quarta-feira, 30 de junho de 2010
A humilhação imposta pelo DEM
O troco foi pesado. Não só Álvaro Dias sai humilhado nesta história (qual será a reação do outro Dias, agora?), mas PPS também. Já o PSC acusou o golpe e saiu da canoa. Sinceramente: nunca vi tanto amadorismo em campanha para a Presidência da República. Será que conseguem se recuperar com programa de TV?
Indio queria apito e... ganhou... de Serra
Parece brincadeira, mas não é. O DEM e PSDB acabam de decidir o nome do deputado Indio da Costa (DEM-RJ) como vice do tucano José Serra na disputa presidencial. Em seguida, o PSC anunciou que desistiu de apoiar Serra e passou para o lado de Dilma Rousseff. O vice é carioca (onde Serra perde de goleada da candidata governista) e foi relator do Ficha Limpa. E só. Quer dizer: só para venda externa. Vamos reler o currículo do vice: ele é carioca. Resumindo: vitória dos Maia. Ao menos esta os cariocas conseguiram levar.
terça-feira, 29 de junho de 2010
Vox Populi
Vox Populi: Dilma tem 40% das intenções de voto contra 35% de Serra
O instituto de pesquisa, em minha opinião, se firma como o mais coerente nesta eleição (até aqui).
O instituto de pesquisa, em minha opinião, se firma como o mais coerente nesta eleição (até aqui).
São Bento sitiado
Ontem, durante o jogo, o bairro de São Bento, em Belo Horizonte (região com vários bares) foi sitiada por carros da polícia, motos com batedores, cavalaria etc. Muitos lojistas foram "convidados" a fechar suas portas.
Obviamente que precaução e segurança é fundamental nos dias de hoje. Mas não haveria algum exagero governamental?
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Mais uma de argentinos
Esta veio do Angelo Rigon:
Después de una consulta a nacion, la Argentina le envía un mensaje a la Republica Popular China:
- Chinos de m…: les declaramos la guerra; tenemos 105 tanques, 47 aviones funcionando, 4 barcos que navegan y 5.221 soldados.
Los chinos les contestaron:
- Aceptamos la declaración; tenemos 180.000 tanques, 18.000 aviones, 7900 barcos y 25.0000.0000 de soldados.
A lo que los argentinos les contestaron:
- Retiramos declaración de guerra.No tenemos suficientes camas para los prisioneros.
Às vésperas de um Brasil X Argentina
Enviado por Maurício David:
Às vésperas de um jogo entre Brasil e Argentina, um gaúcho entra na delegacia de policia em Uruguaiana e dirige-se ao delegado:
-Vim me entregar, cometi um crime e desde então não consigo viver em paz.
- Chê, disse o delegado, as leis aqui são muito brabas e são cumpridas e se o tu és mesmo culpado não terá apelação nem dor de consciência que te livre da cadeia, mas fala...
- Atropelei um argentino na estrada BR-472, perto de Itaqui..
- Ora xirú, como tu podes te culpar se estes argentinos atravessam as ruas e as estradas a todo tempo?
- Mas o vivente estava no acostamento.
- Se estava no acostamento é porque queria atravessar, se não fosse tu seria outro qualquer.
- Mas não tive nem a hombridade de avisar a família daquele qüera, sou um porqueira!
- Bueno, se tu tivesse avisado haveria manifestação, repúdio popular, passeata, repressão, pancadaria e morreria muito mais gente, acho o senhor um pacifista, merece uma estátua.
- Mas senhor delegado, eu enterrei o coitado homem ali mesmo, na beira da estrada.
- Tá provado, tu és um grande humanista... enterrar um argentino... é um benfeitor, outro qualquer o abandonaria ali mesmo para ser comido por urubus e outros animais, provavelmente até hienas.
- Mas enquanto eu o enterrava, ele gritava : Estoy vivo, estoy vivo!
- Garanto que era mentira dele, esses argentinos mentem muito!!!
"A candidatura está se desmanchando"
Do blog do Noblat:
Voltei da África do Sul. Ou muito me engano ou a candidatura do Serra está se desmanchando.
Voltei da África do Sul. Ou muito me engano ou a candidatura do Serra está se desmanchando.
O decálogo do político mineiro
Já pensando no país em que vou me exilar, lá vai o decálogo do político mineiro:
1)A forma é sempre mais importante que o conteúdo. Fazer uma crítica com delicadeza ofende menos;
2)Não denunciar publicamente. Mineiro gosta de denúncia, mas desconfia de quem denuncia;
3)Política se faz no corredor. O que é público é sofrimento (velório, missa de 7º dia etc);
4)Lazer, só no Rio de Janeiro ou Espírito Santo (pode ser New York ou, no caso de ser valadarense, Boston);
5)Sempre falar da mãe, do pai ou do avô, de quem terá herdado algo;
6)A política concreta se faz por meio de “operadores da política”. O líder nunca se expõe e sempre deve aparecer como vítima, nunca como algoz;
7)Ter boa relação com a maçonaria e com a igreja católica. Na dúvida, dizer que torce para o América;
8)Partido político é um detalhe. Em Minas, todos são “amigos”, têm algum parente próximo ou vai ter;
9)Em Minas, o silêncio fala mais que a boca;
10)Nunca responder a qualquer crítica, nunca passar recibo de nada, nunca gargalhar (qual o motivo para ser tão feliz?).
1)A forma é sempre mais importante que o conteúdo. Fazer uma crítica com delicadeza ofende menos;
2)Não denunciar publicamente. Mineiro gosta de denúncia, mas desconfia de quem denuncia;
3)Política se faz no corredor. O que é público é sofrimento (velório, missa de 7º dia etc);
4)Lazer, só no Rio de Janeiro ou Espírito Santo (pode ser New York ou, no caso de ser valadarense, Boston);
5)Sempre falar da mãe, do pai ou do avô, de quem terá herdado algo;
6)A política concreta se faz por meio de “operadores da política”. O líder nunca se expõe e sempre deve aparecer como vítima, nunca como algoz;
7)Ter boa relação com a maçonaria e com a igreja católica. Na dúvida, dizer que torce para o América;
8)Partido político é um detalhe. Em Minas, todos são “amigos”, têm algum parente próximo ou vai ter;
9)Em Minas, o silêncio fala mais que a boca;
10)Nunca responder a qualquer crítica, nunca passar recibo de nada, nunca gargalhar (qual o motivo para ser tão feliz?).
"O homem errado na situação errada"
O portal Terra publica o que considero a entrevista mais demolidora da candidatura de Serra. Trata-se da avaliação de Marcus Figueiredo, da IUPPERFJ:
O homem errado na situação errada. É assim que o professor Marcus Figueiredo, do Instituto Universitário de Pesquisa e Pós-graduação do Rio de Janeiro (Iupperj), ligado a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), analisa o desafio enfrentado pelo candidato do PSDB, José Serra, na corrida pela presidência da República. "O jogo político colocou-o fora de lugar duas vezes. Esse é o principal problema dos tucanos", analisou Figueiredo.
O caos no Centro Administrativo do governo mineiro
Para quem ainda acreditava no choque de gestão, veja esta matéria AQUI. Publicada no jornal Hoje em Dia, é uma das primeiras da imprensa mineira a criticar frontalmente ação governamental em oito anos de gestão Aécio. Revela (veja foto) que a obra de 1,2 bilhão de reais completa seu terceiro mês de existência com problemas graves de infraestrutura.
DEM já é tratado como peso morto
O erro de Serra é ser indeciso e grosseiramente pragmático. Mas ele sinalizou algo que todos analistas políticos já vaticinaram: o DEM (ex-Arena e ex-PFL) acabou ou está em vias de fechar as portas. Dificilmente chega às próximas eleições municipais. A tendência é uma reestruturação geral do sistema partidário brasileiro. Já noticiei as conversas para criação de um novo partido envolvendo os democratas, parte dos tucanos não paulistas e pequenos partidos. Luis Nassif sugere que os pequenos partidos formarão pequenos blocos nas extremidades do espectro ideológico. Se estiver certo, PMDB, PT e PSDB se aproximam, ao centro. Se o boato de formação deste novo partido for verdadeiro, a polarização PT/PSDB continuará por mais um período, tendo o PV de Marina Silva correndo por fora. O novo partido deverá agregar outras agremiações significativas, como o PPS. Este - o PPS - é um partido que me intriga. Aliou-se de tal maneira ao serrismo que se tornou linha auxiliar dos tucanos paulistas. Acredito que mereceria outro destino, mais independente, pelo passado que carrega. PSB e PDT fizeram tanta algazarra que começam a caminhar nas trilhas do PPS.
Enfim, as opções partidárias representam mais grupos de interesses que reflexo do pensamento político ou ideais disseminados na sociedade brasileira. Os partidos nunca estiveram tão longe da política real como hoje. São ficções, do ponto de vista da representação social. Representam a si mesmos.
Frase do Dia
"Se meus inimigos pararem de dizer mentiras a meu respeito, eu paro de dizer verdades a respeito deles."
(Adlai Stevenson, democrata norte-americano dos anos 50 e 60))
(Adlai Stevenson, democrata norte-americano dos anos 50 e 60))
domingo, 27 de junho de 2010
Artigo de Marco Aurélio Nogueira sobre transição partidária
Partidos em transição
Agora que a campanha presidencial ganha força e os candidatos começam a revelar seus recursos e ideias, pode ser útil dar algum destaque ao que está por trás e na base deles.
Refiro-me aos partidos políticos, e especialmente ao PT e ao PSDB, as duas estruturas mais importantes em termos de quadros, bancadas parlamentares, experiência de governo e presença na história recente do país.
O cientista político Luiz Werneck Vianna tem observado, de forma recorrente, que esses dois partidos “paulistas”, nascidos nas dobras da redemocratização para dar voz e representação a vários setores sociais impulsionados pela modernização, teriam vindo ao mundo com “um diagnóstico comum sobre o que seriam os males do país”: o excesso de Estado, a “herança ibérica” e patrimonial, o autoritarismo político, as políticas de clientela, o burocratismo parasitário, os mecanismos de cooptação, em suma, tudo aquilo que bloqueava a movimentação da sociedade civil e a livre representação dos interesses.
No entanto, crescendo como estruturas independentes, passaram a ter de lutar pela conquista de espaços, recursos de poder e “territórios”. Tornaram-se concorrentes, adversários. E o que poderia ter produzido uma vigorosa social-democracia no país acabou por desembocar no fortalecimento de dois partidos que detém a hegemonia na política nacional mas não conseguem mudar a face do país, nem melhorar a representação política dos setores que a eles se vincularam na origem.
Com isso, PT e PSDB deixaram de ser “expressões do moderno na política” e se entregaram ao trabalho de cortejar as forças do atraso político e social, para assim responderem ao “presidencialismo de coalizão” que prevaleceria no país. A diferença entre eles esmaeceu. Converteu-se em efeito colateral dos embates eleitorais.
Isso não quer evidentemente dizer que os dois partidos tenham se tornado iguais, nem que as distinções entre eles se resumam a detalhes banais ou pouco nobres. Muitas coisas importantes separam PT e PSDB: o estilo de governo, a relação com os setores organizados da sociedade, a maneira como concebem a questão da regulação do mercado. Isso para não mencionar suas ideias de desenvolvimento, distribuição de renda, redução da desigualdade e afirmação dos direitos de cidadania, que dão origem a políticas públicas distintas.
A interessante hipótese de Werneck Vianna vale tanto pelo que constata quanto pelo que sugere.
PT e PSDB perderam progressivamente a graça e a vitalidade. Acostumaram-se ao exercício do poder, assimilaram as implicações da globalização e do estabelecimento de um padrão mais “líquido”, individualizado e veloz de vida social, ajustaram-se às novas maneiras de fazer política e disputar eleições. Deixaram-se envolver por uma rede de ressentimentos, mágoas e feridas recíprocas, que os mantém em um conflito inflamado mas pouco substantivo. “Civilizados” pela estabilidade democrática do país e pelos ritos e armadilhas do sistema político, foram se desconstruindo como partidos. Hoje, estão à procura de um novo eixo. Não conseguem mais aparecer com cara própria, compatível com os ideais de esquerda ou centro-esquerda que professam.
Donde a sensação de que as disputas eleitorais transcorrem sem muita nitidez, como se expressassem mais do mesmo. Há concordâncias categóricas quanto ao que se considera “fundamental” -- a estabilidade financeira, a responsabilidade fiscal, a necessidade de um novo ciclo de desenvolvimento. Como nada é aprofundado, fica difícil saber onde estão as diferenças.
PT e PSDB encontram-se em transição, obrigados a decifrar e traduzir uma sociedade complicada, num momento complicado do mundo. O cenário da política não lhes é propriamente favorável. Sequer está claro que tipo de partido pode cumprir uma função decisiva hoje.
Partidos políticos são entes que sempre disputam territórios e agem com os olhos na conquista de poder político. Partidos fortes e reformadores, como querem ser ambos, precisam ser pragmáticos e responsáveis, mas não podem abrir mão de postulações de identidade, ideais, valores e projetos de sociedade. Sem isso, não têm como consubstanciar uma alternativa. Tornam-se iguais aos outros. Hoje, a disputa por território entre PT e PSDB é inevitável, mas também é vazia de ideias. Não chega a sr fisiológica, mas está perto.
Num debate que fizemos dias atrás pela internet (www.marcoAnogueira.blogspot.com), a cientista política Gisele Araújo observou corretamente que tudo o que se desconstrói também pode estar em reconstrução. Partidos são organismos em construção permanente, mas não são imortais. É provável que nossa época esteja desconstruindo os partidos para reconstruí-los como organismos especializados em arregimentar eleitores e conquistar governos. Pode ser que estejamos caminhando rumo a uma era de política menos ideológica, mais perfunctória e pragmática, que exigirá partidos mais frios e calculistas.
