y descreída: los discursos me provocan sueño y un líder subido a la tribuna resulta -para mí- el colmo del tedio. Asocio los micrófonos con los llamados a la intransigencia y la elogiada oratoria de algunos, siempre me ha parecido puros gritos para ensordecer al “enemigo”. En los actos públicos lograba escabullirme y prefiero el zumbido de una mosca antes que escuchar las promesas de un político. He tenido que oír tantas arengas -muchas de ellas al parecer interminables- que no soy el público indicado para aguantar una nueva perorata.
Para mí, la voz que emerge de los estrados ha traído más intolerancia que concordia, una porción mayor de crispación que de llamados a la armonía. Salidos de las tribunas, he visto vaticinios de invasiones que nunca llegaron, planes económicos que tampoco se cumplieron y hasta expresiones tan discriminatorias como “¡Que se vaya la escoria, que se vaya!” De ahí que esté tan confundida con la alocución serena que ha pronunciado hoy Barack Obama, con su manera de hilvanar argumentos e invocar a la concordia. Me ha parecido al leerlo -no tengo una parabólica ilegal para ver la tele- que toda una retórica ha quedado condenada al siglo XX. Hemos empezado a decir adiós a esa convulsionada elocuencia, que ya no nos conmueve. Solo espero que seamos “Nosotros, el Pueblo”* quienes escribamos a partir de ahora los discursos."
Meia sola para Fernando Pimentel
Lula formalizou o convite para Fernando Pimentel assumir a coordenação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). O ministro José Múcio, que coordenava o conselho, cuidará apenas da articulação política. Foi uma dura negociação. Aliás, que envolve ainda os nomes de Marta Suplicy e João Paulo (Recife), estes dois sem lugar e rumo acertado. Lula dá certa visibilidade a Pimentel, mas menor que a de Patrus. No frigir dos ovos, os dois podem empatar por baixo, já que Patrus é excessivamente discreto e Pimentel é o inverso, mas dirigindo um conselho com baixa visibilidade.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
25 anos do MST
Nota que recebo da Coordenação do MST:
"Hoje temos desafios ainda maiores na nossa luta. Há milhares de famílias acampadas, que lutam debaixo de lona preta pela distribuição da terra. E as famílias assentadas seguem lutando por melhores condições de vida e por mudanças no modelo agrícola. E maior ainda é o número de trabalhadores e trabalhadoras brasileiros que têm seus direitos negados, prejudicados pela absurda concentração de renda e desigualdade social. Por isso nos comprometemos a seguir na luta.
Nos últimos anos, a terra passou a ser concentrada também pelo chamado agronegócio - grandes empresas transnacionais na agricultura, aliadas ao capital financeiro internacional e ao latifúndio, que concentram ainda a cadeia produtiva – das sementes à comercialização, destinando a produção apenas para a exportação e a especulação com o preço dos alimentos. Portanto, agora é necessário uma Reforma Agrária Popular, que garanta a soberania alimentar do povo brasileiro. O MST foi construído ao longo desses anos e sobreviveu graças ao apoio recebido da classe trabalhadora, professores, artistas, ambientalistas, juristas, estudantes, escritores, poetas, parlamentares, religiosos, e cidadãos e cidadãs comuns que defendem a construção de um país justo, democrático e soberano. São nossos parceiros, companheiros e companheiras de caminhada.
Por conta do aniversário dos 25 anos, recebemos saudações dos nossos amigos e companheiros.
Coordenação Nacional do MST"
Destaco a mensagem enviada por Eduardo Galeano para o MST:
"Yo suplico a los dioses y a los diablos que protejan al movimiento sin tierra, y a toda su linda gente que comete la locura de querer trabajar, en este mundo donde el trabajo merece castigo."
100 mil inscritos no FSM de Belém
Já foram contabilizadas 100 mil inscrições para o Fórum Social Mundial de Belém. Destaco duas atividades importantíssimas.
A primeira, organizada pelo Fórum Brasil do Orçamento. A segunda, da Platalforma dos Movimentos Sociais para a Reforma Política.
1) Sobre a atividade do FBO:
A mesa do FBO está prevista para dia 29, primeiro e segundo turnos, na UFPA, na sala FP 11, das 9h às 15h.
