Clint Eastwood vai se tornando, além de um dos mais sensíveis diretores do cinema mundial, um enorme enigma ideológico. Tudo levava a crer que era politicamente conservador. Mas foi enveredando para uma carreira mergulhado em dilemas pessoais e muita sensibilidade. Parece que tudo começou nos anos 1990, quando interpretou um ex-agente do FBI. Depois veio Cowboys do Espaço (2000) e. tempos depois, Gran Torino (2009, que oscilava entre o moralismo conservador, a ação justiceira e a "quebra" do conservadorismo xenófobo). Mas foi mais poético com As Pontes de Madison (1995) e flertou com o discurso (e atores) de centro-esquerda em Invictus (Matt Damon é reconhecido como um "liberal" entre atores norte-americanos de destaque).
Aí vem este J.Edgar, sobre a história do ex-diretor do FBI, J. Edgar Hoover (interpretado por Leonardo DiCaprio), que mostra desmonta a carreira deste ícone do ultra-conservadorismo (em tempos de Tea Party, lembremos), revelando sua paranóia e conflito sexual. Aliás, sobre este aspecto do conflito sobre sua sexualidade, o filme me fez lembrar uma fala de um grande jornalista, hoje em Brasília, que ao comentar a homossexualidade escondida de um importante político mineiro dizia: "a pior das traições é aquela que nega até mesmo sua pele, seu corpo. Não há como confiar em uma pessoa assim".
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