Mesmo que seja assim, PT e PSDB terão de realizar sua transição. Para onde caminharão? Há dois cenários no horizonte.
Um deles apontaria para o prolongamento da situação atual. Nele, PT e PSDB levariam ao extremo a adaptação às exigências da realpolitik própria da “vida líquida”. Continuaríamos a ter embates eleitorais inflamados mas inócuos, demarcação de terreno sem maior substância, revezamentos continuístas e muita opacidade.
Outro cenário sugeriria o reforço daquilo que aproxima PT e PSDB. Ele significaria o deslanche de um movimento que culminaria na construção de um grande partido social-democrata com correntes internas dotadas de identidade suficiente para fomentar um embate partidário de qualidade e cavar novas trincheiras na sociedade.
Esse, porém, é um caminho árduo e complexo. Requer discernimento e desprendimento em doses elevadas, coisas improváveis quando se está em condição de hegemonia e sob os louros da vitória. [Publicado em O Estado de S. Paulo, 26/06/2010, p. A2.]
Agora que a campanha presidencial ganha força e os candidatos começam a revelar seus recursos e ideias, pode ser útil dar algum destaque ao que está por trás e na base deles.
Refiro-me aos partidos políticos, e especialmente ao PT e ao PSDB, as duas estruturas mais importantes em termos de quadros, bancadas parlamentares, experiência de governo e presença na história recente do país.
O cientista político Luiz Werneck Vianna tem observado, de forma recorrente, que esses dois partidos “paulistas”, nascidos nas dobras da redemocratização para dar voz e representação a vários setores sociais impulsionados pela modernização, teriam vindo ao mundo com “um diagnóstico comum sobre o que seriam os males do país”: o excesso de Estado, a “herança ibérica” e patrimonial, o autoritarismo político, as políticas de clientela, o burocratismo parasitário, os mecanismos de cooptação, em suma, tudo aquilo que bloqueava a movimentação da sociedade civil e a livre representação dos interesses.
No entanto, crescendo como estruturas independentes, passaram a ter de lutar pela conquista de espaços, recursos de poder e “territórios”. Tornaram-se concorrentes, adversários. E o que poderia ter produzido uma vigorosa social-democracia no país acabou por desembocar no fortalecimento de dois partidos que detém a hegemonia na política nacional mas não conseguem mudar a face do país, nem melhorar a representação política dos setores que a eles se vincularam na origem.
Com isso, PT e PSDB deixaram de ser “expressões do moderno na política” e se entregaram ao trabalho de cortejar as forças do atraso político e social, para assim responderem ao “presidencialismo de coalizão” que prevaleceria no país. A diferença entre eles esmaeceu. Converteu-se em efeito colateral dos embates eleitorais.
Isso não quer evidentemente dizer que os dois partidos tenham se tornado iguais, nem que as distinções entre eles se resumam a detalhes banais ou pouco nobres. Muitas coisas importantes separam PT e PSDB: o estilo de governo, a relação com os setores organizados da sociedade, a maneira como concebem a questão da regulação do mercado. Isso para não mencionar suas ideias de desenvolvimento, distribuição de renda, redução da desigualdade e afirmação dos direitos de cidadania, que dão origem a políticas públicas distintas.
A interessante hipótese de Werneck Vianna vale tanto pelo que constata quanto pelo que sugere.
PT e PSDB perderam progressivamente a graça e a vitalidade. Acostumaram-se ao exercício do poder, assimilaram as implicações da globalização e do estabelecimento de um padrão mais “líquido”, individualizado e veloz de vida social, ajustaram-se às novas maneiras de fazer política e disputar eleições. Deixaram-se envolver por uma rede de ressentimentos, mágoas e feridas recíprocas, que os mantém em um conflito inflamado mas pouco substantivo. “Civilizados” pela estabilidade democrática do país e pelos ritos e armadilhas do sistema político, foram se desconstruindo como partidos. Hoje, estão à procura de um novo eixo. Não conseguem mais aparecer com cara própria, compatível com os ideais de esquerda ou centro-esquerda que professam.
Donde a sensação de que as disputas eleitorais transcorrem sem muita nitidez, como se expressassem mais do mesmo. Há concordâncias categóricas quanto ao que se considera “fundamental” -- a estabilidade financeira, a responsabilidade fiscal, a necessidade de um novo ciclo de desenvolvimento. Como nada é aprofundado, fica difícil saber onde estão as diferenças.
PT e PSDB encontram-se em transição, obrigados a decifrar e traduzir uma sociedade complicada, num momento complicado do mundo. O cenário da política não lhes é propriamente favorável. Sequer está claro que tipo de partido pode cumprir uma função decisiva hoje.
Partidos políticos são entes que sempre disputam territórios e agem com os olhos na conquista de poder político. Partidos fortes e reformadores, como querem ser ambos, precisam ser pragmáticos e responsáveis, mas não podem abrir mão de postulações de identidade, ideais, valores e projetos de sociedade. Sem isso, não têm como consubstanciar uma alternativa. Tornam-se iguais aos outros. Hoje, a disputa por território entre PT e PSDB é inevitável, mas também é vazia de ideias. Não chega a sr fisiológica, mas está perto.
Num debate que fizemos dias atrás pela internet (www.marcoAnogueira.blogspot.com), a cientista política Gisele Araújo observou corretamente que tudo o que se desconstrói também pode estar em reconstrução. Partidos são organismos em construção permanente, mas não são imortais. É provável que nossa época esteja desconstruindo os partidos para reconstruí-los como organismos especializados em arregimentar eleitores e conquistar governos. Pode ser que estejamos caminhando rumo a uma era de política menos ideológica, mais perfunctória e pragmática, que exigirá partidos mais frios e calculistas.
Mesmo que seja assim, PT e PSDB terão de realizar sua transição. Para onde caminharão? Há dois cenários no horizonte.
Um deles apontaria para o prolongamento da situação atual. Nele, PT e PSDB levariam ao extremo a adaptação às exigências da realpolitik própria da “vida líquida”. Continuaríamos a ter embates eleitorais inflamados mas inócuos, demarcação de terreno sem maior substância, revezamentos continuístas e muita opacidade.
Outro cenário sugeriria o reforço daquilo que aproxima PT e PSDB. Ele significaria o deslanche de um movimento que culminaria na construção de um grande partido social-democrata com correntes internas dotadas de identidade suficiente para fomentar um embate partidário de qualidade e cavar novas trincheiras na sociedade.
Esse, porém, é um caminho árduo e complexo. Requer discernimento e desprendimento em doses elevadas, coisas improváveis quando se está em condição de hegemonia e sob os louros da vitória. [Publicado em O Estado de S. Paulo, 26/06/2010, p. A2.]
Artigo da semana: O Jeito Paulista de Fazer Política
O jeito paulista de fazer política
Por RUDÁ RICCI
Se o jeito mineiro de fazer política é o mais português e feminino de todo o país, o jeito paulista é o mais norte-americano e masculinizado. O desastre atual do modo serrista de conduzir a campanha e definir o nome de seu parceiro de chapa é a expressão mais acabada do político paulista. Como sou paulista migrante, que vive em Minas Gerais, tenho um olhar caolho sobre a política dos dois Estados. Com este olhar que mira um com parte da visão no outro, vou me arriscar a sugerir um decálogo do jeito paulista de fazer política. Devo perder alguns amigos, mas nunca me acusarão de perder a piada. Vamos ao decálogo:
1) Auto-suficiência
Todo político paulista acredita que nasceu para ser governante do país. Sendo poder em São Paulo, não haveria motivos para não dirigir o país. Afinal, São Paulo é a sexta maior cidade do planeta; tinha o maior acervo de cobras do país (acabou sofrendo o maior incêndio contra o maior acervo de cobras do país); centro corporativo e financeiro da América Latina; é a décima cidade mais rica do planeta; maior população do Brasil; maior registro de migrantes; motor econômico, responsável por 1/3 do PIB nacional. Todos estes dados são ouvidos pelos paulistas desde que nascem. Imaginem o que as mães dos políticos falam para eles desde pequenos? Paulista dificilmente pensa nos outros Estados como iguais. Há, é verdade, uma ponta de inveja em relação aos cariocas, com seu charme praiano. Se um carioca tiver interesse em provocar um paulista, basta dizer que paulista trabalha para carioca poder aproveitar a praia;
2) Arrogância
A conseqüência natural de todo pensamento acima é uma arrogância espontânea de todo político paulista, independente de partido. De Maluf à Marta Suplicy, passando por Serra e FHC, todos destilam este olhar altivo, sempre mirando acima do ombro do interlocutor. Não fala com dúvida. Paulista dificilmente tem alguma dúvida sobre qualquer assunto que diz respeito ao Brasil. A fala é meio que definitiva. Afinal, o Estado sempre deu certo. Há, em toda fala de político paulista, algo de pensamento linear do antigo conceito de progresso. São Paulo, evidentemente, estaria na linha final do progresso. Todos outros Estados estariam abaixo do ranking, tentando chegar ao que São Paulo já é;
3) Ética do Sucesso
Até aqui, político paulista parece uma ave de rapina, olhando fixo para sua presa. Mas é aparência. Paulista sofre consigo mesmo. Ele é seu principal inimigo. Todo paulista procura o sucesso. Sem sucesso é visto como fracasso. Não há meio termo. É fundamental que seja o primeiro em algo. Daí político paulista ter sido sempre o primeiro a construir ou criar algo. O sofrimento é atroz porque é preciso assistir todos os filmes comentados por críticos, todos jogos de futebol transmitidos pelos canais à cabo (não vale canal aberto), fazer todas coleções da revista Caras, reproduzir sem gaguejar o obituário do dia anterior, saber os shows de rock que São Paulo sediará nos próximos cinco anos e assim por diante. Um sofrimento. Tempo é dinheiro ou sucesso. Não existe possibilidade de beber uma cerveja com um amigo depois do expediente sem que não ocorra alguma disputa enciclopédica. Mesmo que seja para discorrer sobre todas cervejas do mundo, seus diversos sabores e harmonização;
4) Disponibilidade total para a guerra
O sucesso no encalço faz do político paulista um guerreiro. Sempre está preparado para o ataque, desde o primeiro “bom dia”. A derrota, assim como para o norte-americano, é declaração de incompetência. É sofrido. Acreditem;
5) Força com pouca astúcia
Como sempre está preparado para o ataque, a força é sempre mais cortejada e valorizada por um político paulista que a astúcia. Para que, afinal, perder tempo? Trata-se da fase anterior à Maquiavel, quando os romanos acreditavam que virtú significava virilidade. Daí o jeito masculinizado de fazer política. Todo político paulista escamoteia para não revelar seu lado agressivo e guerreiro. Como escamotear é perda de tempo, não conseguem iludir por muito tempo. Não que não saibam encenar – afinal, “todo ator paulista é melhor” -, mas tem hora para tudo;
6) Estresse
Todos pontos anteriores deságuam no estresse extremo. Político paulista à altura do nome é sempre estressado, dorme pouco, memoriza todos os dados, não improvisa, está sempre atrasado (porque dá a sensação que sempre faz muita coisa importante que o atrasa), deveria comer melhor (mas não tem tempo para questões secundárias), poderia ter tirado 10 ao invés de 9,75 e assim por diante. As olheiras são um adorno que prova que é paulista da gema;
7) Ansiedade travestida de racionalidade
Todo político paulista é ansioso. Mas como bom paulista, não pode revelar este traço de falibilidade. Assim, a ansiedade ganha uma vestimenta providencial: o de racionalidade. Quem é racional não gosta de firulas. É direto, objetivo, “doa a quem doer”. Tem algo de gente que parece pouco educada, pouco afável. Não é o que parece. É ansiedade. Paulista tem que correr atrás do sucesso. E, lembre-se: assim que atingir o sucesso almejado, começa nova campanha (já que o sucesso passa a subir de patamar!);
8) Impessoalidade
Tal ansiedade-racionalidade leva à total impessoalidade. Cheira a populismo e falta de tempo o sorriso. Graça ou humor é infantilismo. Perda de tempo. Dizer bom dia ou boa noite é perda de tempo. Ser delicado é perda de tempo. Seria um preâmbulo desnecessário. O foco é o sucesso. Tudo tem que ser muito prático e objetivo. Para político paulista, às vezes o fim justifica os meios. Lembrar de um nome e do passado vale a pena se leva a ganhar pontos no presente e futuro. Caso contrário, é perda de tempo;
9) Corrida contra o tempo
Por este motivo, o tempo é mais veloz para os paulistas. Sempre falta tempo. E o trânsito ainda ajuda a potencializar esta sensação. A conquista do sucesso (e a ansiedade) aumenta a correria. Por este motivo é sempre difícil caminhar com um paulista. Se for paulistano é quase impossível. Em pouco tempo dá a sensação que estamos disputando uma maratona. E, às vezes, o que parece é o que é;
10) Demonstrações públicas
Por tudo o que se disse anteriormente, político paulista é o mais performático de todos brasileiros. Tudo se faz em público. Lembro de Jânio Quadros jogando o livro que Franco Montoro acabara de ler, em pleno debate na televisão. Recordo de Suplicy levantando o cartão vermelho no Senado. Até o ataque ao adversário do mesmo partido tem que ser performático. Porque é preciso que todos saibam do poder que se tem. O político paulista até sabe que não seria bom revelar o quanto é agressivo e competitivo. Mas não consegue se conter. É por demais saboroso o gosto da vitória.
Por RUDÁ RICCI
Se o jeito mineiro de fazer política é o mais português e feminino de todo o país, o jeito paulista é o mais norte-americano e masculinizado. O desastre atual do modo serrista de conduzir a campanha e definir o nome de seu parceiro de chapa é a expressão mais acabada do político paulista. Como sou paulista migrante, que vive em Minas Gerais, tenho um olhar caolho sobre a política dos dois Estados. Com este olhar que mira um com parte da visão no outro, vou me arriscar a sugerir um decálogo do jeito paulista de fazer política. Devo perder alguns amigos, mas nunca me acusarão de perder a piada. Vamos ao decálogo:
1) Auto-suficiência
Todo político paulista acredita que nasceu para ser governante do país. Sendo poder em São Paulo, não haveria motivos para não dirigir o país. Afinal, São Paulo é a sexta maior cidade do planeta; tinha o maior acervo de cobras do país (acabou sofrendo o maior incêndio contra o maior acervo de cobras do país); centro corporativo e financeiro da América Latina; é a décima cidade mais rica do planeta; maior população do Brasil; maior registro de migrantes; motor econômico, responsável por 1/3 do PIB nacional. Todos estes dados são ouvidos pelos paulistas desde que nascem. Imaginem o que as mães dos políticos falam para eles desde pequenos? Paulista dificilmente pensa nos outros Estados como iguais. Há, é verdade, uma ponta de inveja em relação aos cariocas, com seu charme praiano. Se um carioca tiver interesse em provocar um paulista, basta dizer que paulista trabalha para carioca poder aproveitar a praia;
2) Arrogância
A conseqüência natural de todo pensamento acima é uma arrogância espontânea de todo político paulista, independente de partido. De Maluf à Marta Suplicy, passando por Serra e FHC, todos destilam este olhar altivo, sempre mirando acima do ombro do interlocutor. Não fala com dúvida. Paulista dificilmente tem alguma dúvida sobre qualquer assunto que diz respeito ao Brasil. A fala é meio que definitiva. Afinal, o Estado sempre deu certo. Há, em toda fala de político paulista, algo de pensamento linear do antigo conceito de progresso. São Paulo, evidentemente, estaria na linha final do progresso. Todos outros Estados estariam abaixo do ranking, tentando chegar ao que São Paulo já é;
3) Ética do Sucesso
Até aqui, político paulista parece uma ave de rapina, olhando fixo para sua presa. Mas é aparência. Paulista sofre consigo mesmo. Ele é seu principal inimigo. Todo paulista procura o sucesso. Sem sucesso é visto como fracasso. Não há meio termo. É fundamental que seja o primeiro em algo. Daí político paulista ter sido sempre o primeiro a construir ou criar algo. O sofrimento é atroz porque é preciso assistir todos os filmes comentados por críticos, todos jogos de futebol transmitidos pelos canais à cabo (não vale canal aberto), fazer todas coleções da revista Caras, reproduzir sem gaguejar o obituário do dia anterior, saber os shows de rock que São Paulo sediará nos próximos cinco anos e assim por diante. Um sofrimento. Tempo é dinheiro ou sucesso. Não existe possibilidade de beber uma cerveja com um amigo depois do expediente sem que não ocorra alguma disputa enciclopédica. Mesmo que seja para discorrer sobre todas cervejas do mundo, seus diversos sabores e harmonização;
4) Disponibilidade total para a guerra
O sucesso no encalço faz do político paulista um guerreiro. Sempre está preparado para o ataque, desde o primeiro “bom dia”. A derrota, assim como para o norte-americano, é declaração de incompetência. É sofrido. Acreditem;
5) Força com pouca astúcia
Como sempre está preparado para o ataque, a força é sempre mais cortejada e valorizada por um político paulista que a astúcia. Para que, afinal, perder tempo? Trata-se da fase anterior à Maquiavel, quando os romanos acreditavam que virtú significava virilidade. Daí o jeito masculinizado de fazer política. Todo político paulista escamoteia para não revelar seu lado agressivo e guerreiro. Como escamotear é perda de tempo, não conseguem iludir por muito tempo. Não que não saibam encenar – afinal, “todo ator paulista é melhor” -, mas tem hora para tudo;
6) Estresse
Todos pontos anteriores deságuam no estresse extremo. Político paulista à altura do nome é sempre estressado, dorme pouco, memoriza todos os dados, não improvisa, está sempre atrasado (porque dá a sensação que sempre faz muita coisa importante que o atrasa), deveria comer melhor (mas não tem tempo para questões secundárias), poderia ter tirado 10 ao invés de 9,75 e assim por diante. As olheiras são um adorno que prova que é paulista da gema;
7) Ansiedade travestida de racionalidade
Todo político paulista é ansioso. Mas como bom paulista, não pode revelar este traço de falibilidade. Assim, a ansiedade ganha uma vestimenta providencial: o de racionalidade. Quem é racional não gosta de firulas. É direto, objetivo, “doa a quem doer”. Tem algo de gente que parece pouco educada, pouco afável. Não é o que parece. É ansiedade. Paulista tem que correr atrás do sucesso. E, lembre-se: assim que atingir o sucesso almejado, começa nova campanha (já que o sucesso passa a subir de patamar!);
8) Impessoalidade
Tal ansiedade-racionalidade leva à total impessoalidade. Cheira a populismo e falta de tempo o sorriso. Graça ou humor é infantilismo. Perda de tempo. Dizer bom dia ou boa noite é perda de tempo. Ser delicado é perda de tempo. Seria um preâmbulo desnecessário. O foco é o sucesso. Tudo tem que ser muito prático e objetivo. Para político paulista, às vezes o fim justifica os meios. Lembrar de um nome e do passado vale a pena se leva a ganhar pontos no presente e futuro. Caso contrário, é perda de tempo;
9) Corrida contra o tempo
Por este motivo, o tempo é mais veloz para os paulistas. Sempre falta tempo. E o trânsito ainda ajuda a potencializar esta sensação. A conquista do sucesso (e a ansiedade) aumenta a correria. Por este motivo é sempre difícil caminhar com um paulista. Se for paulistano é quase impossível. Em pouco tempo dá a sensação que estamos disputando uma maratona. E, às vezes, o que parece é o que é;
10) Demonstrações públicas
Por tudo o que se disse anteriormente, político paulista é o mais performático de todos brasileiros. Tudo se faz em público. Lembro de Jânio Quadros jogando o livro que Franco Montoro acabara de ler, em pleno debate na televisão. Recordo de Suplicy levantando o cartão vermelho no Senado. Até o ataque ao adversário do mesmo partido tem que ser performático. Porque é preciso que todos saibam do poder que se tem. O político paulista até sabe que não seria bom revelar o quanto é agressivo e competitivo. Mas não consegue se conter. É por demais saboroso o gosto da vitória.
sábado, 26 de junho de 2010
Análise de Conjuntura na TV Cultiva
Já está no ar a análise de conjuntura de junho. Basta acessar a TV Cultiva AQUI . Em seguida, clique no vídeo e siga as instruções para fazer a aquisição. Analisamos o impacto da possível queda do PIB no segundo semestre e tendências eleitorais no Brasil e em Minas Gerais.
A guerra da Inglaterra
Tumulto nos bastidores serristas
Chegam notícias das mais quentes em relação aos bastidores do alto tucanato.
Há boatos em profusão a respeito da articulação envolvendo a criação de um novo partido, que reuniria democratas e parte do tucanato, com elementos importantes do Rio, de Minas e alguns estados nordestinos, com destaque para o Ceará.
Citam, ainda, negociações com outros pequenos partidos.
Um dos ideológos da novidade seria Cesar Maia.
O grupo que estaria à frente das tratativas seria o que apoiou a candidatura de Aécio Neves para a Presidência da República e que enfrenta os tucanos paulistas e paranaenses.
Ciro Gomes também é apontado como mais um expoente desta articulação.
Crédito deve atingir 48% do PIB nacional
O crédito no Brasil cresce a taxa média de 20%. Em maio, atingiu 1,5 trilhão de reais (45,3% do PIB brasileiro). Após o salto da taxa SELIC, os juros das linhas para pessoas físicas e jurídicas elevam-se gradativamente. Saltaram para 27% anuais para empresas e 41,5% para consumidor fina).
Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do Banco Central, avalia que logo a alta da SELIC surtirá efeito.
É o lado ruim do lado bom... ou vice-versa.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
O jogo pró (ou contra) Serra
Do deputado aliado (?) Ronaldo Caiado:
Se na campanha nos tratam assim, imaginem se o PSDB ganhar a campanha?
A história era para ficar nos bastidores da campanha. Sondaram o paulista-paranaense Álvaro Dias. Mas o sempre alerta Roberto Jefferson jogou a notícia no twitter e em poucos minutos já estava em toda internet e blogs de política tupiniquim.
Quem precisa de inimigo com tanta gente boa ao lado?
A reação de Caiado à chapa puro sangue de Serra
Reproduzo as mensagens postadas neste momento pelo deputado Ronaldo Caiado, do DEM:
deputadocaiado Essa atitude do PSDB de tentar tirar do Democratas a vice de @joseserra_ é desastrosa e inconsequente.
18 minutes ago via web
deputadocaiado O PSDB bagunça um grande colégio eleitoral que é o Paraná, desestabiliza partidos aliados por um nome (@alvarodias_) que não vai acrescentar
17 minutes ago via web
deputadocaiado @alvarodias_ é um senador que não tem voto e é odiado pelos professores.
17 minutes ago via web
deputadocaiado Só abriríamos para AécioRT @marciorocha1 @deputadocaiado Aliança com chapa puro sangue não é aliança é colocação em posição de subserviência
14 minutes ago via web
deputadocaiado O PSDB precisa jogar como um time. Declaramos apoio a @joseserra_, cumprimos com o nosso papel e agora é hora do PSDB fazer o mesmo.
15 minutes ago via web
O inferno astral dos serristas (parte 2)
O PSDB acaba de formalizar a chapa puro sangue Serra-Àlvaro Dias. Poucos sabem, mas Álvaro Dias é paulista, nascido em Quatá, cidade próxima da minha (Tupã).
O DEM reagiu. Caiado fez restrições pelo twitter. No web site do DEM há destaque para a frase do Presidente Nacional do partido, Rodrigo Maia: "Não existe pressão porque nas nossas conversas com o PSDB existe o compromisso de a vice ficar com o partido"
O DEM reagiu. Caiado fez restrições pelo twitter. No web site do DEM há destaque para a frase do Presidente Nacional do partido, Rodrigo Maia: "Não existe pressão porque nas nossas conversas com o PSDB existe o compromisso de a vice ficar com o partido"
Norma em vigor sobre propaganda eleitoral
Como muitos internautas e parceiros deste blog perguntam a respeito da legislação que orienta a propaganda eleitoral antes de julho, reproduzo algumas passagens da
RESOLUÇÃO Nº 23.191 do TSE, tendo como relator o Ministro Arnaldo Versiani:
RESOLUÇÃO Nº 23.191 do TSE, tendo como relator o Ministro Arnaldo Versiani:
Art. 2º A propaganda eleitoral somente será permitida a partir de 6 de julho de 2010 (Lei nº 9.504/97, art. 36, caput e § 2º).
§ 1º Ao postulante a candidatura a cargo eletivo é permitida a realização, na quinzena anterior à escolha pelo partido político, de propaganda intrapartidária com vista à indicação de seu nome, inclusive mediante a fixação de faixas e cartazes em local próximo da convenção, com mensagem aos convencionais, vedado o uso de rádio, televisão e outdoor (Lei nº 9.504/97,
art. 36, § 1º).
§ 2º A propaganda de que trata o parágrafo anterior deverá ser imediatamente retirada após a respectiva convenção.
(...)
Art. 3º Não será considerada propaganda eleitoral antecipada (Lei nº 9.504/97, art. 36-A, incisos I a IV):
I – a participação de filiados a partidos políticos ou de
pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, desde que não haja pedido de votos, observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento isonômico;
II – a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais, planos de governos ou alianças partidárias visando às eleições;
III – a realização de prévias partidárias e sua divulgação pelos instrumentos de comunicação intrapartidária; ou
IV – a divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não se mencione a possível candidatura, ou se faça pedido de votos ou de apoio eleitoral.
Art. 4º É vedada, desde 48 horas antes até 24 horas depois
da eleição, a veiculação de qualquer propaganda política no rádio ou na televisão – incluídos, entre outros, as rádios comunitárias e os canais de televisão que operam em UHF, VHF e por assinatura –, e, ainda, a realização de comícios ou reuniões públicas (Código Eleitoral, art. 240, parágrafo único).
(...)
A grande imprensa não é mais formadora de opinião no Brasil
Uma das novidades políticas do Brasil lulista é o fim da clássica formação de opinião pela grande imprensa. O desespero de grande parte dos editores é evidente. Eles não sabemo o que fazer. E começam a torcer o nariz em véspera de anúncio de pesquisa de intenção de voto. Brigar com fato não é bom agouro para quem é jornalista de profissão.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Bullying em Belo Horizonte
Do Estado de Minas:
Agressão a um aluno do Colégio Neusa Rocha, no Bairro São Luiz, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, deixou pais de estudantes assustados Na segunda-feira, G.V.F, de 15 anos, foi espancado por três colegas dentro das dependências da escola e, inclusive, chegou a ser ameaçado pelo grupo até durante uma aula de ciência, na qual o professor preparava uma exposição audiovisual. Dois agressores foram expulsos da instituição e vítima ainda reclama de dores, mostrando marcas orelha e na cabeça, machucados na boca e arranhados pelo corpo, devido aos chutes e socos levados.
