Fui assistir A Dama de Ferro, com Meryl Streep. O tempo todo me lembrei de minha avó, Julieta. Não ideologicamente, já que minha avó era muito mais progressista (uma "liberal", na acepção norte-americana). Já devo ter contado neste espaço que ela, em dia de eleição, incentivava a mim e meus primos a fazer boca de urna (quando ainda era permitido) pelos candidatos de esquerda, como Fernando Henrique, Alberto Goldman e Antonio Resk. O que me fez recordar foi a personalidade e até mesmo a fisionomia. Ambas eram inquebrantáveis, rigorosas e únicas.
Lembranças a parte, fiquei pensando o que faria a indústria cinematográfica lançar este filme neste momento histórico de retorno do papel orientador do Estado (e até lampejos neokeynesianos). Não vale a interpretação de Meryl Streep, primorosa. Se é a defesa do pensamento conservador ou hiperliberal, posso afirmar que foi um retumbante fracasso. Fiquei pensando até mesmo que a intenção foi exatamente inversa: o sentimento que fica é de tal instransigência e dúvida permanente de Margareth Tatcher que não há como não se posicionar a favor da greve dos mineiros. A solidão final da dama de ferro acentua esta discurso subliminar. A guerra das Malvinas, tensão retomada nos últimos dias, surge como uma lufada de sorte em meio à queda vertiginosa de popularidade do governo neoliberal.
A crítica brasileira foi devastadora com este filme. André Prado, do Jornal do Brasil, chegou a afirmar que é um filme raso.
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