2) A Plataforma dos movimentos sociais pela reforma do sistema político está promovendo no Fórum Social Mundial o debate sobre "Sociedade Civil e Sistemas Políticos na América Latina".O debate será no dia 30/01, no Ginásio de Esportes da UFRA ( Universidade Federal Rural da Amazonia) no horario das 15.30 as 18.00 hs. Serão debatedores/as:
- Jose Antonio Moroni - Brasil - Plataforma/INESC
- Roberto Espinoza - Peru - Sociologo, vinculado aos movimentos indigenas amazonicos e andinos
- Marcia Andrews - África do Sul -
- Carmem Silva - Brasil - AMB/SOS Corpo
- Deputada Luiza Erundina - Brasil
O Objetivo é discutir os vários sistemas políticos da América latina, como funcionam, como estão desenvolvendo conteúdo critico e movimento social, no sentido de transformá-los em sistemas mais livres, com respeito às diversidades e ao mesmo tempo igualitários e com justiça social.
Obama começou bem
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Orçamento Criança em Lauro de Freitas
Ainda sobre o fim do governo Bush
Compra de créditos de carbono
A BrasCarbon (ver http://www.brascarbon.com.br/ ) acaba de fechar dois contratos com a Carbon Fund (fundo português de investimento em carbono) para captar 300 mil toneladas de CO2, no setor de suinocultura. O fundo adiantará 1,5 milhão de euros para captação dos gases (o restante será financiado pelo Banco Real: outro 1,5 milhão de euros). Os projetos têm duração de sete anos. A BrasCarbon acredita que em dois meses captará doze projetos com o fundo português. O Protocolo de Kyoto exige que países emissores de gases de efeito estufa até 2012. Muitos países estao trabalhando com MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), comprando créditos de projetos limpos em países de desenvolvimento. Cada tonelada de gás-estufa que deixa de ser produzida por investimentos desses paáises equivale a um crédito. Este é um excelente mercado que se abre (embora de ainda difícil captação) para a agricultura familiar.
Bush Bye Bye
domingo, 18 de janeiro de 2009
Battisti e o barulho para enquadramento do governo
Um governo cujos dirigentes tiveram um passado de esquerda é sempre uma ameaça para quem odeia a esquerda. Tarso Genro concede asilo a Cesare Battisti (na foto) e este ato desperta o medo irracional da direita e grande parte da grande imprensa. Irracional porque do ponto de vista legal, o ato não fere nenhum princípio. Mas é um ato político, sem dúvida. E é por aí que a nuvem de fumaça se espalha. Comecemos pelas reações à direita:
1) O Clube Militar emite nota destacando que se trata de concessão de asilo a um assassino sanguinário. Aliás, vai mais longe e cita uma tal "ditadura sanguinária";
2) O governador José Serra, de olho no eleitorado paulista (muito conservador) afirma timidamente que se trata de um equívoco. Tímido porque ele mesmo foi um refugiado político no Chile e conviveu com brasileiros que eram denunciados pelos mesmos crimes que Battisti;
3) O senador e ex-presidente italiano Francesco Cossiga ataca Tarso Genro dizendo que se trata de um ministro "cretino";
4) A polícia italiana diz que o próprio Battisti matou quatro pessoas. Ele nega.
Os argumentos são exagerados e frágeis, como se percebe.
Vejamos o outro lado (vai parecer maniqueísmo de minha parte, mas fica muito evidente que se trata de uma discrepância de argumentos entre as partes):
1) A decisão de Tarso Genro se respalda numa tradição brasileira de abrigar vítimas de perseguições em seus países de origem (como ocorreu com Stroessner), interrompida durante os regimes autoritários (Vargas e militares);
2) Para o especialista em direito internacional Durval de Noronha Goyos Jr, a decisão do ministro é correta. 'O asilo político é um ato soberano do país, que não pode ser questionado por outro. O Brasil tem plena autonomia para conceder asilo, autorizado pela legislação brasileira, e cabe ao governo a análise de cada caso', afirma;
3) O mesmo diz Eduardo Carvalho Tess Filho, presidente da Comissão de Direito Internacional da OAB de São Paulo: "A decisão está dentro da normalidade jurídica. Há regras para a concessão do refúgio, que têm de ser respeitadas. O Ministério da Justiça tem esse poder discricionário. E não é uma decisão do ministro, é do ministério;
4) Em parecer utilizado pelos advogados de Battisti ao requerer o refúgio, o jurista Dalmo Dallari defende a concessão com base na Constituição Federal. Ele afirma, citando o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Sepúlveda Pertence, que, no caso de crimes políticos, é vedada a extradição".Dallari diz que o entendimento não foi considerado pelo Conare (Conselho Nacional de Refugiados) por 'excesso de trabalho ou inadvertência' e que o refúgio se justifica porque, além de Battisti ter sido julgado por um tribunal viciado, o italiano teme retornar ao país de origem;
5) Há sérios indícios, analisados com mais profundidade pelo governo brasileiro, de que Battisti foi condenado à revelia, sem o devido processo legal.
