quarta-feira, 3 de março de 2010

Editorial do Estado de Minas, para os jornalistas paulistas que ainda insistem no improvável


EDITORIAL
Minas a reboque, não!
Indignação. É com esse sentimento que os mineiros repelem a arrogância de lideranças políticas que, temerosas do fracasso a que foram levados por seus próprios erros de avaliação, pretendem dispor do sucesso e do reconhecimento nacional construído pelo governador Aécio Neves. Pior. Fazem parecer obrigação do líder mineiro, a quem há pouco negaram espaço e voz, cumprir papel secundário, apenas para injetar ânimo e simpatia à chapa que insistem ser liderada pelo governador de São Paulo, José Serra, competente e líder das pesquisas de intenção de votos até então. Atarantados com o crescimento da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, percebem agora os comandantes do PSDB, maior partido de oposição, pelo menos dois erros que a experiência dos mineiros pretendeu evitar. Deveriam ter mantido acesa, embora educada e democrática, a disputa interna, como proposto por Aécio. Já que essa estratégia foi rejeitada, que pelo menos colocassem na rua a candidatura de Serra e dessem a ela capacidade de aglutinar outras forças políticas, como fez o Palácio do Planalto com a sua escolhida, muito antes de o PT confirmar a opção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na política, a hesitação cobra caro, mais ainda numa disputa que promete ser das mais difíceis. Não há como negar que a postura vacilante do próprio candidato, até hoje não lançado, de atrair aliados tem adubado a ascensão da pouco conhecida candidata oficial. O que é inaceitável é que o comando tucano e outras lideranças da oposição queiram pagar esse preço com o sacrifício da trajetória de Aécio Neves. Assim como não será justo tributar-lhe culpa em caso de derrota de uma chapa em que terá sido apenas vice, também incomoda os mineiros uma pergunta à arrogância: se o mais bem avaliado entre os governadores da última safra de gestores públicos é capaz de vitaminar uma chapa insossa e em queda livre, por que Aécio não é o candidato a presidente? Perplexos ante mais essa demonstração de arrogância, que esconde amadorismo e inabilidade, os mineiros estão, porém, seguros de que o governador “político de alta linhagem de Minas” vai rejeitar papel subalterno que lhe oferecem. Ele sabe que, a reboque das composições que a mantiveram fora do poder central nos últimos 16 anos, Minas desta vez precisa dizer não.

2 comentários:

Unknown disse...

Sou mineiro de Governador Valadares, Fundador do Psdb desde a dissidência do Pmdb que lançou Itamar candidato pelo então PL, trabalhei na campanha de Mario Covas em 1989. Discordo totalmete da leitura do Estado de Minas, Aécio não é candidatpo pelo motivo de ter votos só em minas, em todas as pesquisas. Serra é o candidato dop Psdb, Aécio sendo o vice aglutinaria os votos de minas (que ele mesmo deixou o Lula levar em 2002/2006) e ainda passaria a ser uma liderança nacional. Ele só não vê isso por não conseguir ver nada além do próprio espelho. E na minha opinião, se ele não aceitar ser o vice deveria ser expulso do partido.

Rudá Ricci disse...

Renato,
Na política há duas motivações básicas: a do partido e a do indivíduo. Não podemos dissociar uma da outra neste caso. Aécio pensou em si e na disputa interna para dirigir o PSDB. Serra fez o mesmo com Alckmin. Não se lembra que ele seria o candidato tucano contra Lula (quando da sucessão)? E nem se cogitou expulsar Serra do PSDB. O fato é que a desistência de Aécio praticamente colocou a vitória no colo de Dilma. A decisão pessoal de Aécio dá cores dramática à sucessão presidencial. Mas a culpa é toda de Serra. Aécio apenas jogou politicamente ou seria refém deste racionalismo exagerado de Serra. Agora é ele quem comanda o futuro do PSDB. O que deixa os tucanos paulistas numa saia justa sem igual.
Meu conselho: não seja tão ferrenhamente preso ao partido. Lembre-se que é um agrupamento de pessoas e, no caso do PSDB, de líderes. É importante que tenha algum distanciamento ou acaba sendo um inocente útil.