Que brasileiro é afeito ao humor escancarado é mais que sabido. Assim, o carnaval brasileiro tem tudo para utilizar a política como tempero. E os políticos alimentam esta história. Primeiro, quando todos adversários se encontram, muitas vezes bem alegres, em camarotes regados a todo imaginário carnavalesco. Agora mesmo, em Recife, fotos onde petistas, tucanos e peemedebistas que se odeiam durante todos os meses do ano, esqueceram o calendário ou o ódio. A foto que ilustra esta nota revela um desses encontros mais que amistosos entre lideranças políticas que durante os dias úteis jogam seus apoiadores e militantes para a "guerra santa", uns contra outros. Vemos o governador Eduardo Campos (PSB, com espírito oscilante, entre tucanos e petistas), o sociólogo e guru dos tucanos (Antônio Lavareda), o presidente de alta plumagem (Sérgio Guerra) e o sempre em conflito prefeito petista de Recife (João da Costa).
Em BH, as marchinhas de carnaval deste ano conseguiram emplacar a ironia (não muito fina) contra o prefeito e o presidente da Câmara Municipal. Um sucesso e deve ser cantada aos berros nas ruas, bares e clubes.
A situação se repete país afora, por conta do "engajamento etílico" dos blocos de carnaval. No ano passado, apenas para ilustrar, o Pacotão, famoso bloco do Distrito Federal, lançou a palavra de ordem "Kadafi é do DEM". O Pacotão foi criado em 1978 por jornalistas que protestavam contra a ditadura militar. Daí o nome: crítica ao pacote de abril, aquele que criou o senador biônico. O atual governador, do PT, já foi membro do bloco, mas não deve ser poupado. Tanto que no ano passado a letra da música mais cantada por ali foi: "arlegquim vive chorando, infeliz, deu o voto para o Agnelo e elegeu um assecla do Roriz". Ou: "o Sarney faz na vida pública o que eu faço na privada!".
Que o carnaval dure o ano todo. Na política.
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