sábado, 17 de janeiro de 2009
Crise e Política, no Valor Econômico
César Felício (na foto) me cita na sua coluna da última edição do Valor Econômico. Ele percebe que as principais lideranças políticas do país não citam a crise econômica, como se ela não existisse. No texto que produzimos para nossos clientes ("Tendências 2009 - Instituto Cultiva"). O que avaliamos é a crise baterá forte no primeiro trimestre principalmente nos orçamentos municipais, reforçando o papel do governo federal e a concentração orçamentária do país. Por outro lado, a oposição está entre a cruz e a caldeirinha: se citar muito a crise e o governo Lula conseguir socorrer os municípos e empresas (fará isto, possivelmente, de maneira seletiva), estará servindo de "escada" para Lula. Daí jogar suas fichas, neste início de ano, para juntar suas forças.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
A crise e o PD italiano
Recebo artigo de Raimundo Santos ("Crise Econômica, Inovação Política e Programática") que retrata a posição oficial do Partito Democratico (PD), que se formou a partir da fusão da Margherita e Democratici di Sinistra. Raimundo cita o relatório da liderança emergente do PD, Walter Veltroni (na foto), apresentado no encontro da Direção Nacional do PD, em 19 de dezembro passado. Segundo ele, a alternativa com que ora se defronta a esquerda democrática na Itália se resume ao ultimato: "renovamento ou bancarrota". O que significa, na prática, este ultimato ainda está para ser definido. Recorda Veltroni que da grande crise de 1929, sobretudo depois da II Guerra, saímos com um grande compromisso entre capitalismo e democracia. E aí, surge o modelito "inovador": o crescimento impulsionado pelo consumo de uma classe média em expansão (na qual entrava o mundo do trabalho, inclusive operário) e uma forte compressão da desigualdade graças a políticas salariais generosas e a fortes ações redistributivistas públicas. O velho Welfare State. O binômio representado pela crise financeira e pela eleição americana é indicado como surgimento de um tempo promissor, uma "extraordinária oportunidade e também de uma lição para aprender e meditar". E, acrescenta ser necessário "recusar as teses da vocação "de direita" da sociedade italiana e da "insuperável minoridade" da esquerda. Adianta: "Com a crise da hegemonia do pensamento neoconservador, pode se afirmar o primado da política sobre a força e, depois da crise do unilateralismo, pode-se afirmar o multalaterialismo eficaz como única via para o diálogo entre os povos, pela paz e por um desenvolvimento equilibrado e sustentável".
Este longo registro para chegar à conclusão que a centro-esquerda européia está anêmica. Todo este discurso para chegar a qual proposta? Não consegui perceber nada de inovador. Como é possível, num momento de tal crise, tal vocação barroca para elaborar um relatório desta natureza! E eu que já fui filiado à DS italiana!!!
Os 10 maiores PIBs do mundo
Pela base de cálculo antiga/tradicional do Banco Mundial, foram anunciados, hoje, os 10 maiores PIBs do mundo (a partir dos dados de 2007):
OS MAIORES DO MUNDO
(PIB em 2007, em US$ tri)
Estados Unidos 13,81
Japão 4,38
China 3,76
Alemanha 3,32
Reino Unido 2,80
França 2,59
Itália 2,10
Canadá 1,44
Espanha 1,44
Brasil 1,31
OS MAIORES DO MUNDO
(PIB em 2007, em US$ tri)
Estados Unidos 13,81
Japão 4,38
China 3,76
Alemanha 3,32
Reino Unido 2,80
França 2,59
Itália 2,10
Canadá 1,44
Espanha 1,44
Brasil 1,31
Cesare Battisti e as Brigadas Populares de MG
Recebi mensagem das Brigadas Populares-MG e sua moção de apoio ao refúgio político concecido pelo Ministério da Justiça à Cesare Basttisti. Confesso que me surpreendi com a existência da Brigada. E mais ainda, quando percebi que havia até site (http://www.brigadaspopulares.org/novo/principal.asp). Afirmam ser "um movimento social e político autônomo, que possui como objetivo estratégico a construção do Poder Popular no Brasil. Poder estabelecido a partir da participação consciente das amplas bases populares, trabalhadores e trabalhadoras e dos setores conscientes da sociedade brasileira."
Em outra nota reproduzo a Moção de Apoio à posição de Tarso Genro.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
DaMatta, Lula e os discursos
Roberto DaMatta acaba de publicar o artigo "O presidente não lê". Reproduzo o primeiro parágrafo e comento em seguida:
"Numa terra de cegos, quem tem um olho é rei. Num país de gente sedenta e carente de leitura, é desanimador e melancólico descobrir que o presidente da República, o sujeito mais importante e poderoso do sistema; a figura a quem devemos respeito e lealdade pelo cargo que ocupa; que representa não só um partido ou posição política e econômica, mas - como supremo magistrado da nação - todos nós; o homem numero 1 do país não lê. Mais: em entrevista ao jornalista Mário Sérgio Conti, para a revista "Piauí", ele declara que, quando tenta fazê-lo, tem azia. Ademais, descobrimos que ele fez como o pior presidente que os americanos jamais tiveram, George W. Bush, pois dele veio a cópia de uma estrutura palaciana montada para evitar a leitura. Para um sujeito como eu, que vive para os livros e de livros, e que morreria sem livros; para quem a leitura tem sido um meio de dar sentido à vida e de lidar com o amor, com a perda, com o sucesso, com a raiva, o trabalho e com a morte, saber dessa antipatia à leitura é - digo-o sinceramente e com o coração na mão - chocante, inacreditável, triste, devastador. "
Entendo o papel institucional do cargo do Presidente da República. Sua fala não pode ser pessoal, já que é investido desta função que sustenta a República. Mas acredito que DaMatta escreveu meias-verdades, já que é um analista arguto. Explico: é óbvio que Lula lê jornais e clipping diário dos mesmos. Neste caso, trata-se de uma provocação. DaMatta reduz a questão (embora pudesse dar luz à grande população brasileira, sobre os caminhos e descaminhos da prática política) da mesma maneira que a oposição (da época) fez com a famosa frase de FCH em que dizia para esquecerem tudo o que havia escrito (retomando a tese de Max Weber, sobre a diferença entre a ética da ciência e da política). Diria que se trata de uma motivação inconfessável de oposição, de tipo partidária. A mesma que fez alguns jornalistas criticarem a tal “marola” dita por Lula. É óbvio que Lula tem informações privilegiadas e pelas políticas que vem adotando, sabia desde o início que não se tratava de marola (fui secretário de governo nos anos 90 e sei como não se adota uma política do dia para a noite, o que revela que já estavam em elaboração). O que um Presidente deve falar? Que a crise destruirá a economia? Entre outubro e dezembro, período de compras? Diria para fazer poupança privada? E qual o impacto desta fala sobre os pequenos e médios empreendedores? Uma fala catastrófica, sem nenhuma responsabilidade política, que criaria de imediato um círculo vicioso no mercado nacional. Enfim, acho que o artigo de DaMatta é mais um ato falho que outra coisa.
Cargo de Confiança
Começo de governo e o tema dos cargos de confiança voltam à cena. Quero apresentar uma leitura distinta do que comumente se faz sobre os "CC".
No último ano, em uma das consultorias que desenvolvemos, percebemos o quanto um cargo de confiança tem problemas ao ser preenchido por funcionário de carreira. O que ocorre? Quando ele retorna à função original, tem todos seus ex-comandados ao seu encalço. Ele, agora, é igual. A questão é: se este cargo de confiança não tem outra opção profissional (após perder o cargo, numa mudança de governo) ou força política, qual sua estratégia de sobrevivência? Fazer vistas grossas aos desmandos dos seus comandados, evitando conflitos futuros. Este é um risco permanente.
Os grandes projetos e matrizes discursivas (como o tal "choque de gestão" ou o "modo petista de governar", este último pouco empregado nos últimos anos) não dialogam com esta situação. Deveriam. Como ouvi de um funcionário, quando fui do governo de Erundina: "vocês passam e nós ficamos".
