domingo, 12 de janeiro de 2014

As manifestações de junho já começaram a apresentar seu aperitivo

Moro num país tropical. Que deveria ser abençoado por Deus.
Aí, o pessoal sai às ruas. E exige direitos. Acho que Deus lhes deu a voz, o que não deixa de ser uma benção.
Não adianta o conservadorismo da classe média ou de pretensas lideranças religiosas ultraconservadoras que se alimentam do ódio. Também não adianta o atalho de um governo meia-sola de esquerda, procurando conciliar interesses que são contraditórios: se se alimentam na existência, se rejeitam na essência. Não vou nem citar os liberais-conservadores de plantão, que estes já estão perdendo faz tempo o chão e parecem cada vez mais incomodados com o clima quente dos trópicos.
No país tropical, sair às ruas é a melhor pedida. Se possível, marcando um rolezinho num local com ar condicionado ou - mesmo que seja para depois - num boteco com cerveja gelada.
As periferias entram nos shoppings. E os travestis fazem o mesmo. A violência maior, até aqui, é mostrar nosso reflexo no espelho.
Quando se juntarem aos "meninos de junho", a festa estará posta à mesa.
Deus deve se orgulhar deste pedaço de chão tropical. Só nos basta a voz.

No calor do verão, protestos migram para o ar condicionado dos shoppings

Travestis pediram acesso a banheiros femininos no Center 3, enquanto jovens tentaram entrar no shopping JK Iguatemi e foram expulsos pela PM do shopping Metro Itaquera


SÃO PAULO - Os protestos parecem ter migrado das ruas quentes deste verão de 2014 para o ar condicionado dos shoppings.
Neste fim de semana, frequentadores de pelo menos três importantes centros de compras de São Paulo foram surpreendidos por manifestantes que marcaram encontro pelas redes sociais.
Além de duas convocações para os chamados 'rolezinhos', nos shoppings JK Iguatemi e o Metrô Itaquera, um grupo entrou no shopping Center 3, na Avenida Paulista, para protestar pelo direito dos transexuais frequentarem os banheiros femininos.
Entre os cartazes, havia frases como "Não se nasce mulher, torna-se. Simone Bevoir" e  "Minha identidade é feminina, liberem o banheiro feminino".
Os protestos de jovens para encontros nos shoppings não são apenas sintoma da falta de opções de cultura e lazer ou vontade de fazer bagunça. Nas redes sociais, muitos participantes defendem 'acesso democrático' aos shoppings e dizem que 'rolezinho' de rico é 'fhash mob', nome dado a aglomerações instantâneas combinadas para surpreender as pessoas em locais públicos. 

2 comentários:

Marcelo Delfino disse...

O 'flash mob' citado no texto transcendeu há meses qualquer grupo social. Já teve até 'flash mob' episcopal. Houve um com vários bispos na Praia de Copacabana, durante a última Jornada Mundial da Juventude. Sei porque vi ao vivo pela TV. Até que a maioria deles teve alguma desenvoltura, apesar das batinas.

Marcelo Delfino disse...

Vale lembrar que 'flash mob' não tem potencial algum pra servir pra protesto seja lá contra o que for. Idem os rolezinhos.