Segundo o aluno, tudo começou quando dois colegas de sala, um de 14 e outro de 15 anos, resolveram bater em um outro jovem, por achá-lo “folgado e atrevido”. “Eles me chamaram para brigar com o menino. Não aceitei e fui a contar a ele o que os outros estavam querendo fazer, como forma de alertá-lo. Quando a dupla soube que contei, um deles colocou o dedo na minha cara e me ameaçou dentro de sala, durante aula de ciências. Ele ainda ligou, escondido, pelo celular, para outro colega, que estuda pela manhã, e o chamou para ir à tarde na escola”, conta G.V.F.
Ao acabar a aula, ainda dentro da escola, um dos rapazes empurrou G.V.F e tirou da mochila um soco-inglês de madeira, fabricado por ele próprio. “Estávamos no bosque do Neusa Rocha. Quando ele me empurrou e mostrou a arma, chegou o outro e me deu um soco perto do ouvido. Fiquei tonto. Chegou o terceiro e me deu um chute nas costas. Revidei com socos, mas me deram chutes na orelha, até a chegada do professor e do porteiro.”
Segundo o pai, que preferiu o anonimato, o adolescente foi levado à Divisão de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad), onde foi registrada a ocorrência. Hoje, o jovem vai prestar depoimento. Ele esteve no Instituto Médico Legal para exame de corpo de delito. “Ficamos muito chateados com toda essa história. E se fosse uma arma de fogo? A escola não teve nenhum controle sobre isso”, disse.
No Colégio Neusa Rocha, funcionários disseram ontem que não havia nenhum responsável para dar informações sobre o caso. A mãe de um dos acusados de agressão e dono do soco-inglês, de 14 anos, disse que o filho não estava na briga. “Por um acaso, ele estava perto. Ele tinha mania de fazer soco-inglês de madeira, o outro acusado pegou da mão dele e agrediu G.V.F. Quem bateu foram os outros dois. Como foi ele quem levou a arma branca, ele também foi expulso. Estou em frangalhos”, disse a dona de casa.
A mãe do adolescente que estuda de manhã e foi chamado para a briga afirma que está assustada com toda a situação e que o filho estuda há 11 anos na escola. “Ele não é de confusão. Ele estuda em outro turno e, nem sequer, conhecia o agredido. Ele foi chamado para ir ao turno da tarde, porque o outro lhe disse que estava sofrendo ameaças. Ele foi suspenso um dia, mas já voltou para a sala de aula.” Procurada, a família do acusado de ter sido o principal agressor não foi encontrada.
Agressão a um aluno do Colégio Neusa Rocha, no Bairro São Luiz, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, deixou pais de estudantes assustados Na segunda-feira, G.V.F, de 15 anos, foi espancado por três colegas dentro das dependências da escola e, inclusive, chegou a ser ameaçado pelo grupo até durante uma aula de ciência, na qual o professor preparava uma exposição audiovisual. Dois agressores foram expulsos da instituição e vítima ainda reclama de dores, mostrando marcas orelha e na cabeça, machucados na boca e arranhados pelo corpo, devido aos chutes e socos levados.
Segundo o aluno, tudo começou quando dois colegas de sala, um de 14 e outro de 15 anos, resolveram bater em um outro jovem, por achá-lo “folgado e atrevido”. “Eles me chamaram para brigar com o menino. Não aceitei e fui a contar a ele o que os outros estavam querendo fazer, como forma de alertá-lo. Quando a dupla soube que contei, um deles colocou o dedo na minha cara e me ameaçou dentro de sala, durante aula de ciências. Ele ainda ligou, escondido, pelo celular, para outro colega, que estuda pela manhã, e o chamou para ir à tarde na escola”, conta G.V.F.
Ao acabar a aula, ainda dentro da escola, um dos rapazes empurrou G.V.F e tirou da mochila um soco-inglês de madeira, fabricado por ele próprio. “Estávamos no bosque do Neusa Rocha. Quando ele me empurrou e mostrou a arma, chegou o outro e me deu um soco perto do ouvido. Fiquei tonto. Chegou o terceiro e me deu um chute nas costas. Revidei com socos, mas me deram chutes na orelha, até a chegada do professor e do porteiro.”
Segundo o pai, que preferiu o anonimato, o adolescente foi levado à Divisão de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad), onde foi registrada a ocorrência. Hoje, o jovem vai prestar depoimento. Ele esteve no Instituto Médico Legal para exame de corpo de delito. “Ficamos muito chateados com toda essa história. E se fosse uma arma de fogo? A escola não teve nenhum controle sobre isso”, disse.
No Colégio Neusa Rocha, funcionários disseram ontem que não havia nenhum responsável para dar informações sobre o caso. A mãe de um dos acusados de agressão e dono do soco-inglês, de 14 anos, disse que o filho não estava na briga. “Por um acaso, ele estava perto. Ele tinha mania de fazer soco-inglês de madeira, o outro acusado pegou da mão dele e agrediu G.V.F. Quem bateu foram os outros dois. Como foi ele quem levou a arma branca, ele também foi expulso. Estou em frangalhos”, disse a dona de casa.
A mãe do adolescente que estuda de manhã e foi chamado para a briga afirma que está assustada com toda a situação e que o filho estuda há 11 anos na escola. “Ele não é de confusão. Ele estuda em outro turno e, nem sequer, conhecia o agredido. Ele foi chamado para ir ao turno da tarde, porque o outro lhe disse que estava sofrendo ameaças. Ele foi suspenso um dia, mas já voltou para a sala de aula.” Procurada, a família do acusado de ter sido o principal agressor não foi encontrada.
O inferno astral dos serristas
1) O PP decidiu se juntar à campanha de Dilma;
2) Patrus decidiu ser vice de Hélio Costa, em MG;
3) Dilma passa 5% à frente de Serra, na pesquisa IBOPE;
4) O PMDB de Santa Catarina decide lançar candidato próprio, rompendo quase-acordo com DEM e PSDB;
5) Osmar Dias, no Paraná, acerta acordo com PT e PMDB;
6) É divulgado na internet boato em que se afirma que FHC teria avaliado que Serra não tem chance de se eleger em outubro.
Sugestão 1: banho de arruda com sal grosso.
Sugestão 2: aguardar o segundo semestre quieto e esperançoso.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
A jabulani eleitoral no RJ (artigo de Angeline Tostes)
De Angeline Tostes
Em terras fluminenses a expectativa para o governo é bastante clara. Com a recuada de Garotinho (PR), ficam Gabeira (PV) e Cabral (PSDB). Este lidera as pequisas de intenções de votos até o momento e aquele busca reforço na coligação PV-DEM-PSDB-PSB. Gabeira tem um ponto fraco, falta de apoio político no interior do estado, Cabral é a situação e representa a continuidade, com o apoio de Lula.
O atual governador durante esses últimos 12 meses tem inaugurado obras por todos os lados, liberado verbas e asfalto, não poderia deixar de registrar o asfalto. No interior vemos obras em rodovias, presença constante em inaugurações e muita articulação política. Aí vem aquele discurso dos prefeitos que temem perder apoio, se não apoiarem Cabral. Até obras federais transformam-se, para a grande massa de eleitores, a favor do candidato aliado do governo federal. Só vemos como ponto fraco a continuidade, que é antidemocrática. Mas, quantos e qual o tipo de eleitor que pensa dessa forma...? Enfim, tudo indica que Cabral terá uma vitória tranquila no primeiro turno, sobretudo se Garotinho estiver de fora, porque esse é o segundo colocado nas pesquisas e sua origem campista, no Norte fluminense, rende-lhe poder de votos no interior, com reforço de Rosinha, atual prefeita da cidade Campos. A candidatura do PV, como eles mesmos dizem, representa campanha de oposição ao governo do estado.
Para o senado não temos muito o que detalhar. Os fortes candidatos, ou pelo menos, que ocupam espaço na mídia são poucos. César Maia (DEM), com forte biografia por ter sido prefeito do Rio, secretário de fazenda do governo Leonel Brizola e com grande votação na região metropolitana. Além de Maia, há o Marcelo Cerqueira (PSB), estão juntos no apoio a Gabeira, pela coligação. Talvez Cerqueira congregue na dobradinha muitos votos. Já Jorge Picciani, o atual presidente da Alerj, tem um poder político forte, junto de um partido forte que é o PMDB, mas não acreditamos em seu poder nessa disputa. Há uma discussão sobre a possibilidade dele não conseguir a vaga do Senado e perder o poder de fogo junto ao Legislativo fluminense, cuja vitória, que seria fácil, se abandonada, poderá lhe render maus bocados... Até que ponto congrega votos e é capaz de se eleger para representar o estado no Congresso, é nossa dúvida.
Um candidato interessante é Milton Temer, que já foi do PT, inclusive deputado federal por dois mandatos, hoje no PSol, partido que ajudou a fundar, um sujeito polêmico e interessante, mas que não tem força ($) para superar um César Maia, ou até um Picciani. Marcelo Crivella, atual senador, pelo PRB, ex-bispo da Igreja Universal (força de votos) é outro candidato forte à reeleição. O sentimento que temos é de que para o senado o cerco está fechado: Crivella e César Maia (pesquisa Ibope na imagem abaixo).
César Maia e Marcelo Cerqueira apoiam José Serra para presidente; Milton Temer apoia o candidato de seu partido Plínio de Arruda Sampaio; e Picciani e Crivella apoiam a candidatura de Dilma Rousseff.
Na disputa por uma vaga no Senado, um imbróglio que surgiu de última hora, nos 45 minutos do 2º tempo, é a vontade do PSDB, da coligação que apoia Gabeira, querer lançar um candidato próprio ao Senado, para fortalecer campanha serrista e o número 45. Há informações de que se o TSE aprovar a existência de coligação na disputa do governo estadual, com candidaturas próprias para o Senado, o PV irá lançar Aspásia Camargo. Essa candidatura fortalece a campanha de Marina Silva, para presidente no RJ, mais um palanque. O PV conta ainda, segundo seu presidente, com outra ideia: "O plano B para Aspásia é tornar-se nossa “puxadora” para deputado estadual."
Para a Câmara dos Deputados a coisa ainda é indefinida, pelo menos não ocupou a mídia e ainda não temos informações suficientes para fazer nossas apostas.
O Rio de Janeiro sempre foi um estado participante, o eleitorado fluminense, principalmente o carioca, é surpreendente mas tem uma marca muito forte na luta democrática. Tanto assim, que o PT é forte, Lula teve muitos votos e Dilma deverá sagrar-se vencedora no estado, com o apoio do partidão, PMDB. No segundo turno é que temos dúvidas, sobre o apoio do PV, já que coligados, o atual candidato ao governo anda mostrando claramente suas intenções em apoiar os tucanos.
Será que o estado merece um Dunga como governador? Ou necessita de um? Eis a questão!
Em terras fluminenses a expectativa para o governo é bastante clara. Com a recuada de Garotinho (PR), ficam Gabeira (PV) e Cabral (PSDB). Este lidera as pequisas de intenções de votos até o momento e aquele busca reforço na coligação PV-DEM-PSDB-PSB. Gabeira tem um ponto fraco, falta de apoio político no interior do estado, Cabral é a situação e representa a continuidade, com o apoio de Lula.
O atual governador durante esses últimos 12 meses tem inaugurado obras por todos os lados, liberado verbas e asfalto, não poderia deixar de registrar o asfalto. No interior vemos obras em rodovias, presença constante em inaugurações e muita articulação política. Aí vem aquele discurso dos prefeitos que temem perder apoio, se não apoiarem Cabral. Até obras federais transformam-se, para a grande massa de eleitores, a favor do candidato aliado do governo federal. Só vemos como ponto fraco a continuidade, que é antidemocrática. Mas, quantos e qual o tipo de eleitor que pensa dessa forma...? Enfim, tudo indica que Cabral terá uma vitória tranquila no primeiro turno, sobretudo se Garotinho estiver de fora, porque esse é o segundo colocado nas pesquisas e sua origem campista, no Norte fluminense, rende-lhe poder de votos no interior, com reforço de Rosinha, atual prefeita da cidade Campos. A candidatura do PV, como eles mesmos dizem, representa campanha de oposição ao governo do estado.
Para o senado não temos muito o que detalhar. Os fortes candidatos, ou pelo menos, que ocupam espaço na mídia são poucos. César Maia (DEM), com forte biografia por ter sido prefeito do Rio, secretário de fazenda do governo Leonel Brizola e com grande votação na região metropolitana. Além de Maia, há o Marcelo Cerqueira (PSB), estão juntos no apoio a Gabeira, pela coligação. Talvez Cerqueira congregue na dobradinha muitos votos. Já Jorge Picciani, o atual presidente da Alerj, tem um poder político forte, junto de um partido forte que é o PMDB, mas não acreditamos em seu poder nessa disputa. Há uma discussão sobre a possibilidade dele não conseguir a vaga do Senado e perder o poder de fogo junto ao Legislativo fluminense, cuja vitória, que seria fácil, se abandonada, poderá lhe render maus bocados... Até que ponto congrega votos e é capaz de se eleger para representar o estado no Congresso, é nossa dúvida.
Um candidato interessante é Milton Temer, que já foi do PT, inclusive deputado federal por dois mandatos, hoje no PSol, partido que ajudou a fundar, um sujeito polêmico e interessante, mas que não tem força ($) para superar um César Maia, ou até um Picciani. Marcelo Crivella, atual senador, pelo PRB, ex-bispo da Igreja Universal (força de votos) é outro candidato forte à reeleição. O sentimento que temos é de que para o senado o cerco está fechado: Crivella e César Maia (pesquisa Ibope na imagem abaixo).
César Maia e Marcelo Cerqueira apoiam José Serra para presidente; Milton Temer apoia o candidato de seu partido Plínio de Arruda Sampaio; e Picciani e Crivella apoiam a candidatura de Dilma Rousseff.
Na disputa por uma vaga no Senado, um imbróglio que surgiu de última hora, nos 45 minutos do 2º tempo, é a vontade do PSDB, da coligação que apoia Gabeira, querer lançar um candidato próprio ao Senado, para fortalecer campanha serrista e o número 45. Há informações de que se o TSE aprovar a existência de coligação na disputa do governo estadual, com candidaturas próprias para o Senado, o PV irá lançar Aspásia Camargo. Essa candidatura fortalece a campanha de Marina Silva, para presidente no RJ, mais um palanque. O PV conta ainda, segundo seu presidente, com outra ideia: "O plano B para Aspásia é tornar-se nossa “puxadora” para deputado estadual."
Para a Câmara dos Deputados a coisa ainda é indefinida, pelo menos não ocupou a mídia e ainda não temos informações suficientes para fazer nossas apostas.
O Rio de Janeiro sempre foi um estado participante, o eleitorado fluminense, principalmente o carioca, é surpreendente mas tem uma marca muito forte na luta democrática. Tanto assim, que o PT é forte, Lula teve muitos votos e Dilma deverá sagrar-se vencedora no estado, com o apoio do partidão, PMDB. No segundo turno é que temos dúvidas, sobre o apoio do PV, já que coligados, o atual candidato ao governo anda mostrando claramente suas intenções em apoiar os tucanos.
Será que o estado merece um Dunga como governador? Ou necessita de um? Eis a questão!
TV e Pesquisa
Os tucanos disseram que o crescimento da intenção de votos de Dilma estava diretamente vinculado ao programa de TV e aparição de Lula. Aí vieram os programas do DEM, PPS e PSDB. A grande imprensa sugeria que Serra tiraria esta vantagem. A pesquisa do IBOPE joga por terra esta hipótese. Lula parece irresistível, como em 2006 (talvez mais).
Seria um risco alguém com tal poder midiático?
Seria um risco alguém com tal poder midiático?
Gaudêncio avalia que PP bandeia de vez para Dilma
Gaudêncio Torquato, comentando a pesquisa IBOPE, avalia que as alianças regionais serão costuradas rapidamente pelo lado governista. Acha que PP não resistirá aos números e cairá nas redes da campanha lulista. De vez.
Vários economistas avaliam que a performance econômica fará dos candidatos governistas (incluindo governos estaduais) à frente dos outros. Com raras exceções.
Vários economistas avaliam que a performance econômica fará dos candidatos governistas (incluindo governos estaduais) à frente dos outros. Com raras exceções.
Um general numa loja de cristais
O caso do comandante militar dos EUA no Afeganistão, general Stanley McChrystal, que atacou Obama numa entrevista que concedeu à revista Rolling Stone é por demais interessante, a começar pela revista que o general utilizou para chamar o conselheiro de segurança nacional James L. Jones de "palhaço". Lendo a entrevista me lembrei do general Stubblebine, retratado no livro "Os homens que encaravam as cabras". Vou reproduzir a passagem inicial do livro:
Quero dizer, reflete consigo mesmo, basicamente, de que o átomo é feito? De espaço!
Ele acelera o passo.
Basicamente, de que sou feito? De átomos!
Agora, ele está quase correndo.
Basicamente, de que é feita a parede? De átomos! Tudo o que tenho a fazer é mesclar os espaços. A parede é uma ilusão. O que é o destino? EStou destinado a permanecer nesta sala? Ah, não!
Em seguida, dá de cara contra a parede.
Droga, pensa. O general Stubblebine está perplexo diante de suas tentativas repetidamente frustradas de atravessar a parede. O que há de errado com ele que o impede de conseguir atravessá-la?
IBOPE: Dilma 5% à frente de Serra
Pesquisa Ibope encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) para a eleição presidencial, divulgada nesta quarta-feira (23) em Brasília, mostra a candidata Dilma Rousseff (PT) com 40% das intenções de voto, contra 35% do candidato José Serra (PSDB) e 9% da candidata Marina Silva (PV). Votos brancos e nulos somam 12%. Não responderam 8% dos entrevistados. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Desigualdade de gênero no Brasil
Segundo o IBGE, o gênero também faz diferença: nas famílias cujo chefe era do sexo masculino, o gasto médio (R$ 2.800,16) era 7% maior do que a média nacional (R$ 2.626,31), enquanto que nos lares chefiados por mulheres (R$ 2.237,14), a despesa era 15% menor. Lembremos que a família que mais cresce no Brasil (nos últimos 30 anos) é a monoparental, onde em 90% dos casos é a mãe que fica com os filhos.
Patrus será vice de Hélio Costa
O candidato a vice-governador de Minas Gerais na chapa do peemedebista senador Hélio Costa será mesmo o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias (PT). O acordo foi fechado na noite da última terça-feira, numa reunião de cerca de duas horas na casa da candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff. Além de Dilma, estavam presentes o presidente do PT, José Eduardo Dutra, Patrus e o senador.
A chapa é realmente forte porque envolve grande parte dos militantes e prefeitos petistas do interior mineiro. A previsão de vida fácil para Anastasia começa a perder força. E a debandada da militância pode ser revertida. Depende do esforço real de Patrus e da base cristã do PT mineiro.
UnB: ensino religioso reforça preconceito no Brasil
Pesquisa da Universidade de Brasília conclui que o preconceito e a intolerância religiosa fazem parte da lição de casa de milhares de crianças e jovens do ensino fundamental brasileiro. Produzido com base na análise dos 25 livros de ensino religioso mais usados pelas escolas públicas do país, o estudo é apresentado no livro Laicidade: O Ensino Religioso no Brasil. A pesquisa analisou os títulos mais aceitos pelas escolas do governo federal, segundo informações do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. A imagem de Jesus Cristo aparece 80 vezes mais do que a de uma liderança indígena no campo religioso - limitada a uma referência anônima e sem biografia -, 12 vezes mais que o líder budista Dalai Lama e ainda conta com um espaço 20 vezes maior que Lutero, referência intelectual para o Protestantismo (Calvino nem mesmo é citado). O estudo aponta que a discriminação também faz parte da tarefa. Principalmente contra homossexuais. “Desvio moral”, “doença física ou psicológica”, “conflitos profundos” e “o homossexualismo não se revela natural” são algumas das expressões usadas para se referir aos homens e mulheres que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. Um exercício com a bandeira das cores do arco-íris acaba com a seguinte questão: “Se isso (o homossexualismo) se tornasse regra, como a humanidade iria se perpetuar?”.
terça-feira, 22 de junho de 2010
Disputa espetacular em MG ou seu dinheiro de volta
Muitos analistas sugerem que o governista Anastasia se recuperará durante o processo eleitoral. Se estiverem certos, teremos uma disputa fantástica a partir de agosto. Explico: sondagem da CP2 Consultoria sobre a eleição em Minas Gerais mostra que o senador Hélio Costa (PMDB) seria eleito governador no 1° turno com 41% dos votos. Em 2° lugar, o atual governador, Antonio Anastasia (PSDB), tem 19,75%. A diferença atual é considerável.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Indolência mineira?
José Trajano disse que Tostão teria a velha indolência mineira, que dificulta seu deslocamento para participar dos programas da ESPN. Mais uma das "lendas" brasileiras sobre os mineiros. Há uma certa ponta de cultura rural no estilo mineiro. A capital mineira, lembremos, foi projetada na segunda metade da última década do século XIX. O interior sempre teve um papel preponderante na política mineira. Mas nada que se aproxime de indolência. Minha tese é que o estranhamento do centro-sul sobre a lógica cultural mineira gera erros de avaliação grosseiros. E certa tentativa de rotular que raramente não desmerece Minas Gerais.
Além da forte característica feminina da política mineira (explicada pelo protagonismo das mulheres na administração da família em todos ciclos econômicos que o Estado viveu), os mineiros são os maiores herdeiros da tristeza e pessimismo português em nosso país. Minas é o mais português dos Estados brasileiros. Mineiro não gosta de grandes arroubos, o que diminui em muito a exposição pública.
domingo, 20 de junho de 2010
Tribunal de Contas do RJ inova
Temos uma novidade no ar: o TCM (ver AQUI) do Rio de Janeiro começará a disponibilizar para o cidadão monitoramento on-line sobre obras e políticas públicas locais. Utilizando tecnologia do Google Earth, as obras serão monitoradas a partir deste georreferenciamento. Já é possível acompanhar o monitoramento na área de educação.
Patrus matemático
A nota de Patrus para ser vice de Hélio Costa (após participar da convenção do PT, hoje) subiu de 8,5 para 9,0 (numa escala até 10). Espero que até outubro ele chegue à nota final.
Revolução Francesa (antes do jogo do Brasil)
1) O atacante Anelka foi dispensado da seleção e já está na Europa. Motivo: ofenderu (eu noticiei neste blog) o técnico Raymond Domenech;
2) O capitão Patrice Evra brigou com o preparador físico Robert Duverne neste domingo. Com a confusão, os jogadores se reuniram e decidiram não treinar;
3) O Diretor da Federação Francesa de Futebol, Jean-Louis Valentin decidiu deixar a entidade após o episódio. "É um escândalo para os franceses, para os jovens. É um escândalo para a federação e para a equipe francesa. Eles não querem treinar, é inaceitável. Para mim acabou. Estou deixando a federação", declarou o dirigente.
O charme da indecisão
Artigo da Semana: o papel dos dossiês
O papel dos dossiês na política
Por RUDÁ RICCI
1. A mídia como fim político
Em 1967, Guy Debord vaticina que havíamos mergulhado na sociedade do espetáculo. Uma sociedade marcada pela tirania da imagem e submissão ao império da mídia. A vida havia se tornado representação. Luiz Felipe Miguel, em artigo publicado na revista de sociologia política de Curitiba de 2004, retoma esta tese para reforçar que a mídia havia se tornado o principal instrumento de contato entre a elite política e o cidadão comum. Os discursos políticos rapidamente se despersonalizaram para ganhar contornos midiáticos. Em outras palavras, todo político fala para uma massa sedenta de ações épicas, de ataques demolidores, da reconstrução da arena onde cristãos deveriam ser devorados.
O interessante desta tese é que sugere que os mecanismos tradicionais do convencimento político estariam com seus dias contados. Se a mídia monta a agenda política, a criação de fatos políticos espetaculares seria mais relevante que as propostas programáticas. Se a mídia é a mediação com o eleitor, a figura do cabo eleitoral seria desnecessária. Talvez ficassem os reprodutores de interpretação dos fatos, aqueles que transfiguram o que se viu para o bem de quem apóiam. Mas nada mais.
O fato é que os dossiês de um candidato contra outro e a acusação de que existiria um dossiê em fabricação passa a ser, em si, um fato. Marcos Coimbra, do Vox Populi, publicou a pouco uma análise em que destaca como os profissionais americanos da política costumam se orgulhar de “fabricar balas”.
Os dossiês desde o fim do regime militar foram arma preferencial de intimidação pública em nosso país. Antônio Carlos Magalhães recebeu, inclusive, a alcunha de “rei dos dossiês”. Bradava aos quatro ventos que possuía dossiês desabonadores em relação aos seus desafetos. A acusação gerava um efeito devastador. O dossiê, seu conteúdo e sua existência, pouco importavam. De suas mãos nasceu o “dossiê Chiarelli”, dossiê montado por ACM contra o então senador Carlos Chiarelli. ACM era o homem mais forte do governo pós-ditadura, ministro das comunicações. Destacado para desmontar a CPI da Corrupção (1988) contra o governo Sarney vazou repetidas notas na grande imprensa sobre a existência de dossiês contra os senadores da CPI. Seu alvo preferencial era seu inimigo Jutahy Magalhães. ACM acusava-o de fraude de 50 milhões de cruzeiros contra o Banco do Estado da Bahia. O dossiê Chiarelli nasceu neste momento. O pedido de crime de responsabilidade contra ACM foi arquivado em fevereiro de 1988.
Os casos de ataque a partir de dossiê pulularam a partir de então. Atingiram Roseana Sarney no início deste século. Agora ataques de um e outro lado envolvem um misterioso dossiê tendo como foco o candidato tucano, José Serra. Acusações de que se fabricava um dossiê com dados que envolviam lideranças tucanas e quebra de sigilo fiscal. De outro lado, os acusados de fabricarem tal dossiê afirmam que se trata de matéria requentada, pois tais dados já teriam sido produzidos por fogo amigo tucano na disputa pela indicação do candidato do PSDB à sucessão de Lula.
2. A espionagem como ingrediente político
A espionagem foi o centro da diplomacia internacional durante a guerra fria, tendo a KGB e a CIA como protagonistas. Ali se cristalizou a produção de casos e arregimentações sem qualquer escrúpulo. A amoralidade passou a significar astúcia justamente porque a mentira e omissão eram elementos fundamentais para a infiltração e desmoralização do adversário (nem sempre efetivamente inimigo como se pretendeu propagar).
