É motivo para reflexão o quanto várias análises e conceitos teóricos dos últimos anos são superadas rapidamente pela realidade. A marca é a provisoriedade. Alguns autores sustentam dificuldades metodológicas para acompanhar a fluidez e flexibilidade do mundo atual, já que a sociologia é uma ciência típica da modernidade (a palavra foi registrada pela primeira vez num dos famosos seminários de Filosofia Positiva de Comte, em 1824). Trouxe do México, um livro de Juan Manuel Ramírez Saíz (UAM e ITESO), intitulado Ciudadanía Mundial. A tese central é a emergência de novos movimentos sociais (termo, aliás, empregado desde a década de 80)ou novos sujeitos internacionais, articulados a partir de Seattle/99. Cita a Via Campesina, o Greenpeace, a Marcha Mundial das Mulheres, entre outros.
Tais movimentos transnacionais são uma realidade. Mas a tese já tem algo de anacrônico, embora o livro seja de 2006. Há variadas e emergentes formas de articulação social, por temas dos mais variados, a maioria articulada em rede virtual, cuja mobilidade me parece muito mais significativa (sociologicamente) que o
caráter internacional de movimentos sociais (que me parecem extemporâneos). Aliás, acho que a organização em rede e local é mais inovadora socialmente (o controle parcial do território como espaço público) que as articulações transnacionais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário