Tem jovem que entra na política com cabeça de velho. Para mim, o emblema maior é o Leo Burguês, o tal presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Ele se esforça, mas não consegue ser jovem. Já entrou como político tradicional. Tradicionalíssimo, quase um caso de tombamento. Mas há jovens que continuam jovens. Aí, o defeito é o inverso do que ocorre com Leo Burguês: são excessivamente crentes. Utopia existe para nos fazer humanos. Mas a crença absolutamente em algo que ainda não existe pode se tornar dogma e intolerância. Obviamente que contra esta crença não adianta argumento de autoridade. É, aliás, o pior dos argumentos porque não há como o interlocutor dialogar com ele: se somente eu vivi aquilo, não é argumento, é memória. De qualquer maneira, vou citar duas passagens do delicioso livro de Rodrigo Lacerda (A República das Abelhas) que o autor atribui ao seu avô, Carlos:
"Gosto de rosas porque a planta sai da terra relativamente feia, irregular e com espinhos, mas de repente dá um grito, e seu grito é incrivelmente belo".
E esta, ainda:
"Sempre achei a política uma coisa um pouco assustadora. Ao pensar nela, eu sentia o que o toureiro sente quando encara o touro. É o que fascina e aterroriza, a força que usará contra você."
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