Há registros de práticas políticas semelhantes entre os hititas (que habitaram, séculos atrás, o território que hoje é a Turquia). Egípcios e hebreus capturavam informações sobre seus inimigos. Há registros de uma ação organizada durante o governo de Luís XIV. Também estão registradas lições a respeito pela lavra de Sun-tzu. E no “Breviário dos Políticos”, de Cardeal Mazarin. Todos sugeriam técnicas de subversão e espionagem. Contudo, até o final da Primeira Guerra Mundial, os serviços secretos eram frágeis e se concentravam praticamente na Alemanha.
Mas foi a guerra fria que catapultou o realismo político e a amoralidade ao status de guardião da governança. A URSS desenvolveu o Comitê Contra Atos de Sabotagem e Revolução (CHEKIA), perseguindo movimentos oposicionistas, anticomunistas. Em 1922, esta estrutura ganhou nova denominação: administração política do Estado, GPU. A partir da década de 1930, passou a ser conhecido como Comissariado do Povo para Assuntos Internos (NKVD), que tinha como objetivo central a articulação de busca de informações e perseguição aos oposicionistas. Chegou a atuar fora da URSS, como na perseguição a Trotsky, no seu exílio no México. Finalmente, em 1954, após uma profunda disputa na NKVD, surgiu a KGB, atuando diretamente no interior do Estado e no serviço secreto de vários países do bloco soviético. Passou a atuar, também, junto a sindicatos e na censura e uso político da imprensa.
Na guerra fria surgiu outra grande estrutura de espionagem de Estado, o Mossad, o Instituto para Inteligência e Operações Especiais de Israel). O Mossad foi criado em 1949, vinculado desde o início ao Primeiro-Ministro. A peculiaridade é que não há envolvimento de comandos militares.
Em 1984, o governo português criou o SIS, Sistema de Informações da República Portuguesa, tendo como objetivos centrais a captura de informações para a segurança interna e combate à sabotagem e espionagem. Para sua criação, contou com apoio da CIA.
No Brasil, foi criada em 1999 a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Embora oficialmente tenha objetivos estratégicos para o desenvolvimento, a ABIN é frequentemente citada em casos de espionagem política. A atividade de espionagem brasileira teve início bem antes, em 1927. Em 1946 foi criado o Serviço Federal de Informações e Contra-Informações (SFICI), que no regime militar ganharia nova sigla (SNI, Serviço Nacional de Informações), sendo acusada de ser membro da Operação Condor, que disseminava a perseguição de lideranças oposicionistas aos regimes autoritários da América Latina.
Silvio Costa, professor da Universidade Católica de Goiás, em artigo intitulado “O Sistema Echelon de espionagem global ou a lei do vale tudo”, expõe como os modelos de espionagem se espraiaram pelo mundo político e empresarial. O Sistema Echelon possui 120 satélites Vortex que inteceptam qualquer comunicação eletrônica ou digital, incluindo fax e correio eletrônico, em todo planeta. Costa cita outros exemplos, como o que envolveu, em 1993, José Ignácio López de Arriortúa, diretor de nível superior da General Motors de Detroit. Cita, ainda, o caso de um antigo oficial superior do exército alemão, Erich Schmidt-Eenboom, hoje diretor do instituto alemão de estudos estratégicos, que denunciou as pressões do governo Clinton em relação ao projeto “Hortênsia III”, base norte-americana de Bad Aibling, situada na Baviera, organizada a partir de dois centros de escuta compostos por antenas parabólicas de trezentos metros de diâmetro e de cem metros de altura; instalações de doze andares abaixo da terra que capturam frases a partir de palavras-chave.
Enfim, o realismo político do pós-guerra criou toda uma lógica de ação política que procura esquadrinhar adversários políticos e disseminar informações que o desmoralizem. Há toda uma herança que profissionalizou esta prática a partir da ação de Estado. Saberes técnicos, metodologias e estrutura organizacional que são, hoje, operadas no interior dos partidos e dos comandos de campanha eleitoral.
O fato novo é, talvez, que os relatórios de informações, popularmente cunhados de dossiês, passaram a ser, por si, um elemento de campanha. Seu conteúdo é menos importante que o anúncio de sua existência. O próprio anúncio é um fato político relevante, para incriminar aqueles que o produzem ou para disseminar dúvidas sobre o caráter daquele que é investigado.
O que denota o foco não meramente para a intimidação, mas para manipulação da mídia. A novidade atualiza uma prática milenar da disputa política. Cardeal Mazarin, citado neste artigo, sugeria, já no século XVII, que seria necessário saber tudo, ouvir tudo, ter espiões por toda parte, mas sempre tomando prudência no uso das informações obtidas porque quem é vigiado odeia saber disto. Sustentava que o melhor seria espionar sem se fazer notar. Foi-se o século XVII e tal precaução. Ao contrário, hoje a versão é tão mais importante que o fato político. Aliás, nem mesmo a versão é tão importante. Basta disseminar a dúvida sobre algum dado aparentemente omitido pelo adversário. E a festa está feita. Com o apoio e interesse da grande imprensa.
Por RUDÁ RICCI
1. A mídia como fim político
Em 1967, Guy Debord vaticina que havíamos mergulhado na sociedade do espetáculo. Uma sociedade marcada pela tirania da imagem e submissão ao império da mídia. A vida havia se tornado representação. Luiz Felipe Miguel, em artigo publicado na revista de sociologia política de Curitiba de 2004, retoma esta tese para reforçar que a mídia havia se tornado o principal instrumento de contato entre a elite política e o cidadão comum. Os discursos políticos rapidamente se despersonalizaram para ganhar contornos midiáticos. Em outras palavras, todo político fala para uma massa sedenta de ações épicas, de ataques demolidores, da reconstrução da arena onde cristãos deveriam ser devorados.
O interessante desta tese é que sugere que os mecanismos tradicionais do convencimento político estariam com seus dias contados. Se a mídia monta a agenda política, a criação de fatos políticos espetaculares seria mais relevante que as propostas programáticas. Se a mídia é a mediação com o eleitor, a figura do cabo eleitoral seria desnecessária. Talvez ficassem os reprodutores de interpretação dos fatos, aqueles que transfiguram o que se viu para o bem de quem apóiam. Mas nada mais.
O fato é que os dossiês de um candidato contra outro e a acusação de que existiria um dossiê em fabricação passa a ser, em si, um fato. Marcos Coimbra, do Vox Populi, publicou a pouco uma análise em que destaca como os profissionais americanos da política costumam se orgulhar de “fabricar balas”.
Os dossiês desde o fim do regime militar foram arma preferencial de intimidação pública em nosso país. Antônio Carlos Magalhães recebeu, inclusive, a alcunha de “rei dos dossiês”. Bradava aos quatro ventos que possuía dossiês desabonadores em relação aos seus desafetos. A acusação gerava um efeito devastador. O dossiê, seu conteúdo e sua existência, pouco importavam. De suas mãos nasceu o “dossiê Chiarelli”, dossiê montado por ACM contra o então senador Carlos Chiarelli. ACM era o homem mais forte do governo pós-ditadura, ministro das comunicações. Destacado para desmontar a CPI da Corrupção (1988) contra o governo Sarney vazou repetidas notas na grande imprensa sobre a existência de dossiês contra os senadores da CPI. Seu alvo preferencial era seu inimigo Jutahy Magalhães. ACM acusava-o de fraude de 50 milhões de cruzeiros contra o Banco do Estado da Bahia. O dossiê Chiarelli nasceu neste momento. O pedido de crime de responsabilidade contra ACM foi arquivado em fevereiro de 1988.
Os casos de ataque a partir de dossiê pulularam a partir de então. Atingiram Roseana Sarney no início deste século. Agora ataques de um e outro lado envolvem um misterioso dossiê tendo como foco o candidato tucano, José Serra. Acusações de que se fabricava um dossiê com dados que envolviam lideranças tucanas e quebra de sigilo fiscal. De outro lado, os acusados de fabricarem tal dossiê afirmam que se trata de matéria requentada, pois tais dados já teriam sido produzidos por fogo amigo tucano na disputa pela indicação do candidato do PSDB à sucessão de Lula.
2. A espionagem como ingrediente político
A espionagem foi o centro da diplomacia internacional durante a guerra fria, tendo a KGB e a CIA como protagonistas. Ali se cristalizou a produção de casos e arregimentações sem qualquer escrúpulo. A amoralidade passou a significar astúcia justamente porque a mentira e omissão eram elementos fundamentais para a infiltração e desmoralização do adversário (nem sempre efetivamente inimigo como se pretendeu propagar).
Há registros de práticas políticas semelhantes entre os hititas (que habitaram, séculos atrás, o território que hoje é a Turquia). Egípcios e hebreus capturavam informações sobre seus inimigos. Há registros de uma ação organizada durante o governo de Luís XIV. Também estão registradas lições a respeito pela lavra de Sun-tzu. E no “Breviário dos Políticos”, de Cardeal Mazarin. Todos sugeriam técnicas de subversão e espionagem. Contudo, até o final da Primeira Guerra Mundial, os serviços secretos eram frágeis e se concentravam praticamente na Alemanha.
Mas foi a guerra fria que catapultou o realismo político e a amoralidade ao status de guardião da governança. A URSS desenvolveu o Comitê Contra Atos de Sabotagem e Revolução (CHEKIA), perseguindo movimentos oposicionistas, anticomunistas. Em 1922, esta estrutura ganhou nova denominação: administração política do Estado, GPU. A partir da década de 1930, passou a ser conhecido como Comissariado do Povo para Assuntos Internos (NKVD), que tinha como objetivo central a articulação de busca de informações e perseguição aos oposicionistas. Chegou a atuar fora da URSS, como na perseguição a Trotsky, no seu exílio no México. Finalmente, em 1954, após uma profunda disputa na NKVD, surgiu a KGB, atuando diretamente no interior do Estado e no serviço secreto de vários países do bloco soviético. Passou a atuar, também, junto a sindicatos e na censura e uso político da imprensa.
Na guerra fria surgiu outra grande estrutura de espionagem de Estado, o Mossad, o Instituto para Inteligência e Operações Especiais de Israel). O Mossad foi criado em 1949, vinculado desde o início ao Primeiro-Ministro. A peculiaridade é que não há envolvimento de comandos militares.
Em 1984, o governo português criou o SIS, Sistema de Informações da República Portuguesa, tendo como objetivos centrais a captura de informações para a segurança interna e combate à sabotagem e espionagem. Para sua criação, contou com apoio da CIA.
No Brasil, foi criada em 1999 a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Embora oficialmente tenha objetivos estratégicos para o desenvolvimento, a ABIN é frequentemente citada em casos de espionagem política. A atividade de espionagem brasileira teve início bem antes, em 1927. Em 1946 foi criado o Serviço Federal de Informações e Contra-Informações (SFICI), que no regime militar ganharia nova sigla (SNI, Serviço Nacional de Informações), sendo acusada de ser membro da Operação Condor, que disseminava a perseguição de lideranças oposicionistas aos regimes autoritários da América Latina.
Silvio Costa, professor da Universidade Católica de Goiás, em artigo intitulado “O Sistema Echelon de espionagem global ou a lei do vale tudo”, expõe como os modelos de espionagem se espraiaram pelo mundo político e empresarial. O Sistema Echelon possui 120 satélites Vortex que inteceptam qualquer comunicação eletrônica ou digital, incluindo fax e correio eletrônico, em todo planeta. Costa cita outros exemplos, como o que envolveu, em 1993, José Ignácio López de Arriortúa, diretor de nível superior da General Motors de Detroit. Cita, ainda, o caso de um antigo oficial superior do exército alemão, Erich Schmidt-Eenboom, hoje diretor do instituto alemão de estudos estratégicos, que denunciou as pressões do governo Clinton em relação ao projeto “Hortênsia III”, base norte-americana de Bad Aibling, situada na Baviera, organizada a partir de dois centros de escuta compostos por antenas parabólicas de trezentos metros de diâmetro e de cem metros de altura; instalações de doze andares abaixo da terra que capturam frases a partir de palavras-chave.
Enfim, o realismo político do pós-guerra criou toda uma lógica de ação política que procura esquadrinhar adversários políticos e disseminar informações que o desmoralizem. Há toda uma herança que profissionalizou esta prática a partir da ação de Estado. Saberes técnicos, metodologias e estrutura organizacional que são, hoje, operadas no interior dos partidos e dos comandos de campanha eleitoral.
O fato novo é, talvez, que os relatórios de informações, popularmente cunhados de dossiês, passaram a ser, por si, um elemento de campanha. Seu conteúdo é menos importante que o anúncio de sua existência. O próprio anúncio é um fato político relevante, para incriminar aqueles que o produzem ou para disseminar dúvidas sobre o caráter daquele que é investigado.
O que denota o foco não meramente para a intimidação, mas para manipulação da mídia. A novidade atualiza uma prática milenar da disputa política. Cardeal Mazarin, citado neste artigo, sugeria, já no século XVII, que seria necessário saber tudo, ouvir tudo, ter espiões por toda parte, mas sempre tomando prudência no uso das informações obtidas porque quem é vigiado odeia saber disto. Sustentava que o melhor seria espionar sem se fazer notar. Foi-se o século XVII e tal precaução. Ao contrário, hoje a versão é tão mais importante que o fato político. Aliás, nem mesmo a versão é tão importante. Basta disseminar a dúvida sobre algum dado aparentemente omitido pelo adversário. E a festa está feita. Com o apoio e interesse da grande imprensa.
sábado, 19 de junho de 2010
Vaticano perde oportunidade de ficar em silêncio
O "L'Osservatore Romano", o jornal oficial do Vaticano, ataca duramente o escritor português José Saramago, que morreu na sexta-feira aos 87 anos na Espanha, chamando-o de "populista extremista" e de "ideólogo antirreligioso" em sua edição deste domingo.
