quinta-feira, 17 de junho de 2010

A propaganda de Serra de hoje


Uma propaganda que apresenta bem o candidato. Esta é minha opinião a respeito da propaganda política do PSDB de hoje. Os dois pontos altos foram: o senhor Maneco e a trilha sonora. A música começa emocional e vai crescendo. Achei perfeita. Os pontos fracos foram a pulverização de temas. Esta parece uma constante nas propagandas do bloco serrista: não concentra numa tecla, num tema. Imaginei que concentraria na saúde, mas depois abre o leque para educação e fala de segurança. Enfim, pulveriza muito a imagem e a idéia-força. Também não sei se agrada seu eleitorado citar que foi perseguido pela ditadura militar.
Mas é o tom emotivo e afetivo que quebra a imagem muito paulista (este, inclusive, é outro grave problema: reforça que ele é paulista) e dura. Falar, logo de início, da neta e do pai e mais adiante emendar com o senhor Maneco (o ponto alto, realmente) foi muito acertado. Mas é preciso fazer uma ligação mais constante deste clima emocional.
De qualquer maneira, foi um bom começo.
Fiquei apenas com a dúvida se não ficou excessivamente seguro, como o primeiro jogo da Copa do Mundo. Não errou, mas poderia, talvez, marcar mais, ser um pouco mais ousado.

8 comentários:

JUNINHO disse...

Rudá, na sua opinião foi propaganda antecipada?

Rudá Ricci disse...

Juninho,
Ele já é o candidato oficial. Já ocorreu a convenção. A propaganda antecipada foi do DEM e o PT já entrou com recurso.

Julio disse...

Meu caro Rudá, ontem ao ler sua crítica ao programa fiquei pensando e quase escrevi discordando de você em alguns pontos. Mas hoje, ao ver essa análise do Hayle Gadelha em seu blog resolvi comentar para saber sua opinião. Acho que vc foi muito generoso com o Serra. O programa dele foi como esse atípico outono brasileiro: FRIO DEMAIS !
Eis a crítica do Hayle
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Faltou muita coisa no programa tucano


A iluminação, fotografia, trilha, tudo muito bom. O Serra foi bem dirigido. A escolha de saúde e educação foi óbvia, mas bem feita. Falar do seguro-desemprego, em época de redução do desemprego, não foi muito bom, e falar de segurança, menos ainda, porque, afinal, o Governo Serra em São Paulo foi bem fraco nessa área. O slogan de pré-campanha “pode mais” não é lá essas coisas, mas quebra o galho. Esconder o Fernando Henrique foi uma das virtudes do programa – mas todos sabem que isso vai ser mais difícil durante a campanha propriamente dita.
Faltaram duas coisas (que estão muito ligadas entre si): mais emoção e Lula. Sem isso, por melhor que tente ser, o programa despenca. Não é Fernando Henrique nem Serra que o povo quer. O que o povo brasileiro quer é manter as conquistas sociais e econômicas e, acima de tudo, a autoestima que o Governo Lula garantiu e não apareceu no programa.
Em outras palavras, faltou tudo.

Rudá Ricci disse...

Julio,
O problema é que Serra é frio por natureza. Professoral. Mas foi emocionante o caso do senhor Maneco. E acho que ele citar a neta, ainda que de relance, também foi uma boa sacada. Finalmente, a trilha sonora. O conteúdo ainda é uma complicação e não tem foco.
Acho que Dilma e Serra são candidatos difíceis para marketeiros. São áridos, duros, técnicos, professorais. Estou muito atento para analisar as maquiagens dos marqueteiros. E, de fato, achei uma propaganda interessante, bem feita. Agora, não esperemos do PSDB um carnaval regado à vuvuzela.

Vera Pereira disse...

Concordo com sua observação de que o programa do PSDB não teve foco, isto é, pelo que entendi uma ideia central que organize os vários temas. Não me parece, no entanto, que isso se deva a um erro do marqueteiro, mas a uma característica do candidato, ao qual falta uma mensagem bem definida, um projeto claro e distintamente oposicionista do país que se propõe a realizar. Até hoje não entendi o que pretende fazer positivamente o candidato Serra, a não ser por suas críticas pontuais e não articuladas ao governo Lula. Não creio que o marqueteiro possa suprir o candidato da orientação básica e geral que ele mesmo não define.

Rudá Ricci disse...

Vera,
Na minha opinião, você tem razão parcial. Explico: Serra tem perfil nítido. Não se esqueça que ele foi expoente da corrente estruturalista dos economistas, no período final do regime militar. Em termos de projeto clássico, ele está mais à esquerda que Lula. Daí defender o fim da parca autonomia do Banco Central. Lula, pelo perfil que tem, é mais negociador e transigente às pressões do mercado. Pode parecer algo estranho, mas analise a prática e não o discurso.
Mas Serra não acha um ponto que seja didático. Ele é professoral. Daí a dificuldade de definir uma idéia-força. Se ele disser com todas as letras o que pretende, assusta os financiadores de campanha, todos empresários paulistas.

Vera Pereira disse...

"termos de projeto clássico, ele está mais à esquerda que Lula. Daí defender o fim da parca autonomia do Banco Central." E outras considerações de sua resposta, tal como "analisar a prática e não o discurso". Prezado colega, informo-lhe que não sou desinformada, muito menos uma analfabeta política.

Rudá Ricci disse...

Vera,
Sinceramente (mesmo) não entendi sua última mensagem. Em nenhum momento eu dei a entender que você é analfabeta política. Apenas não concordei inteiramente com sua análise. Serra não é um candidato de direita, apesar das alianças eleitorais. Não entendi. Sinceramente.