terça-feira, 8 de julho de 2008

A alta do preço do barril do petróleo


A crise da matriz energética baseada no petróleo já foi causa da desorganização e superação do fordismo, a partir do final dos anos 70. Agora, aguardamos o próximo impacto. Na última quinta-feira, dia 03 de julho, o barril de petróleo bateu novo recorde de preço ao marcar US$ 145,00 na cidade de Nova York. Nos últimos anos, o preço do barril saltou de US$ 30,00 em 2003 para US$144,00 em 2008. Mauro Kahn, especialista em geopolítica do petróleo e geopolítica ambiental, e administrador do site www.clubedopetroleo.com.br sugere a seguinte análise sobre o tema:
a) Ação dos Investidores: atores de frequentes apostas extremamente altas no mercado. "Partindo da opinião consensual de especialistas, podemos projetar que a especulação, por si só, corresponde a cerca de 20% do preço do barril (e a tendência é que este percentual aumente). Sem ela, é provável que a cotação nem mesmo passasse dos US$ 110,00.";
b) A desvalorização do dólar: a crise no setor imobiliário americano, somada ao desgaste do governo e da economia americana, consolidou a força da moeda européia e levou investidores a moverem-se em direção a moedas de países emergentes, enfraquecendo ainda mais o dólar;
c) Explosão do consumo: impulsionada por países em desenvolvimento como China e Índia, houve aumento de cerca de 15% desde o ano 2000. "Refrear esse crescimento é uma medida improvável, embora existam formas de amenizá-lo. A mais evidente, conquanto indesejável, seria o aumento radical no preço dos derivados";
d)Conflitos políticos: o mero temor por uma guerra envolvendo países como, por exemplo, o Irã, já é por si só suficiente para criar uma certa instabilidade. Outra atual medida política americana é a abertura do Iraque para diferentes "players". Tal fato deverá aumentar a produção de petróleo e ajudar a derrubar as cotações, uma vez que o país apresenta o melhor R/P (reservas/produção) do planeta. Em termos de causas imediatas, merece ser citada a crise no Delta do Níger, onde uma plataforma da Shell foi atacada no mês de junho por um grupo separatista;
e) O declínio de reservas: recentes quedas nos estoques estratégicos dos EUA causaram um aumento de preço significativo nos últimos meses, e outros problemas de escassez – como o declínio das reservas do Mar do Norte – vem ao longo dos anos colaborando para elevar as cotações;
f) Subsídios aos derivados: Por ora, EUA e China ainda continuam a subsidiar - apesar de reajustes no preço da gasolina de 20% e 17%, respectivamente. Adotando uma postura mais prudente, países europeus (não produtores) vêm ampliando seus reajustes (a Itália, por exemplo, já reajustou em 31%).
Conclui Mauro:
"Embora as projeções futuras não sejam otimistas (prevê-se um barril a US$ 170,00 em setembro), é importante ressaltar que toda previsão pode e deve ser usada como maneira de interferir e transformar a realidade."

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