Tal comportamento tem algo próximo do que se compreende cristão ou é seria um banal e terreno ato oportunista?
PSDB não poderá exibir Serra
O PSDB terá que trocar inserções na TVO ministro do TSE, Aldir Passarinho Júnior, suspendeu a propaganda do PSDB que tinha o candidato do partido à Presidência, José Serra, como destaque. As 10 primeiras inserções de 30 segundos foram exibidas na terça-feira e voltarão ao ar nos dias 22, 26 e 29, totalizando outras 30 inserções em rede de rádio e televisão. O PSDB terá que substituir as peças que ainda serão veiculadas. O PT entrou com representação contra o PSDB com o argumento de que os tucanos usaram o programa partidário para fazer propaganda eleitoral.
Minha opinião é que este impedimento é anti-democrático. O judiciário tem que seguir a norma legal. Mas a norma é equivocada, insensível. Já sabemos quem é candidato e queremos ouvi-los. Dá a mesma agonia que ocorreu na Copa de 98. Todo mundo aguardava o nome do Ronaldo na escalação e não saía. Só que agora não existe a possibilidade de chamar Edmundo.
Minha opinião é que este impedimento é anti-democrático. O judiciário tem que seguir a norma legal. Mas a norma é equivocada, insensível. Já sabemos quem é candidato e queremos ouvi-los. Dá a mesma agonia que ocorreu na Copa de 98. Todo mundo aguardava o nome do Ronaldo na escalação e não saía. Só que agora não existe a possibilidade de chamar Edmundo.
Guerrilha Maranhense
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Como se deve fazer política no interior do país
O jornal Estado de Minas publicou matéria sobre o que denominou "O Moisés do Sertão". Reproduzo, abaixo, o artigo (escrito pela jornalista Bertha Maakaroun) por achar que retrata a nova política no meio rural´(com foto e tudo). Achei um primor:
Ex-presidente da Emater, pré-candidato à Câmara dos Deputados, leva água para as regiões secas de Minas e espera conseguir votos. Seus principais adversários não estão nada satisfeitos
Bertha Maakaroun
A corrida eleitoral está só começando, mas nenhum outro pré-candidato à Câmara dos Deputados tem causado tanta polêmica com sua movimentação pelo interior mineiro do que o engenheiro agrônomo José da Silva Soares (PDT), que presidiu a Emater-MG por sete anos. À boca pequena, é chamado de “Moisés do semi-árido”. O sertão não virou mar, mas a água chegou lá, em 188 municípios do Norte, Jequitinhonha e Mucuri, onde as comunidades escondidas em rincões esquecidos recebiam vez e outra insumos para o plantio, mas não tinham o que beber. Em vez do cajado do personagem bíblico, canos, tubulões e caixas d’água. Em vez das tábuas, os novos mandamentos: softwares para registrar os apoios amealhados e as 43 mil famílias beneficiadas. Para a conversão do “milagre” em votos, Zé Silva, como o tratam os funcionários da empresa, está a um passo.
Servidor de carreira, Zé Silva prega: “A Emater demorou 55 anos para descobrir que sem água para beber não adianta ensinar a plantar”. É o discurso daquele que, ao longo de sua gestão, também multiplicou de 100 para 1.660 os técnicos de campo.
Para alguns aliados políticos, Zé Silva é o técnico competente que executou um trabalho inovador no período em que presidiu a Emater. Para os adversários, a emenda: ele é o técnico competente, que também transformou a Emater numa máquina de votos, cuja colheita se anuncia nas urnas, com a apuração da eleição para a Câmara dos Deputados. “Ele usou a empresa e a sua estrutura para fazer política pessoal, pedindo voto para deputado federal na região Norte, no Jequitinhonha e no Mucuri”, afirma o deputado federal Humberto Souto (PPS), que tem base eleitoral no Norte de Minas. “Distribuiu canos, caixas d’água, tudo aquilo que a Emater poderia fazer dentro de um projeto estratégico, foi realizado sem critério, com o único propósito de beneficiá-lo. Na região isso é notório”, acrescenta Souto.
Desfiliado do PSDB em agosto passado para integrar-se ao PDT, o projeto político de chegar à Câmara dos Deputados é, segundo Zé Silva, uma construção, que garante, se sustenta no sonho dos 700 mil agricultores familiares de Minas, dos quais, 473 mil atendidos pela Emater. “Não tenho prefeitos nem vereadores. O meu trabalho é de militância, está na relação direta com as organizações e os agricultores”, sustenta. Daí a elevar a voz aos agricultores familiares de todo o país, um outro pulo. Depois de acumular na presidência da Emater três mandatos consecutivos na presidência da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer),Zé Silva correu os estados brasileiros pregando o movimento nacional de reconstrução dos órgãos estaduais de fomento à extensão rural. “Criamos uma frente parlamentar em 2007 e conseguimos aprovar a Lei da Agricultura Familiar e a Lei Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, sancionada por Lula em janeiro”, afirma Zé Silva.
“É na arena política que se faz a transformação e que o agricultor familiar será ouvido”, justifica Zé Silva a sua aspiração por um mandato popular, sempre com a fala mansa e o forte sotaque do pontal do Triângulo Mineiro. Mas também é na arena política onde se processam os laços de sangue, surgem as grandes oportunidades da vida e se tramam as traições. O maior patrocinador da carreira de Zé Silva, o deputado federal e presidente do PSDB regional, Nárcio Rodrigues, não gostou do desencadeamento da história, que se iniciou há mais de 30 anos, no Triângulo, quando o menino Zé chegado da “roça”, passou a distribuir o seu Jornal do Campo no meio rural. De braço direito, cabo eleitoral e aliado, Zé Silva passa agora a disputar votos na própria base de Nárcio Rodrigues, já que ambos concorrem a uma cadeira na Câmara dos Deputados.
“Zé Silva é técnico eficiente. Não foi outro motivo que me levou a patrocinar candidatura dele para a presidência da Emater. Mas não esperava que fosse partir para o processo eleitoral sem levar em consideração o jogo do grupo”, critica Nárcio Rodrigues. De acordo com o parlamentar tucano, o grupo político que deu sustentação a Zé Silva se surpreendeu com a sua decisão de deixar o PSDB e filiar-se ao PDT para concorrer à Câmara dos Deputados, sem sequer uma conversa prévia. “Você patrocina alguém, abre um espaço técnico para dar visibilidade ao grupo, mostrando que tem quadros para governar e a pessoa usa isso em favor de seu próprio projeto pessoal e se volta contra você”, considera Nárcio Rodrigues. “Deixo o tempo a julgar. Há uma ruptura política e uma decepção pessoal inédita, inimaginável”, afirma o deputado tucano que agora, trata de avisar aos aliados no Triângulo Mineiro, que o ex-amigo tornou-se um vírus instalado em sua base eleitoral. “Nárcio deu musculatura e força para o Zé Silva e agora ele a usa contra o próprio Nárcio”, avalia o deputado estadual Zé Maia.
Falecimento de José Saramago
O grande escritor português e Prêmio Nobel de literatura de 1998, José Saramago, faleceu hoje, aos 87 anos, na Espanha (onde se exilou após a censura portuguesa ao seu livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo, em 1991). Saramago era um grande personagem, com fortes posições de esquerda. Foi serralheiro, mecânico, desenhista industrial e gerente de produção numa editora antes de, em 1947, se tornar escritor por ofício. Seus dois primeiros sucessos são considerados seus grandes livros, juntamente com Ensaio sobre a Cegueira (de 1995): Levantado do Chão (1980) e Memorial do Convento (1982).
Professores mineiros emparedados
Toda greve persegue ao menos três objetivos: a) conquistas econômicas e sociais; b) desgaste do empregador; c) reforço da unidade da base sindical e legitimidade da direção sindical.
Durante quase 50 dias os professores da rede estadual de Minas Gerais resistiram. Foi uma das maiores greves da categoria. Ao final, abriram processo de negociação com o governo estadual. Para tanto, retornaram ao trabalho. Nesta semana, o governo apresentou uma proposta que desorganiza toda carreira da categoria.
Ocorreu o velho estilo rolo compressor. Um empregador, após enfrentar uma greve de tanto tempo, desgastante para todos, joga outra carta apostando que a categoria não terá fôlego para retomar a greve.
O Sindute-MG, o maior sindicato cutista de Minas Gerais, percebe-se emparedado, vítima de um jogo bruto do governo Aécio. Esta é uma das facetas nunca reveladas publicamente: o quanto o governo Aécio não conseguiu estabelecer uma postura de negociação com quem não pensa como ele. Não se trata de ceder, mas de adotar uma filosofia política, um padrão democrático de comportamento. O jogo pode ser duro, a negociação eficiente, mas não há necessidade de desgastar sempre o adversário.
Como ensinoa Sun Tzu: "Não interrompas a marcha de um exército em seu retorno para casa. Um exército cercado deve ter uma saída. Não pressiones um inimigo desesperado."
quinta-feira, 17 de junho de 2010
A propaganda de Serra de hoje
Uma propaganda que apresenta bem o candidato. Esta é minha opinião a respeito da propaganda política do PSDB de hoje. Os dois pontos altos foram: o senhor Maneco e a trilha sonora. A música começa emocional e vai crescendo. Achei perfeita. Os pontos fracos foram a pulverização de temas. Esta parece uma constante nas propagandas do bloco serrista: não concentra numa tecla, num tema. Imaginei que concentraria na saúde, mas depois abre o leque para educação e fala de segurança. Enfim, pulveriza muito a imagem e a idéia-força. Também não sei se agrada seu eleitorado citar que foi perseguido pela ditadura militar.
Mas é o tom emotivo e afetivo que quebra a imagem muito paulista (este, inclusive, é outro grave problema: reforça que ele é paulista) e dura. Falar, logo de início, da neta e do pai e mais adiante emendar com o senhor Maneco (o ponto alto, realmente) foi muito acertado. Mas é preciso fazer uma ligação mais constante deste clima emocional.
De qualquer maneira, foi um bom começo.
Fiquei apenas com a dúvida se não ficou excessivamente seguro, como o primeiro jogo da Copa do Mundo. Não errou, mas poderia, talvez, marcar mais, ser um pouco mais ousado.
Ranking de Universidades
Estudo – lançado na internet durante o Encontro de Reitores de Universidades, em Guadalajara, México, reunindo mais de mil dirigentes desses países – revelou que duas universidades do Brasil (Universidade de São Paulo e Universidade de Campinas) e uma do México (Universidade Nacional Autônoma do México, UNAM) são as mais produtivas cientificamente. Essas instituições de educação superior produziram cerca de 38 mil, 15 mil e 17 mil artigos científicos, respectivamente, no período entre 2003 e 2008. Uma universidade de Porto Rico e outra da Colômbia estão entre as primeiras 30 instituições.
O informe, liderado por investigadores da Espanha, Portugal, Argentina e Chile, considera aquelas universidades que publicaram ao menos um artigo científico em qualquer das 17 mil publicações científicas avaliadas por pares que fazem parte da base de dados Scopus de Elsevier. Os indicadores são quantitativos e qualitativos: produção científica, colaboração internacional, qualidade científica avaliada como a relação entre as citações recebidas por uma universidade e a citação média mundial e, por último, o percentual de publicações em 25% das melhores revistas do mundo. Somente cinco universidades, todas do Brasil, obtiveram um número de citações acima da medida mundial.
O informe, liderado por investigadores da Espanha, Portugal, Argentina e Chile, considera aquelas universidades que publicaram ao menos um artigo científico em qualquer das 17 mil publicações científicas avaliadas por pares que fazem parte da base de dados Scopus de Elsevier. Os indicadores são quantitativos e qualitativos: produção científica, colaboração internacional, qualidade científica avaliada como a relação entre as citações recebidas por uma universidade e a citação média mundial e, por último, o percentual de publicações em 25% das melhores revistas do mundo. Somente cinco universidades, todas do Brasil, obtiveram um número de citações acima da medida mundial.
Sarney e a mecânica da política
A iniciativa de Sarney em andar pelo Senado com uma carta que recebeu de Manoel da Conceição, ex-líder camponês e hoje em greve de fome contra a aliança do PT do seu Estado com Roseana Sarney, revela as dicotomias da mecânica ideológica das política brasileira. Na carta (da década de 60), Conceição agradece Sarney por ter conseguido uma perna mecânica. O fato é que, mesmo sendo de esquerda, Conceição agradecia como pessoa e não como aliado. Faz parte da ética da esquerda não confundir indivíduo com disputa política. Só os mais afoitos e pouco afetos à ética desconsideram esta máxima. Além do mais, Sarney fazia parte de uma ala de oposição aos caciques maranhenses, em especial, Vitorino Freire (há quem diga que não havia disputa entre os dois). Já Sarney, utiliza a carta como chantagem que visa desmoralizar a disputa política. É uma típica prática de direita, que sabe do que ocorreu, mas tenta descontextualizar e trabalhar com a boa fé da população desavisada.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Hélio Costa não terá vida fácil
Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas
por Conceição Lemes
16 de junho de 2010, no Viomundo
16 de junho de 2010, no Viomundo
A ideia do Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas nasceu em maio. Sugerida por Luiz Carlos Azenha, foi aprovada durante o lançamento, em São Paulo, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. No final de maio, tivemos uma primeira conversa, da qual participaram o próprio Azenha, Altamiro Borges, Eduardo Guimarães, Rodrigo Vianna e eu. Azenha lançou a ideia no Viomundo. A receptividade foi excelente. Tivemos, aqui, mais de 400 comentários. Fora a acolhida calorosa em vários outros blogs. A última reunião foi na sede do Conversa Afiada. Participaram Paulo Henrique Amorim (Conversa Afiada), Altamiro Borges (do Barão de Itararé e do blog do Miro), Conceição Oliveira (Maria-Fro), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Diego Casaes (Global Voices) e eu (do Viomundo, representando também o Azenha, derrubado por uma tremenda gripe).
