sábado, 10 de janeiro de 2009
Coração de Tinta
Gramsci, logo que foi preso nos anos 30, decidiu estudar a literatura lida pelos operários. Leu folhetins, romances populares, buscando construir a cultura (que mais tarde Renato Ortiz cunhou como bricolage) sincrética, heterodoxa e complexa. Sempre achei esta metodologia interessante. Ecléa Bosi, aqui no Brasil, perseguiu este percurso e escreveu "Leituras de Operárias".
Com esta intenção, entrei na Livraria Cultura e perguntei à livreira da seção de literatura infanto-juvenil o que os pré-adolescentes e adolescentes estavam pedindo. Ela me indicou dois livros, mas destacou Coração de Tinta. Disse que o enredo é um pai que ao ler em voz alta os livros para a filha, faz os personagens ganharem vida e saírem da prisão de letras. Achei o argumento muito interessante. A vendedora disse mais: que o livro tinha se tornado um filme e que estava sendo lançado. Finalizou dizendo que os pré-adolescentes e adolescentes são muito mais educados e bom leitores que os adultos. Perguntei o motivo e ela disse que eles sabem o que querem, mas ouvem atentamente outras sugestões dadas pelo vendedor. E são leitores vorazes. Fiquei bem entusiasmado com esta notícia.
Fui assistir o filme hoje, com minha família junto. As críticas que acessei eram péssimas. Não achei tão ruim. Obviamente que não se trata de uma obra prima e o começo é bem arrastado, com poucos recursos tecnológicos (os personagens poderiam sair do livro, por exemplo, o que daria maior empatia). Não achei tão didático como algumas críticas afirmavam. Mas é um filme de férias, de aventura, para pré-adolescentes. E, neste sentido, é mais que interessante. Acho que seria importante uma atenção maior a respeito dos filmes, jogos e literatura em geral que adolescentes estão acessando.
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