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
A morte do "Velho Chico"
Recebo de Frei Gilvander Moreira a seguinte mensagem:
"As fotos de João Zinclar são de janeiro de 2009 (ver foto nesta nota, ao lado), na região do baixo São Francisco, entre Propriá (SE) e Porto Real do Colégio (AL), Penedo (AL) e Brejo Grande (SE), já na foz do rio. Imagens que não deixam duvidas e dizem muito mais do que qualquer propaganda governamental. Em Propriá (SE) e Penedo (AL), os bancos de areia no leito do rio fazem parte da paisagem. Verdadeiras ilhas de areia consolidadas, já com vegetação rasteira formada, mostram um rio cada vez mais debilitado, com pouca água no leito. A cena mais impressionante ocorreu em Brejo Grande, a menos de um quilômetro do encontro do rio com as águas do mar. No dia 05 de janeiro, atravessando o rio em uma pequena embarcação (hoje só é possível a elas nave gar na foz do rio São Francisco) presenciamos uma inusitada travessia de búfalos, cruzando da margem a um banco de areia no meio do rio para pastar na vegetação que ali se formou. O Velho Chico, que depois de percorrer mais de dois mil quilômetros, atravessar cinco estados brasileiros, sofre com a falta de água na sua foz."
Reflexão em causa própria
Em dois dias retomo minhas atividades de consultoria em gestão participativa. Faço uma última observação antes da retomada da correria que marca este tipo de atividade, envolvendo consultorias para sindicatos, prefeituras, governos estaduais, palestras, elaboração de pareceres e propostas.
Fico pensando o quanto mudamos desde que entrei nesta roda-viva, abandonando o ensino e pesquisa universitários. Nossa equipe produziu um amplo programa de formação de professores (só em MG, envolvendo 130 mil professores), em MG, RJ, TO, PI, SP, ES. Também desenvolvemos atividades para formação de extensionistas rurais de SP, MG, CE, Ministério do Desenvolvimento Agrário. Trabalhamos com direito da criança e adolescente em quase todo o país, além de desenvolver a primeira pesquisa sobre atendimento ao adolescente infrator. Elaboramos indicadores de avaliação de resultados de políticas públicas, criamos escolas da cidade para formação de lideranças sociais, formamos conselheiros do orçamento participativo, implantamos descentralização administrativa, cursos em escolas de governo, implantação do orçamento participativo criança, implantação da lei de responsabilidade social. Apenas para citar algumas das nossas frentes de trabalho. Quase 15 anos de trabalho por todo o país e parte da América Latina.
Olhando para trás, iniciamos as atividades a partir de uma visão quase escatológica dos "novos" movimentos sociais, embasados em teorias européias que foram adequadas ao Brasil pelas mãos de muitos sociólogos (do CEDEC, onde trabalhei, passando pela Federal de Santa Catarina e ongs do RJ). Lembro-me de Vera Telles, Eder Sader (com quem trabalhei e me surpreendia positivamente), Marilena Chauí, todos mergulhamos nesta hipótese que tinha muita, para nós tupiniquins, relação com a redemocratização e baixa inserção social dos partidos políticos. Os novos movimentos sociais lutavam pela participação social na política, com total autonomia, criticando duramente a institucionalidade vigente, ampliando os espaços do fazer política (para os bairros e locais de trabalho). Ruth Cardoso foi a voz mais racional que alertava para o conservadorismo comunitarista que embalava os "novos" movimentos sociais. Daí surgiu uma linha analítica mais crítica a respeito deste tema. A partir dos anos 90, a tese escatológica sobre os novos movimentos sociais foi minguando por inanição.
Os partidos de esquerda foram rapidamente tomados, nos anos 90, pela ânsia de inserção nos escaninhos da institucionalidade vigente. A tese da autonomia foi totalmente solapada nos anos 90. Parte da convicção sobre o papel dos movimentos sociais desaguou na Constituição de 88. Mas a tese sobre os novos movimentos sociais fazia uma mediação entre a militância e a sociologia, embora fosse desavergonhadamente escatológica. Contudo, a partir daí, o que gerou debate sociológico no Brasil?
E aí, chegamos ao ponto onde estamos. É hora de nos perguntarmos se toda energia jogada nos últimos anos para construção, elaboração e socialização de mecanismos e instrumentos de gestão participativa e radicalização democrática gerou algum resultado concreto ou significativo de mudança social e política. Muitas vezes, ao iniciar uma nova consultoria, somos obrigados a começar do zero, o que denota que a cultura da participação na gestão ainda não se instalou nos órgãos públicos e entre a grande maioria das ongs e entidades de representação social. A mudança cultural dos gestores e liderança sociais é extremamente lenta e a falta de reflexão sistemática desses atores gera um novo dilema de Sísifo.
Conclusões melancólicas, é verdade. Mas é hora de começarmos a realizar um bom balanço do que fizemos desde o final dos anos 80.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
A voz do Banco Mundial:
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