Avançamos alguns pontos. Ficou decidido que:
1) O Encontro Nacional de Blogueiros será em Brasília. A opção se deveu a dois motivos: fugir do eixo Rio-São Paulo; os vôos de todas as regiões do Brasil passam por Brasília, o que facilitaria da vida dos blogueiros.
2) Ocorrerá, provavelmente, nos dias 20 (abertura à noite), 21 e 22 de agosto. Como ainda estamos estudando a viabilidade de oferecer ao menos acomodações e passagens, até o início de julho bateremos o martelo sobre a data definitiva.
3)A organização ficará a cargo do Centro de Estudos Barão de Itararé e da Altercom ¬ – Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação.
4) Na programação, haverá mesas redondas com palestras de grandes blogueiros do país. Algumas já propostas: os rumos da internet no Brasil; marco regulatório (mesa na qual serão discutidas a legislação atual, a necessidade de aprimorá-la e as tentativas de amordaçar alguns espaços críticos); e experiências de blogueiros de vários estados do Brasil.
5) Haverá, também, oficinas para ensinar blogueiros menos experientes a otimizarem os recursos da internet. Por exemplo, twitter, produção de vídeos e de rádio web.
6)Transmissão do evento pela internet. Como há possibilidade de as oficinas ocorrerem simultaneamente, a ideia é gravar todas para que depois possam ser acessadas por todos os participantes e blogueiros de qualquer parte do país. O objetivo é o de que as oficinas se transformem em conteúdo, mesmo.
7) A necessidade de buscar patrocínios, para tornar viável o encontro e ter maior número de participantes.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Jornalsta mineira recebe mais um prêmio internacional
Daniela Arbex, do Tribuna de Minas (Juiz de Fora) acaba de receber mais um prêmio internacional: o Knight de Jornalismo Internacional. É um orgulho de MG!!
O Prêmio é apresentado cada ano pelo Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), uma organização não-governamental que promove jornalismo de alta qualidade pelo mundo. O Prêmio Knight, parte do programa das bolsas Knight de Jornalismo Internacional, é um testamento a sua devoção ao oficio de jornalismo e o tremendo impacto do seu trabalho no Brasil.
O anúncio foi feito por Elisa Tinsley, Diretora do Knight International Journalism Fellowships.
O Prêmio é apresentado cada ano pelo Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), uma organização não-governamental que promove jornalismo de alta qualidade pelo mundo. O Prêmio Knight, parte do programa das bolsas Knight de Jornalismo Internacional, é um testamento a sua devoção ao oficio de jornalismo e o tremendo impacto do seu trabalho no Brasil.
O anúncio foi feito por Elisa Tinsley, Diretora do Knight International Journalism Fellowships.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Exoneração de Romeu Tuma Júnior
O secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, suspeito de envolvimento com o chinês Li Kwok Kwen, o Paulo Li, acusado de contrabando, foi exonerado do cargo nesta segunda-feira. Ele estava de férias e retornou hoje ao trabalho. O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, encaminhou hoje ao Planalto o ato de exoneração. Tuma Júnior responde a três procedimentos apuratórios junto à Comissão de Ética da Presidência da República, junto ao próprio ministério e à Polícia Federal.
Breve comentário:
Já havia informado neste blog que o Governo Federal aplicou punições expulsivas a 2.398 agentes públicos por envolvimento em práticas ilícitas, no período entre janeiro de 2003 e dezembro de 2009 (segundo CGU). Do total de penas expulsivas no período, as demissões somaram 2.069 casos; as destituições de cargos em comissão, 184, e as cassações de aposentadorias, 145.
O Brasil estaria mudando ou os casos são mais e mais escandalosos?
domingo, 13 de junho de 2010
História dos Presidentes dos EUA (em círculo)
Vejam esta idéia interessante(embora teoricamente linear) para contar a história dos Presidentes dos EUA. Para uma visualização em detalhes, ver AQUI
sábado, 12 de junho de 2010
Furo seria notícia requentada?
O blog de Luis Nassif (www.luisnassif.com.br) sugere que o "furo" da Folha sobre dossiê envolvendo Eduardo Jorge é notícia requentada. Ele indica este artigo, de abril de 2009, publicada no Consultor Jurídico: AQUI .
Não me pareceu a mesma coisa, mas a briga é realmente antiga. E parece que não termina tão cedo.
África
1) 10% das reservas mundiais de petróleo e 30% dos minérios se encontram no continente africano;
2) A economia do continente, entre 2003-2008 cresceu 6% ao ano. A balança comercial cresceu 30% e o percentual de crianças escolarizadas saltou de 58% para 75%;
3) A África possui mais pessoas classificadas como classe média (que recebem mais de 20 mil dólares por ano) que a Índia, membro dos BRICs.
José Roberto Toledo disseca pesquisa IBOPE
Do blog de Jose Roberto de Toledo:
1) Para quem vão os 12% de eleitores que declaram espontaneamente intenção de votar em Lula?
Ao contrário do que os petistas poderiam supor, apenas 48% optam por Dilma Rousseff (PT) quando são confrontados com a lista de candidatos. E surpreendentes 29% preferem José Serra (PSDB). Outros 10% vão para Marina Silva (PV).
2) Como se dividiriam os 9% de eleitores de Marina Silva (PV) em um 2º turno entre Serra e Dilma?
Hoje, Dilma ficaria com uma parcela ligeiramente maior: 40%, contra 32% de Serra. Mas 21% votariam em branco ou anulariam seu voto.
3) Quem é mais fiel a seus candidatos: tucanos ou petistas?
Hoje, 71% dos eleitores que declaram preferência pelo PT votariam em Dilma. A fidelidade entre os simpatizantes do PSDB é proporcionalmente maior: 81% votariam em Serra. Mas há 29% de petistas contra apenas 6% de tucanos.
4) O PMDB deve fechar aliança com o PT na eleição presidencial, mas como votam seus simpatizantes?
Entre os 8% do eleitorado nacional que se declaram peemedebistas, Serra bate Dilma por 62% a 19%. Entre os 45% de sem-partido, o tucano venceria hoje a petista por 38% a 26%.
5) Se Serra ganha entre tucanos, peemedebistas e nos sem-partido, como é que Dilma empata com ele no total?
Nada menos do que 55% dos votos de Dilma vêm dos petistas. E outros 32% vêm dos sem-partido, principalmente daqueles que são fãs de Lula, mas não são petistas.
6) Como a religião influencia o voto para presidente?
Para Serra e Dilma, não faz diferença. Católicos e evangélicos se distribuem na mesma proporção do eleitorado total entre os dois líderes da corrida presidencial. Mas a evangélica Marina tem proporcionalmente mais eleitores de sua religião (12%) do que de católicos (8%).
7) Que impacto têm os programas sociais federais nos eleitores de Serra e de Dilma?
Para a petista, 35 em cada 100 de seus eleitores se beneficiam diretamente de programas como o Bolsa Família ou moram com algum beneficiário. Para o tucano, essa relação é menor, mas ainda significativa: 27 para 100. Detalhe importante: 1 em cada 3 indecisos é beneficiário direto ou indireto desses programas.
8) As mulheres votam mais em Serra porque rejeitam Dilma?
Não. A taxa de rejeição da petista entre o eleitorado feminino (18%) é praticamente igual à verificada entre os homens (19%). Dilma tem 8 pontos porcentuais a menos entre as mulheres provavelmente porque é menos conhecida entre elas.
Serra, por sua vez, tem 3 pontos a mais entre as mulheres provavelmente porque é menos rejeitado pelas eleitoras (22%) do que pelos eleitores (27%).
9) Em quem votam os eleitores que rejeitam Serra ou Dilma?
Dos 19% que não votariam em Dilma de jeito nenhum, 70% declaram intenção de eleger Serra, 13% votam em Marina e 16% pretendem anular ou votar em branco.
Dos 24% que não votariam em Serra de jeito nenhum, 70% declaram preferência por Dilma, 12% votam em Marina e 14% devem anular ou votar em branco.
10) De onde veio o crescimento de Dilma que levou-a a empatar com Serra?
Entre abril e junho, Dilma cresceu 10 pontos porcentuais, de 51% para 60%, entre eleitores que acham o governo Lula ótimo. Ao mesmo tempo, Serra perdeu 8 pontos nesse segmento, que representa 27% do total do eleitorado. Esses fãs de Lula se concentram nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste.
O mês junino começa pesado
Hoje começa o mês de junho para a política. Também é possível dizer que o primeiro semestre, para a política brasileira, termina nesta semana.
As convenções partidárias definem, agora, os principais candidatos. Nem todos com chapa montada - como o PSDB - ou com palanques tranquilos - como o PT. Mas tudo, neste país da fantasia, já estará oficializado (como se alguém não soubesse quem já está em campanha!).
Mas também porque o discurso do momento parece centrado - ao menos para a grande imprensa - nos famosos dossiês e possível caixa 2. O que chama a atenção é a imprecisão das acusações. Se a última denúncia da Folha de SPaulo, divulgada hoje, for verdadeira (e não notícia plantada), trata-se de algo gravíssimo porque estaríamos mergulhados no uso partidário da máquina estatal. Sigilo da Receita Federal é sagrado para a cidadania. E a Folha afirma que a quebra foi feita pela "equipe de inteligência da pré-campanha de Dilma Rousseff". Não se trata de uma pequena acusação. É algo tão ou mais grave que aquela feita contra o então presidente da CEF, Jorge Mattoso.
O mais intrigante é que vários jornalistas noticiavam, na noite anterior, que o dossiê que teria sido armado pelo PT não passava de um blefe, de acusação infundada. A revista Carta Capital chegou a publicar um artigo sobre este tema.
As informações e denúncias se multiplicam e fiamos com a sensação que cidadão, nesta terra, não tem por onde se assegurar e ter voz. Somos joguetes, surpreendidos diariamente por denúncias graves que se desmancham no ar e logo são substituídas por novas denúncias, muito mais graves que as anteriores.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Campanha Acesso à informação pública
Como direito humano fundamental foi garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos assim como por diversos tratados internacionais, e reconhecido pelo Brasil no artigo 5º da Constituição Federal. Ou seja, a regulamentação do direito de acesso à informação no Brasil é urgente!
No entanto, o projeto está há mais de um mês na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania sem ser votado, mesmo com seu parecer favorável.
Hoje mais de 80 países possuem leis de acesso à informação pública, e o Brasil é um dos poucos países democráticos que não conta com uma legislação deste tipo.
Como contribuir para essa regulamentação?
Envie um e-mail para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado pedindo que a votação do projeto de lei de acesso à informação pública seja votado amanhã, na última sessão antes da Copa do Mundo.
Segue abaixo a lista de e-mails, sugestão de texto para os senadores, e mais informações sobre o projeto de lei e a campanha.
Blog da campanha: http://artigo19.org/infoedireitoseu
Íntegra do e-mail
Para: demostenes.torres@senador.gov.br
CC: alvarodias@senador.gov.br, acmjr@senador.gov.br, almeida.lima@senador.gov.br,
mercadante@senador.gov.br, serys@senadora.gov.br, antval@senador.gov.br, edison.lobao@senador.gov.br, eduardo.suplicy@senador.gov.br, francisco.dornelles@senador.gov.br, gilvamborges@senador.gov.br, ideli.salvatti@senadora.gov.br,jayme.campos@senador.gov.br,jarbas.vasconcelos@senador.gov.br,katia.abreu@senadora.gov.br,lucia.vania@senadora.gov.br,marco.maciel@senador.gov.br,osmardias@senador.gov.br,simon@senador.gov.br,romeu.tuma@senador.gov.br,
tasso.jereissati@senador.gov.br,tiao.viana@senador.gov.br
BCC: comunicacao@artigo19.org
Sugestão de texto:
Local, 8 de Junho de 2010.
Excelentíssimo Senhor Senador Demóstenes Torres,
Como apoiadores da campanha “A informação é um direito seu!”, agradecemos sua atenção ao PLC nº 41 de 2010, resultado de uma série de audiências públicas na Câmara dos Deputados e fruto dos anseios por transparência e participação da sociedade civil. Hoje mais de 80 países possuem leis de acesso à informação pública, e o Brasil é um dos poucos países democráticos que não conta com uma legislação deste tipo.
Considerando que o acesso à informação pública é um direito humano fundamental garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, assim como por diversos tratados internacionais, e reconhecido pelo Brasil no artigo 5º da Constituição Federal de 1988, a regulamentação do direito de acesso à informação no país se faz urgente.
No entanto, o projeto está há mais de um mês na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania sem ser votado, mesmo com seu parecer favorável. Uma votação extrapauta da matéria na reunião de 9 de junho de 2010 da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, portanto, daria um sinal de que o país reafirma seu compromisso com a democracia e os direitos humanos.
Tendo em vista a relevância do direito de acesso para nosso país, contamos com o empenho do Senhor Senador e dos membros da CCJ na apreciação do projeto com a devida atenção e presteza, levando em consideração as contribuições feitas pela sociedade civil durante as audiências públicas promovidas pela Comissão Especial na Câmara dos Deputados que analisou o tema.
Certos de que esse importante direito dos cidadãos e cidadãs brasileiros será em breve fortalecido, aproveitamos a oportunidade para renovar nossos votos da mais alta estima e consideração.
ASSINATURA
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