terça-feira, 14 de janeiro de 2014

As várias explicações sobre os rolezinhos (2)

O texto abaixo não é explicação, mas interpretação. O autor, Rafael, tem a mesma origem que os "rolezeiros". Um testemunho interessante.

Rolevolução

rolezinhos-shopping
Os Rolezinhos – sem aspas por favor – estão fazendo aquilo que a classe média, medíocre, universitária, não fez. Revolução.
A favela ficou invisível por tempo demais. Tempo demais. Eu sei, porque é de lá que eu venho.
A classe média não gosta da favela. Odeia pobreza, tristeza, colégio público, café de padaria, busão lotado.
Odeia roupa colorida, óculos espelhado, cabelo pintado e desenhado. Odeia gíria, dialeto. Não suporta funk.
Do alto dos muros dos condomínios do Itaim Bibi, Morumbi, Jardins, Pacaembu, Perdizes, Pinheiros, Moema, olhos azuis observam com medo a movimentação estranha desses negros e pardos coloridos que se aglomeram em volta de seus templos de prazer. E agora?, pensam eles. E agora? O que fazer, quando o presidente da Ambev for comprar um iPhone 67 para seu filho e for obrigado a sentir o cheiro de Axe Dark Temptation?
Rolezinhos-604x270
A molecada favelada não foi pra rua. Foi pro shopping dar rolê. Está incomodando com aquilo que mais incomoda a classe média e alta. Sua pobreza. Essa gurizada está levando sua pobreza para locais antes proibidos. Está invadindo sem pedir permissão, sem se desculpar, locais que não foram construídos para eles. Nenhum queixa de roubou ou furto é feito pelos lojistas, mas mesmo assim, a presença desses despossuídos faz com que as portas se fechem, fregueses corram, a polícia se prontifique. 
Quando fuzilaram minha casa e a de meu vizinho lembro da polícia não agir tão rapidamente assim. Mas talvez seja somente minha memória ficando senil.
Agora, a entrada da molecada em shopping centers está formalmente proibida.  No shopping JK Iguatemi, do empresário Carlos Jereissati, seguranças do shopping fizeram uma triagem para definir quem poderia entrar e quem deveria ficar de fora. Negros e pardos pobres, fora.
rolezinho1
E o pior, é que há gente como Fabio Magalhães, encarregado de compras na Empresa Prakolar Rótulos e formado em Comércio Exterior na Uninove – de acordo com seu próprio perfil no Facebook – que sai com a seguinte pérola de sabedoria:
“Você também está achando a repressão aos “rolezinhos” no shoppings paulistanos um novo ‘apartheid’?
ENTÃO FODA-SE!
O melhor modo de se inibir a criminalidade em projetos de futuros bandidos e marginais é assim mesmo. Já que infelizmente não se pode matar esta sub espécie de gente. Mas se morresse também não faria falta nenhuma!”
Preciso continuar?

2 comentários:

Daniel Matos disse...

É a primeira vez que envio algo para o.seu blog, então não sabia bem como fazer. Acabei de enviar um link de um blog com interessante análise dos rolezinhos. Reenvio aqui pois anter foi sem nenhuma explicação: http://jogodevoce.blogspot.com.br/2014/01/um-rolezinho-na-sociedade-de-classes.html?m=1

ANDERSON disse...

Esses "OPRIMIDOS" não frequentam Paraty nem o El Tranvía por exemplo então por isso não te incomodam e você também não deve frequentar Shopping Centers que só para constar são talvez a única opção de lazer para pessoas da classe média que nem por isso promovem baderna, se esforce para imaginar você e sua família em um Shopping eis que ocorre um "rolezinho" ou um pancadão na madrugada em frente à sua residência, o que faria? Mas isso não vai acontecer, você não frequenta Shopping e deve morar em um condomínio fechado. Por fim, na Prática a teoria é outra.